LÍDER DA OPOSIÇÃO Retorno de Alexei Navalny, opositor de Putin, agita cenário político russo Publicada em 27/12/2023 às 09:07 A cerca de dois meses para a eleição presidencial russa, o líder da oposição ao atual presidente Vladimir Putin, Alexei Navalny, ressurgiu após desaparecer por 20 dias. Nessa terça-feira (25/12), em uma publicação no X (antigo Twitter), ele falou, de modo sarcástico, acerca da transferência à colônia prisional “Lobo Polar” (Polar Wolf), no Ártico. Na publicação, Navalny brincou com a atual situação dele. “Eu sou o seu novo Papai Noel”. Apesar do tom jocoso, o adversário de Putin não descreveu que o contexto não está nada favorável. “Eu não digo ‘Ho-ho-ho’, mas digo ‘Oh-oh-oh’ quando olho pela janela, onde posso ver uma noite, depois a noite e depois a noite de novo”, publicou. A região de Yamalo-Nenets, a cerca de 1.900 km a nordeste de Moscou, é conhecida por ter invernos longos e intensos. Também é lembrada por ser local para o governo enviava condenados aos Gulags — campos de trabalho forçado nos quais ficavam opositores do regime soviético — e cujas minas de carvão eram classificadas como algumas das mais duras de todo o sistema de Gulags soviéticos. O prisioneiro contou ter sido transferido no último sábado (23/12), numa viagem que durou 20 dias, e que não esperava que o mundo tivesse notícias dele tão cedo. “Fui transportado com tanta precaução e por uma rota tão estranha (cidades de Vladimir, Moscou, Chelyabinsk, Ekaterinburg, Kirov, Vorkuta e Kharp) que não esperava que alguém me encontrasse aqui antes de meados de janeiro”, escreveu. Por fim, o ativista brincou mais uma vez com os seguidores dele numa última mensagem de Natal. “Como sou o Papai Noel, você provavelmente está se perguntando sobre os presentes. Mas eu sou um Papai Noel de regime especial, então só quem se comportou muito mal ganha presentes”, zombou. Mas o que ele fez mesmo? Em agosto deste ano, a Justiça russa condenou Navalny a 19 anos de prisão por extremismo. Segundo a acusação ele teria criado uma comunidade extremista, financiado atividades de mesmo cunho. O opositor de Putin já cumpre penas por outros delitos, as quais totalizam quase 11 anos. No entanto, ele afirma que as imputações são forjadas. O julgamento terminou em junho deste ano, mas a sentença só saiu dois meses depois. A audiência que determinou a pena ocorreu a portas fechadas na colônia penal IK-6 em Melekhovo a aproximadamente cerca de 250km a leste de Moscou, onde o ativista estava detido anteriormente. Durante a sessão, o ativista repudiou a condenação, a qual classificou como uma prisão perpétua. Ele também enviou mensagem a outros opositores e os incentivou a ir contra o governo. “Você está sendo forçado a entregar sua Rússia sem lutar a uma gangue de traidores, ladrões e canalhas que tomaram o poder. Putin não deveria atingir o seu objetivo. Não perca a vontade de resistir”, declarou. Além de Navalny, o diretor de tecnologia do canal dele no Youtube, Daniel Kholodny, recebeu uma condenação de 8 anos por extremismo. Ele compartilhou uma carta no Telegram, na qual repudiou a pena que sofreu. “É importante compreender: condenaram-me não por ser extremista, porque qualquer tolo pode perceber que não houve extremismo, mas para que você fique horrorizado com o meu destino e não pensasse em lutar”, disse. À época, a União Europeia demonstrou preocupação com o veredito russo, principalmente por “relatos de repetidos maus-tratos, medidas disciplinares injustificadas e ilegais e assédio equivalente a tortura física e psicológica por parte das autoridades prisionais”. Em agosto de 2020, Navalny havia sido transferido à Alemanha, após ter sido envenenado com produto chamado Novichok — veneno desenvolvido na União Soviética nos anos 1970 e 1980 que provoca o colapso de funções corporais, convulsões e parada respiratória. Uma investigação realizada pelo portal de jornalismo investigativo Bellingcat, em parceria com a CNN, apontou ligação do Serviço de Segurança Russo (FSB) no envenenamento. A apuração constatou que uma equipe de elite do serviço acompanhou Navalny em viagens pela Sibéria. Entre os integrantes do grupo, estavam especialistas em armas químicas. Limpeza pré-eleitoral Navalny soma-se aos figuras caladas pelo governo russo no período pré-eleitoral. A principal tese de alguns analistas internacionais é a de que a perseguição a rivais mais ferrenhos seja parte de um plano que visa não só limpar o caminho para a eleição de 2024, mas escudar o argumento de campanha de um presidente idoso, o qual, caso ganhe, ficará no poder até 2030. Vladimir Milov, ex-vice-ministro da Energia da Rússia e conselheiro de Navalny, em entrevista à CNN, afirmou que os recentes eventos não são coincidência. “Putin realmente quer mostrar que vai entrar no Kremlin em outro mandato por meio da intimidação, da repressão, da pressão sobre a sociedade”, pontuou. Ao afastamento soma-se o de Yekaterina Duntsova, ex-jornalista e ativista política que teve a candidatura barrada pela Comissão Eleitoral Central da Rússia, devido a “erros em documentos”. Entre as principais pautas da candidata estavam a busca pelo fim da Guerra Russo-Ucraniana e a libertação de presos políticos. Enquanto o mundo aguarda atentamente os desenvolvimentos da política russa no próximo ano, Navalny e a oposição enfrentam os desafios impostos por um sistema político marcado por incertezas e controvérsias. A eleição será realizada durante três dias, de 15 a 17 de março, quando cerca de 110 milhões de cidadãos aptos a votar vão às urnas. O vencedor será anunciado no mesmo mês. Embora grande parte do Ocidente classifique Putin como um ditador e criminoso de guerra, entre a população ele ainda tem aprovação de 80%. Fonte: Metrópoles Leia Também Retorno de Alexei Navalny, opositor de Putin, agita cenário político russo Massacre na véspera de Natal deixa 140 mortos na Nigéria; Presidente condenou o ataque Prefeito pode ser multado em até R$ 30 mil se descumprir determinação de suspensão de pregão eletrônico Sindicato dos Auditores Fiscais de Tributos de Rondônia entrega cestas básicas em campanha solidária Carga tributária não justificará aumento do diesel, diz Haddad Twitter Facebook instagram pinterest