EDITORIAL Senador de Rondônia que admitiu fraqueza após ‘‘rasteira’’ de Marcos Rogério agora ataca STF, OAB, MP, Câmaras e ALE Publicada em 07/12/2024 às 10:33 Porto Velho, RO – Jaime Bagattoli, senador pelo PL de Rondônia, tornou-se uma figura emblemática da contradição política no Brasil. Em sua participação no programa Papo de Redação, na Parecis FM, o parlamentar adotou um tom crítico contra praticamente todas as instituições do país. Ministério Público, OAB, Supremo Tribunal Federal (STF) e até as Casas Legislativas foram alvos de suas declarações inflamadas. Ele classificou os gastos públicos como "vergonhosos" e clamou por uma reforma administrativa, mas em nenhum momento incluiu a si mesmo ou os próprios privilégios do Senado Federal na equação. Bagattoli foi enfático ao condenar os custos do poder público: “É vergonhoso o que é gastar o que a gastança que nós temos nas câmaras de vereadores, assembleia legislativa, Câmara Federal e Senado.” A fala, no entanto, foi cuidadosamente genérica. Em nenhum momento o senador mencionou os altos custos associados ao seu próprio mandato, que incluem um salário superior a R$ 33 mil, benefícios como auxílio-moradia e verba de gabinete, além de uma estrutura administrativa que pesa sobre o bolso do contribuinte. É nesse silêncio calculado que reside a incoerência. Ao falar dos outros, Bagattoli cria uma narrativa que parece excluí-lo das mazelas que critica, como se ele fosse um espectador indignado, e não parte do sistema que consome bilhões de reais por ano. O Senado, por exemplo, opera com um orçamento de mais de R$ 6 bilhões anuais, valor que dificilmente encontra paralelo em sua justificativa prática. Contudo, essa é uma discussão que o senador evita aprofundar. Além das críticas aos gastos públicos, Bagattoli apontou o dedo para o Ministério Público e a OAB, acusando-os de omissão em relação aos presos de 8 de janeiro. “Não sei onde está a nossa OAB. O Ministério Público precisa fazer mais”, afirmou. No entanto, essa postura combativa parece se limitar ao discurso. O mesmo senador que ataca múltiplas instituições adotou uma posição submissa quando perdeu a presidência do diretório estadual do PL para Marcos Rogério, numa decisão respaldada pelo presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. À época, Bagattoli admitiu publicamente sua impotência: “Eu não tenho forças para fazer frente a isso.” Enquanto se mostra disposto a desafiar ministros do STF e até mesmo a estrutura política do país, ele não conseguiu resistir ao centralismo autoritário de sua própria legenda. Essa dualidade expõe um padrão de “valentia seletiva”, onde a força do discurso contrasta com a inação prática. Bagattoli também relativizou os atos de vandalismo e destruição ocorridos em 8 de janeiro. Para ele, os presos não são terroristas porque “não tinham armas” e foram vítimas de uma “grande injustiça”. Essa argumentação ignora a gravidade dos ataques, que incluíram depredação das sedes dos Três Poderes e tentativa de subverter o resultado das eleições. O discurso do senador ganha contornos ainda mais problemáticos quando confrontado com episódios recentes de radicalismo político, como o plano frustrado de assassinato do presidente Lula, do vice Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Ao insistir na defesa dos golpistas, Bagattoli reforça um perigoso sinal de complacência com práticas que ameaçam diretamente o estado democrático de direito. Adicionalmente, o senador segue exaltando a figura de Jair Bolsonaro, seu principal aliado político, mesmo diante da inelegibilidade do ex-presidente, que se estende até 2030. Essa situação, que já fragiliza o movimento bolsonarista, pode ainda ser agravada por novos desdobramentos jurídicos, como o indiciamento de Bolsonaro pela Polícia Federal em um plano que envolvia militares com o objetivo de assassinar lideranças do governo. Apesar disso, Bagattoli mantém um discurso alinhado ao bolsonarismo, ignorando os danos à democracia causados por essas ações e os custos políticos de apoiar uma liderança inelegível e envolta em suspeitas graves. Embora critique a “gastança” das instituições, Bagattoli não propôs qualquer ação concreta para cortar privilégios ou rever a estrutura dispendiosa do