AQUECIMENTO GLOBAL Alterações climáticas agravam crise alimentar e conflitos no continente africano Publicada em 06/09/2023 às 11:23 A região, que emite apenas 10% dos gases com efeito estufa, poderá enfrentar perdas devido às alterações climáticas entre 290.000 a 440.000 milhões de dólares nas próximas décadas, revelou hoje um estudo elaborado pela agência das Nações Unidas. No documento, a OMM adverte que África é o continente onde a produtividade agrícola mais baixou, cerca de 34% desde 1961, devido à mudança do clima, algo preocupante em um continente onde cerca de 55% da população ainda se dedica ao setor primário, escreve a agência EFE. Cada vez mais dependente das importações de alimentos - o que a tornou uma das zonas mais afetadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia no mercado mundial de produtos essenciais -, África poderá triplicar essas compras nos próximos anos, chegando a gastar 110.000 milhões de dólares em 2025, alerta a organização no trabalho agora publicado. A publicação coincide com a realização, esta semana em Nairobi, capital do Quênia, da Cúpula do Clima de África, e conta também com a colaboração da União Africana (UA) e da Comissão Econômica para a África das Nações Unidas (UNECA, na sigla em inglês). Segundo os especialistas, se for alcançado um aumento das temperaturas de quatro graus (o Acordo de Paris insta a não ultrapassar 1,5 graus), África poderá - mesmo com mecanismos de adaptação - sofrer perdas anuais equivalentes a três por cento do Produto Interno Bruto (PIB) continental. Tudo isso poderá aumentar os conflitos por terras produtivas cada vez mais escassas, em alguns países onde os confrontos entre agricultores e fazendeiros, por esta razão, cresceram nos últimos 10 anos, frequentemente misturados com fatores étnicos e religiosos, em zonas como o Sahel ou o Corno de África. O estudo indica que o ritmo de aumento das temperaturas acelera em África, assim como em outras regiões: se foi de 0,2 graus por década no período 1961-1990, em comparação com a era pré-industrial (1850-1900), foi de 0,3 graus entre 1991 e 2022. O continente também assiste a um aumento do nível do mar de 3,4 milímetros por ano, um valor semelhante às restantes regiões do planeta, apesar de a média ser superior nas costas do mar Vermelho (3,7 milímetros) e do oceano Índico (3,6). Cerca de 43% das vítimas das alterações climáticas no ano passado, em África, foram pessoas afetadas pelas inundações e 48% pelas secas que atingiram especialmente a região do Corno de África, onde cinco estações consecutivas de más colheitas causaram fome na Somália, com vagas de 1,2 milhões de deslocados, aos quais há a somar outro meio milhão na vizinha Etiópia. A mudança do clima não só se fez sentir recentemente na pior seca em 40 anos no Corno de África, como também nos graves incêndios que assolaram os países do Magrebe, como a Argélia ou a Tunísia, nas inundações do Sahel (Nigéria, Níger, Chade e Sudão) ou nos efeitos dos ciclones tropicais em Madagáscar. Os especialistas lembram, no relatório, que as nações africanas precisam de 2,8 trilhões de dólares para poderem cumprir as obrigações de redução de emissões para o cumprimento do Acordo de Paris, contando com a ajuda de instituições como o Banco Africano de Desenvolvimento. Fonte: Noticia ao Minuto - Portugal Leia Também Alterações climáticas agravam crise alimentar e conflitos no continente africano Inscrições para Programa de Residências Multiprofissionais em Saúde seguem até dia 13 Levantamento aponta baixo risco para infestação do Aedes aegypti em Porto Velho Recursos do Fundo Amazônia serão destinados à preservação do bioma Toffoli chama provas da Lava Jato de “imprestáveis” e “ilegítimas” Twitter Facebook instagram pinterest