"ALVOS CIVIS" Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão para Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra Publicada em 21/11/2024 às 09:42 O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu nesta quinta-feira (21) um mandado de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu por crimes de guerra. O TPI também expediu mandados para Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel diz já ter matado, e para o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant, demitido há duas semanas por Netanyahu. O TPI disse ter evidências suficientes de que todos condenados cometeram crimes de guerra por deliberadamente atacarem alvos civis, de um lado e de outro. As condenações também incluem os crimes de "indução à fome como método de guerra", pelo lado de Israel, e "exterminação de povo", pelo lado do Hamas. Os mandados de prisão foram emitdos para todos os 124 países signatários do TPI — inclusive o Brasil — e significa que os governos desses países se compromentem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais. O governo israelense chegou a apresentar recurso ao TPI questionando a jurisdição do tribunal para julgar o caso. Nesta quinta, os juízes também rejeitaram o recurso por unanimidade e também emitiram os mandados a Netanyahu e Gallant por crimes de guerra e contra a humanidade. "O tribunal encontrou motivos razoáveis para acreditar que o senhor Netanyahu e o senhor Gallant têm responsabilidade criminal pelos crimes de guerra de fome como método de guerra; e os crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos", diz a sentença. Gallant foi demitido por Netanyahu no início de novembro. Os dois já vinham discordando em diversos pontos da Defesa do país. A senteça acatou um pedido da Procuradoria do tribunal feito em maio, o primeiro trâmite da Justiça internacional contra Netanyahu. Originalmente, a Procuradoria do TPI havia pedido prisão para três ex-líderes do Hamas, mas, após o pedido, eles foram mortos em ataques de Israel (leia mais abaixo). Dos três, o Hamas ainda não confirmou a morte de Mohammed Deif e, por isso, o TPI diz ter optado por expedir uma ordem de prisão para ele também. "O Tribunal encontrou motivos razoáveis para acreditar que o senhor Deif (...) é responsável pelos crimes contra a humanidade de assassinato; extermínio; tortura; estupro e outras formas de violência sexual, bem como pelos crimes de guerra de assassinato; tratamento cruel; tortura; tomada de reféns; ultrajes à dignidade pessoal; e estupro e outras formas de violência sexual", diz a sentença. Repercussões O gabinete de Benjamin Netanyahu chamou a sentença de "antissemita". Disse que "rejeita categoricamente" o mandado de prisão e acusou o TPI de "mentiras absurdas". O líder da oposição, Yair Lapid, chamou o mandado de prisão a Netanyahu de "uma recompensa ao terorrismo". O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Benett, também criticou a decisão. Pedido da Procuradoria O pedido original de prisão de Netanyahu, Gallant foi feito em maio deste ano pelo procurador do TPI, Karim Khan, que também pediu a prisão emitida contra o presidente russo, Vladimir Putin. Na ocasião, Khan também pediu a prisão dos então três principais chefes do Hamas. Israel diz já ter matado os três, mas o Hamas só confirmou a morte de dois deles: Yahya Sinwar, o ex-chefe do Hamas na Faixa de Gaza morto em Gaza por Israel; Mohammed Deif, comandante da ala militar e quem arquitetou o ataque de 7 de outubro ao sul de Israel. Segundo o Exército israelense, ele morreu em um ataque em agosto; Ismail Haniyeh, chefe político do grupo e que vivia no Catar, morto por Israel no Irã. Segundo o procurador, do lado do Hamas, os seguintes crimes foram cometidos: Exterminação de povo; Assassinato de civis; Sequestrar e fazer civis reféns; Tortura; Estupro e atos de violência sexual; Tratamento cruel e desumano Já do lado de Israel, Kham disse ter identificado os seguintes crimes: Indução à fome como método de guerra; Sofrimento deliberado na população civil; Assassinato de civis; Ataques deliberados a civis; Exterminação de povo; Perseguição e tratamento desumano. "Agora, mais do que nunca, precisamos demonstrar coletivamente que o direito internacional humanitário, a base fundamental para a conduta humana durante o conflito, se aplica a todos os indivíduos e se aplica igualmente a todas as situações abordadas pelo meu escritório e pelo tribunal", disse Khan. Limitações do TPI As decisões feitas pelo TPI devem ser cumpridas por todos os 124 países signatários do acordo que criou a Corte -- o Brasil é um deles. No entanto, o tribunal não tem uma força policial que cumpra os mandados de prisão, e depende do comprometimento de cada Estado para prender um condenado que entre em seu território. Reações Tanto o governo de Israel quanto o Hamas criticaram a decisão do procurador do TPI. Netanyahu criticou o pedido: “Eu rejeito essa comparação nojenta do procurador em Haia entre a democracia de Israel e os assassinos em massa do Hamas. Que audácia você compara o Hamas, que matou, queimou, fatiou, decapitou, estuprou e sequestrou nossos irmãos e irmãs e os soldados das Forças de Defesa de Israel, que lutam uma guerra justa”. Já o Hamas disse, em comunicado, que o pedido de Khan "iguala a vítima ao carrasco" e disseram querer que a Procuradoria anule a solicitação de prisão para seus líderes. Outro desafio é que Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, não são membros do TPI, assim como a China e a Rússia. Fonte: G1 Leia Também Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão para Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra Fraudes em ambiente digital: Brasil registra uma tentativa a cada 3 segundos no primeiro semestre Marcha do Dia da Consciência Negra reúne centenas de pessoas em SP Sustentabilidade será tema da Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio Investigação apura fraudes de R$ 40 milhões contra Banco do Brasil Twitter Facebook instagram pinterest