Senado. Ele não mencionou, por exemplo, a possibilidade de reduzir os custos de seus próprios gabinetes, reavaliar os auxílios pagos aos parlamentares ou mesmo liderar um movimento para enxugar a estrutura da Casa. Em vez disso, o senador prefere direcionar sua indignação para fora, omitindo deliberadamente o peso que ele próprio representa para o contribuinte. Essa postura não é apenas incoerente, mas também estratégica. Ao evitar discutir seus próprios custos, Bagattoli se protege das críticas e alimenta a percepção de que ele está acima do sistema que condena. No entanto, a realidade é clara: a reforma administrativa que ele tanto defende deveria começar pelos privilégios do Legislativo, incluindo o Senado. A posição editorial do Rondônia Dinâmica é inequívoca: atacar as instituições sem assumir a responsabilidade pelos próprios atos é uma prática que fragiliza a democracia. A conduta de Bagattoli, ao criticar Ministério Público, OAB e STF enquanto relativiza atos antidemocráticos e ignora os privilégios do Senado, é o retrato de uma política pautada no discurso vazio. Se o senador deseja, de fato, contribuir para a construção de um Brasil mais justo e eficiente, ele precisa começar pelo próprio exemplo. Reduzir os custos do Senado, abandonar a retórica de vitimização e respeitar as instituições democráticas são passos indispensáveis. O Brasil não pode se dar ao luxo de tolerar lideranças que falam muito e fazem pouco. Bagattoli, como representante eleito, tem a oportunidade de demonstrar verdadeira coragem política. Mas isso exige mais do que palavras. Exige ação. Exige coerência. E, sobretudo, exige respeito ao pacto democrático que sustenta o país. Enquanto isso não acontecer, o discurso inflamado de hoje continuará sendo apenas isso: palavras ao vento. Os 10 melhores momentos da entrevista de Jaime Bagattoli na rádio Parecis FM: Crítica aos gastos públicos "É vergonhoso o que é gastar o que a gastança que nós temos nas câmaras de vereadores, assembleia legislativa, Câmara Federal e Senado." Sobre a reforma administrativa "Os políticos desse país tiveram coragem de fazer uma reforma administrativa, porque sem uma reforma administrativa os custos do poder público é muito vergonhoso." Defesa de Jair Bolsonaro "Eu digo para você, o Bolsonaro vai ser candidato em 2026. É inexplicável você dizer que vai deixar inelegível uma pessoa que fez uma reunião com embaixadores." Críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes "Nós não podemos ficar de joelhos para o Supremo Tribunal Federal, isso é uma covardia. Alexandre de Moraes ataca, julga, e decide, sem primeira nem segunda instância." Defesa dos presos de 8 de janeiro "Essas pessoas não são terroristas. Nunca vi terrorista sem arma. Uma pessoa escreveu ‘perdeu, Mané’ e leva 14 anos de cadeia. Que país é esse?" Sobre a privatização da BR-364 "Nós só temos uma única rodovia nesse estado. Se cair uma ponte, isola três estados. Não poderia ser privatizada." Críticas ao tráfico de drogas e decisão judicial "Vi um ministro dizer que uma arma de traficante é ferramenta de trabalho. É inacreditável que chegamos a esse ponto." Preocupação com o pequeno produtor rural "Nós precisamos ajudar o pequeno produtor. Estão matando essas pessoas, tirando elas de suas propriedades e levando para a ilegalidade." Sobre a falta de candidatos do PL em Porto Velho "Se eu fosse o presidente estadual do partido, o PL teria tido candidato na capital. Mas houve pressão de fora, e deu no que deu." Indignação com a situação da saúde pública "Quando chego no João Paulo II, não tenho coragem de entrar. Aquilo é desumano. Pelo amor de Deus, parem de gastar com festas e coloquem dinheiro na saúde." Fonte: Rondoniadinamica Leia Também Senador de Rondônia que admitiu fraqueza após ‘‘rasteira’’ de Marcos Rogério agora ataca STF, OAB, MP, Câmaras e ALE Governo atende indicação de Jean Oliveira com limpeza mecanizada na Linha P-50 em Alta Floresta Com apoio de Ezequiel Neiva, Escola Roberto Marinho é contemplada com muro de segurança Deputado Cássio Gois parabeniza diplomação dos eleitos em Cacoal e celebra força do PSD MP de Rondônia recomenda improcedência de ações contra mandato do prefeito reeleito de Vilhena Twitter Facebook instagram pinterest