Crise do áudio vazado – Confúcio mantém silêncio enquanto Daniel Pereira expõe sua versão em entrevistas e comentários

POR QUE PEDIRIAM A CABEÇA DE UMA SECRETÁRIA QUE ECONOMIZOU 20 MILHÕES EM UM ANO?

Valéria Jovânia da Silva é uma secretária muito especial  no governo do prefeito Hildon Chaves, mas é quase uma figura desconhecida, dessas que raramente aparecem em público. E pouco tempo de atuação na Prefeitura, contudo, o trabalho dela já pagou centenas de vezes o salário que recebe. Valéria conseguiu enfiar o dedo em excrescências que havia na administração municipal, fazendo com que, no final das contas, em pouco mais de um ano, suas ações tenham representado, em números redondos, algo em torno de 20 milhões de reais em economia para os cofres do município.

Isso mesmo!

Obviamente, ao assumir o comando da nova Secretaria de Gestão dos Gastos Públicos, acabando com faturamentos festivos, aluguéis absurdos, superfaturamentos em concorrências e serviços, além de impor um duro controle de gastos, Valéria se tornou o principal alvo de alguns entre os que tiveram seus interesses contrariados e seus bolsos esvaziados. Como o trabalho da profissional é irretocável, a pressão passou a ser feita sobre o  Prefeito, inclusive pelas redes sociais. O esforço é para defenestrar Valéria  e tudo voltar ao que era. A coisa ficou tão séria que determinados grupos, não se sabe ainda exatamente a serviço de quem, começaram a articular um movimento na Câmara de Vereadores, para cassar o mandato de Chaves.

Pura balela!

Graduada em Direito e Contabilidade, especialista em Direito, em gestão e planejamento estratégico, entre outras credenciais, Valéria deve estar assustada. Não poderia imaginar que, ao ajudar sua cidade e a Prefeitura a economizar tanto dinheiro em tão ponto tempo, que era jogado fora (aliás, fora não, mas eram direcionados a alguns bolsos), ao invés de ser ovacionada, ela fosse se tornar alvo de tanta fúria. Terá que ter o aval forte não só de Hildon Chaves, mas de todas as pessoas de bem desta Porto Velho, para continuar mantendo o mesmo rumo da sua atividade, vital para que sobrem recursos para serem utilizados em inúmeros setores onde a Capital é extremamente carente.

É bom que o porto velhense decente fique de olho no que está acontecendo. