CRISE ECONOMICA Por que o governo do liberal Milei decidiu intervir novamente no câmbio da Argentina Publicada em 04/09/2025 às 11:33 O governo de Javier Milei anunciou, na última terça-feira (2), novas medidas de intervenção no mercado de câmbio argentino. A ação tem como objetivo garantir a oferta de dólares e reduzir a instabilidade do peso, por meio de operações de compra e venda realizadas pelo Tesouro Nacional. A decisão surpreendeu o mercado por vir de um governo de agenda ultraliberal. Em abril, por exemplo, o próprio governo havia comemorado o fim do “cepo” — sistema que restringia a compra de dólares pelos argentinos para tentar controlar o valor do peso. Apesar de ser mais branda, a nova medida preocupa economistas ouvidos pelo g1, que alertam para novos riscos à confiança dos investidores. Muitos haviam retornado ao país atraídos pelas políticas de Milei, mas agora veem o governo recorrer novamente ao Tesouro para tentar conter a queda do peso em meio a uma crise política. A seguir, os principais fatores que motivaram a decisão do presidente argentino e a forma como o mercado reagiu à mudança de estratégia. A agenda ultraliberal de Milei Eleito presidente da Argentina em 2023, Javier Milei assumiu em meio à pior crise econômica do país em décadas, marcada por inflação recorde, aumento da pobreza, dívida externa bilionária e falta de dólares em reserva. Economista de formação e crítico da chamada “casta política”, Milei defende uma versão radical do liberalismo econômico, com forte redução do papel do Estado. Entre as propostas que reforçam essa imagem estão: Defesa da dolarização: chegou a propor a substituição do peso pelo dólar como moeda oficial, extinguindo a política monetária nacional; Fechamento do Banco Central: defende a extinção da instituição, alegando que ela seria responsável pela inflação e pela instabilidade recorrente da moeda; Cortes profundos no Estado: propõe privatizar estatais, reduzir ministérios e enxugar os gastos públicos ao mínimo; Abertura comercial ampla: sugere eliminar tarifas e barreiras regulatórias, permitindo concorrência plena com produtos estrangeiros; Visão radical sobre direitos trabalhistas e subsídios: questiona normas do mercado de trabalho, sindicatos e propõe acabar com subsídios a setores considerados “ineficientes”. Por que o governo Milei voltou a intervir no câmbio? 1. Queda do peso argentino e risco de inflação Embora tenha conseguido reduzir a inflação que ultrapassava 200% ao ano, por meio de um plano severo de cortes nos gastos públicos, o governo Milei ainda não conseguiu gerar plena confiança na economia nem atrair um bom volume de investimentos estrangeiros. O presidente ainda enfrenta dificuldades para acumular reservas em dólar, essenciais para garantir o pagamento das dívidas argentinas e reduzir a vulnerabilidade do peso. Em última instância, essas reservas facilitariam até a prometida transição para a dolarização da economia. Na tentativa de recuperar a confiança dos investidores, Milei tem dado passos calculados. Quando extinguiu o “cepo”, em abril, o câmbio passou a flutuar de forma mais livre. Por um lado, a medida agradou ao mercado por seu viés liberal. Por outro, enfraqueceu ainda mais o peso, já que a demanda por dólares é maior. Em outras palavras: enquanto os argentinos buscam proteger suas economias comprando dólares, o governo tenta evitar que a desvalorização do peso volte a pressionar os preços. Apesar de algum sucesso inicial, as reservas voltaram a cair em 2025, e chegaram a cerca de US$ 7 bilhões negativos após o fim do “cepo”. Começa um círculo vicioso: com pouco dinheiro em caixa, o governo tem menor capacidade de intervir, e o peso tende a se desvalorizar ainda mais. Fonte: Micaela Santos/G1 Leia Também Por que o governo do liberal Milei decidiu intervir novamente no câmbio da Argentina Número de mortos em terremoto no Afeganistão sobe para mais de 2,2 mil Guerra Rússia X Ucrânia: 26 países prometeram enviar tropas como garantia de segurança, diz Macron após reunião Prefeitura inaugura espaço exclusivo para atendimento aos servidores municipais de Porto Velho Governo de Rondônia contrata agentes temporários para reforçar combate a incêndios florestais na estiagem de 2025 Twitter Facebook instagram pinterest