INFLUENTE Criticada por Lula pela falta de mulheres, ONU pode escolher 1ª chefe em 2026 Publicada em 25/09/2024 às 09:24 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, durante seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, a falta de equilíbrio de gênero nos principais cargos da ONU e destacou que a entidade nunca foi chefiada por uma mulher. Fundada em 1945, a ONU teve até o momento nove secretários-gerais, todos homens. A expectativa entre diplomatas que acompanham os trabalhos da entidade é que a situação mude em 2026, quando será escolhido o sucessor do português António Guterres. Existe uma regra informal de rotação das regiões de origem dos secretários-gerais. Na próxima seleção, em tese, o posto deve ficar com um nome da América Latina e do Caribe. Há pelo menos seis mulheres vistas como potenciais candidatas para a entidade, disseram à reportagem diplomatas que acompanham a ONU. O processo de escolha é complexo. O eleito é sacramentado pela Assembleia-Geral, onde 193 países têm voto, mas antes precisa passar pelo crivo do Conselho de Segurança -bem mais restrito, com 15 participantes, sendo cinco com assento permanente e poder de veto. Na prática, isso significa que o secretário-geral precisa ser um nome aceito pelas cinco potências do conselho: Estados Unidos, China, França, Reino Unido e Rússia. Com o mundo dividido pela disputa geopolítica entre americanos e chineses e pela Guerra da Ucrânia, a tarefa é ainda mais difícil em relação ao processo que culminou com a reeleição de Guterres, em 2021. A exigência de aval do Conselho de Segurança pode ser uma barreira para o nome preferido de Lula para a disputa, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet. Em 2022, nos instantes finais de seu mandato como Alta Comissária para Direitos Humanos da ONU, Bachelet divulgou um relatório que afirmou que a China cometeu graves violações de direitos humanos contra os uigures, minoria muçulmana que ocupa a região de Xinjiang. O regime chinês fez intensa pressão para que o documento não fosse publicado. Uma vez divulgado, atacou as conclusões apontadas por Bachelet. Diante disso, diplomatas ouvidos pela reportagem opinam que seria alto o risco de a China vetar o nome da chilena. Ademais, a confirmação da candidatura de Bachelet dependeria ainda da política interna de seu país. Ela é cotada para tentar novamente a Presidência do Chile em 2025, cargo que já ocupou em duas ocasiões. Outro nome frequentemente lembrado é o de Mia Mottley, atual primeira-ministra de Barbados e considerada por alguns a favorita. Ela esteve com Lula em duas ocasiões nos últimos dias, durante a passagem do petista por Nova York para a Assembleia-Geral da ONU. Participou com o brasileiro de um almoço organizado pelo premiê alemão, Olaf Scholz, na segunda (23) e esteve presente no evento que o petista e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, encabeçaram sobre defesa da democracia e combate aos extremismos. Mottley tem boas relações com o Brasil, mas a necessidade de evitar qualquer veto no Conselho de Segurança também pode tirá-la do páreo. De acordo com pessoas que acompanham o tema, ela é vista por China e Rússia como uma candidata apoiada por EUA e Reino Unido, o que pode provocar resistência. Na prática, as fraturas na geopolítica atual podem fazer com que o futuro secretário-geral venha de outra região do globo, ou mesmo não seja uma mulher. Isso pode ocorrer caso nenhuma candidata latino-americana consiga articular o apoio necessário entre as cinco potências, por exemplo. Foi o que ocorreu em 2016, quando o posto caberia a um representante do Leste Europeu. Nenhum dos postulantes dessa região passou pelo crivo do Conselho de Segurança, e Guterres venceu a corrida sem nenhum veto. Lula criticou a falta de equidade de gênero na ONU, mas mulheres são minoria nos seus ministérios: nove de 38. Além do mais, ele indicou dois homens nas vagas abertas em seu mandato para o Supremo Tribunal Federal, apesar de pedidos para não reduzir a participação feminina na corte. LISTA DE SECRETÁRIOS-GERAIS DA ONU - António Guterres - Portugal (2016-atual) - Ban Ki-moon - Coreia (2007-16) - Kofi Annan - Gana (1997-2006) - Boutros Boutros-Ghali - Egito (1992-96) - Javier Pérez de Cuéllar - Perú (1982-91) - Kurt Waldheim - Áustria (1972-81) - U Thant - Burma, atual Mianmar (1961-71) - Dag Hammarskjöld - (Suécia 1953-61) - Trygve Lie - Noruega (1946-52) Fonte: G1 Leia Também Criticada por Lula pela falta de mulheres, ONU pode escolher 1ª chefe em 2026 TSE aprova uso da força federal nas eleições em cidades de 12 estados Prêmio Herzog de Jornalismo: Agência Brasil e TV Brasil são finalistas Cidades bilionárias: 92 municípios têm receita acima de R$ 1 bi Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 7 Twitter Facebook instagram pinterest