Gabinete da ONU registra quase 600 incidentes com colonos israelitas na Cisjordânia em 6 meses

O Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) indicou ter contabilizado, entre janeiro e junho, 591 "incidentes" envolvendo colonos israelitas que fizeram feridos palestinianos e/ou causaram danos materiais à sua propriedade.

"Há, em média, 99 incidentes por mês e um aumento de 39% em comparação com a média mensal de todo o ano de 2022, que foi de 71%", declarou o porta-voz do OCHA, Jens Laerke, à imprensa em Genebra.

E isso, quando "o número de incidentes em 2022 era já o mais elevado desde que começámos a registá-los, em 2006", acrescentou.

Fora da Jerusalém Oriental ocupada e anexada, perto de três milhões de palestinianos vivem na Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967. Cerca de 490.000 israelitas ali residem também, em colonatos considerados pela ONU ilegais à luz do direito internacional.

Desde o início do ano, a Cisjordânia tem sido palco de ataques de palestinianos a alvos israelitas, bem como de atos de violência cometidos por colonos israelitas contra palestinianos.

Laerke sublinhou que os beduínos palestinianos e outras comunidades de pastores são particularmente vulneráveis.

Em 2022 e 2023, o OCHA registou o deslocamento de pelo menos 399 pessoas de sete comunidades de pastores, devido a atos de violência cometidos por colonos israelitas, referiu.

"As razões mais frequentemente apresentadas para a partida são as ações dos colonos, incluindo violência e a expansão dos colonatos, que resulta na perda de terrenos de pasto para os pastores", indicou Laerke.

A ameaça de destruição do seu 'habitat' e de outras propriedades pelas autoridades israelitas foi igualmente invocada, acrescentou.

O OCHA iniciou uma avaliação urgente das necessidades humanitárias de 60 comunidades de pastores diretamente afetadas por esta situação, disse ainda Laerke.

Os colonatos israelitas "agravam as necessidades humanitárias devido ao seu impacto sobre os meios de subsistência, a segurança alimentar e o acesso aos serviços essenciais", vincou.