DECRETO MUNICIPAL

Paineira: árvore rosa é reconhecida como patrimônio histórico ambiental de Ariquemes

Conhecida pelas grandes dimensões — que podem chegar a 30 metros de altura — e por flores que encantam a paisagem onde ela é inserida, uma paineira se tornou patrimônio histórico ambiental da cidade de Ariquemes (RO) a partir de um decreto municipal.

O documento proíbe o corte, retirada, derrubada ou remoção a fim de preservar a planta e o terreno onde ela fincou suas raízes. A árvore fica localizado na Avenida Capitão Silvio (veja imagens aéreas acima).

Mas onde surgiu essa planta tão peculiar para a região amazônica? E qual a importância de árvores em ambientes urbanos?

O g1 Conversou com o Pesquisador, Botânico e Professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Narcísio Bigio, que explicou sobre a origem da planta e como árvores de outras regiões do país vieram parar na região do bioma amazônico.

De acordo com o Narcísio, a espécie da planta já foi identificada na região da Bolívia, Mato Grosso e recentemente em Rondônia, formando assim uma linha nessa região batizada como "Ceiba Camba".

O botânico explica que a espécie se adapta muito bem com vegetação de florestas tropicais úmidas. Ela tem uma característica peculiar: quando acaba o período de chuva e o solo fica mais seco, elas perdem as folhas e começam a florescer, liberando finalmente os seus frutos.

A floração da Paineira acontece uma vez ao ano, entre março e junho, início do período de seca em Rondônia. Além das flores, a planta produz matérias-primas, como a paina, uma espécie de algodão que envolve as sementes e pode ser utilizado para isolamento acústico e como enchimento, travesseiros, almofadas, cobertores e colchões.

Espécies como a da Paineira não são comuns na região Norte, mas sim no Sul e Sudeste do Brasil. O professor diz que espécies como essas foram trazidas e preservadas por colonos de estados sulistas e, por lembrar muito da terra natal, elas foram mantidas e preservadas.

“O estado, principalmente a região fora de Porto Velho foi muito colonizado por paranaenses, catarinenses, gaúchos; as pessoas que vieram começaram a cuidar dessa espécie, por lembrar também das suas regiões de origem, que influenciou também para que ela fosse preservada em Ariquemes”, explica.

Mais árvore, menos calor

A presença de árvores faz diferença e é responsável pela melhora da qualidade do ar e também realiza a regulação térmica do ambiente.

Segundo César Guimarães, analista ambiental e doutor em Biologia Experimental, essa percepção de mudanças de temperaturas nas zonas urbanas são chamadas de "Ilhas de Calor". Esse fenômeno acontece pela falta de árvores.

A grande concentração de asfalto e concreto, acumula mais calor e faz com que a temperatura fique acima da média. A umidade relativa do ar também fica baixa nestas áreas (veja abaixo).

O analista ressalta que a presença de árvores na zona urbana pode melhorar o conforto térmico por conta da cobertura das folhas. Ele diz que uma árvore de cerca de 20 metros quadrados de copa, consegue bombear cerca de mil litros de água para a atmosfera, gerando chuva e produzindo mais oxigênio.

De acordo com o Dr. César Guimarães, uma árvore pode produzir em média 17 quilos de oxigênio por ano, o suficiente para 10 pessoas por dia.

Preservar para respirar

Para Narciso, além de ajudar na temperatura e na produção de oxigênio, as árvores têm outra grande importância. A preservação e a presença da fauna urbana.

Cidades mais arborizados sempre são beneficiadas com a aparição de aves, pequenos primatas e mamíferos nestas vegetações.

A falta de árvores, não somente na área urbana, mas em todo mundo é prejudicial para os seres vivos. Com a falta destas plantas, a qualidade de vida é reduzida e pode colaborar com o aumento de poluentes como: dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e chuvas ácidas.

A preservação e tombamento de árvores, como a Paineira de Ariquemes é importante para manter os ambientes mais frescos e representa um título de consciência ambiental para a população.

“Traz uma visão de educação ambiental, acho que essas plantas vão poder estar melhor preservadas no ambiente urbano, onde carece de muitas árvores que não estão plantadas” finaliza o pesquisador.