DIREITOS HUMANOS Adolescentes negros têm mais chance de serem abordados pela polícia Publicada em 19/07/2023 às 14:08 Crianças e adolescentes negros têm duas vezes mais chances de serem abordados pela polícia do que os brancos. A conclusão é de uma pesquisa do Núcleo de Estudos de Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP). O estudo foi feito na cidade de São Paulo entre os anos de 2016 a 2019 com 800 crianças e adolescentes de 120 escolas públicas e privadas. Um extenso questionário perguntando o contato das crianças e adolescentes com as polícias foi aplicado nesse período. Considerando os anos pesquisados, 21,5% das crianças pretas disseram já terem sido revistadas por policiais, enquanto entre os brancos o percentual foi de 8,33%; e 9,74% entre os pardos. A discrepância entre a abordagem de crianças pretas e brancas também aparece quando se trata da condução para delegacia ou de agressões policiais. Para o pesquisador do NEV Renan Theodoro, o fato de crianças e adolescentes observarem desde cedo a abordagem violenta da Polícia Militar (PM) com viés racista pode deslegitimar a atuação de PMs perante a sociedade. “Quando eles percebem que a polícia é violenta no seu bairro, mesmo que seja para, supostamente, combater o crime, isso não melhora a legitimidade da polícia, pelo contrário”, aponta. Ele acrescenta que, ao abordar alguém, a polícia passa uma mensagem para aquele cidadão. “Quando ela aborda mais pretos do que brancos, a mensagem que ela está passando é que os pretos não são membros legítimos da sociedade, como os demais. É preciso ter muito cuidado com isso. É preciso ter muito cuidado para que a polícia seja o espelho do Estado Democrático”, analisa. Ainda de acordo com Renan, a questão do viés racista das polícias deve ser discutida e abordada nos cursos de formação dos agentes, e não invisibilizada ou negada pelas instituições militares. “Na formação das polícias, nas escolas, não se fala sobre discriminação racial a fundo ou, quando se fala a respeito, nega-se que isso existe: ‘Isso não existe, não é um problema, nós já resolvemos’”, critica. Para o pesquisador, dados do NEV e de outras instituições têm demonstrado que o curso de formação das polícias é insuficiente para enfrentar esse problema. “Se há cursos de formação para as polícias, eles não estão funcionando. É preciso levar a sério e é preciso compreender isso como um problema institucional, não é problema individual de cada policial que está na rua.” De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, nenhuma pessoa menor de idade pode ser revistada pela polícia sem a presença do responsável ou de um conselheiro tutelar. E, mesmo que ela seja flagrada cometendo um ato infracional, deve ser encaminhada ao Conselho Tutelar, que fará a aplicação de medida protetiva. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que a abordagem policial segue os parâmetros técnicos definidos por lei e que, ao longo dos anos, a PM tem buscado evoluir e se aprimorar de forma contínua. A resposta diz ainda que, nas escolas de formação da PM, os agentes estudam ações antirracistas e que a PM tem participação acadêmica no grupo de trabalho Movimento Antirracista- Segurança do Futuro, coordenado pela Universidade Zumbi dos Palmares. A íntegra da pesquisa pode ser encontrada no site do NEV. Fonte: Agência Brasil Leia Também Adolescentes negros têm mais chance de serem abordados pela polícia Sebrae Rondônia promoverá Maratona de Inovação no Orgulho do Madeira Programa de apoio ao abandono do tabagismo é desenvolvido em Porto Velho Prefeitura de Porto Velho firma contrato para reforma e ampliação das USF Três Marias e Manoel Amorim de Matos TCE e Undime debatem programa que visa capacitar gestores escolares de Rondônia Twitter Facebook instagram pinterest