MEIO AMBIENTE Atraso na desova das tartarugas no rio Guaporé causa morte de mais da metade dos filhotes Publicada em 08/01/2025 às 08:43 Ao longo do mês de dezembro aconteceu um dos mais belos eventos do rio Guaporé, em Costa Marques (RO): a soltura dos filhotes de tartarugas. No entanto, a mortalidade superior a 60% dos filhotes, causada pelo atraso na desova, segundo especialistas. “Nunca, nunca ocorreu uma situação dessa. Primeira vez, 25 anos nunca aconteceu isso”, relatou o ambientalista José Soares Neto, fundador da Ecovale, a Organização Não Governamental que monitora os quelônios do rio Guaporé. Contexto: normalmente a desova das tartarugas-da-amazônia ocorre entre agosto e setembro. Neste ano, elas encontraram o cenário ideal apenas em meados de outubro: um atraso de 53 dias. O motivo foi a densa camada de fumaça causada pelas queimadas florestais. No final da desova, cerca de 700 mil filhotes chegaram até o rio. Em comparação com os outros anos, essa é uma quantidade muito inferior, assim como aponta José Soares Neto, mais conhecido como “Zeca Lula”, fundador da Ecovale. Em 2024, 1,4 milhão de filhotes sobreviveram. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o tabuleiro de desova do rio Guaporé é o maior do país. As tartarugas se espalham por quatro praias: Ilha, Alta, Suja e Tartaruguinha. As queimadas em Rondônia causaram o atraso na formação dos ninhos de tartarugas, que tiveram pouco tempo para reproduzir. Com a chegada das chuvas, o rio subiu rapidamente e alguns animais não resistiram aos efeitos climáticos. O cenário de aumento na mortalidade já era temido pelos especialistas do projeto, assim como explica o biólogo Deyvid Muller: primeiros as tartarugas cavam buracos na areia da praia e colocam os ovos, depois disso os ovos são enterrados e chocados. Meses depois, os filhotes eclodem, saem dos ninhos e são “resgatados” pelos voluntários; No entanto, neste ano, a desova atrasou quase dois meses e o rio subiu muito rápido para “buscar” os filhotes, quando grande parte deles ainda não estavam prontos. Segundo o Ibama, a mortalidade está atrelada à mudanças climáticas, como o atraso no início do período de desova e um fenômeno conhecido como repiquete: variações bruscas no nível dos rios. “No caso do Guaporé, praias que tradicionalmente permaneciam secas durante o período de desova foram inundadas, resultando em um aumento expressivo na mortalidade dos filhotes”, diz trecho de nota do Ibama enviada ao g1. Deyvid explica que a fumaça alterou a temperatura e a luminosidade do ambiente, impossibilitando a criação do “cenário ideal” para a desova das tartarugas no período regular. “Nós acreditamos que o principal motivo foram as queimadas e a grande quantidade de fumaça, que afetaram a temperatura, e a falta do sol pela necessidade da temperatura da areia para que chocassem seus ovos”, explica. As tartarugas monitoradas pelo projeto pertencem à espécie Podocnemis expansa, a maior de água doce da América do Sul, que pode atingir um metro de comprimento e pesar até 75 quilos. Segundo a Ecovale, durante o período de monitoramento, os filhotes são mantidos em tanques por até 30 dias para perderem o odor que atrai predadores, aumentando suas chances de sobrevivência após a soltura. Além dos voluntários dos projetos ambientais, a ação é feita em conjunto com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e o Programa Áreas Protegida da Amazônia (ARPA). A ação tem como objetivo garantir a sobrevivência das tartarugas, além de fortalecer a relação da população com o meio ambiente. Fonte: G1 Leia Também Atraso na desova das tartarugas no rio Guaporé causa morte de mais da metade dos filhotes Prefeitura de Alta Floresta do Oeste abre inscrições para edital de Processo Seletivo Prevenção de acidentes com animais peçonhentos durante o inverno amazônico é orientada pelo governo NOTA DE PESAR- Pelo falecimento do Professor Jorge Peixoto do programa Papo de Redação Prorrogadas até 10 de janeiro as inscrições para o Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) Twitter Facebook instagram pinterest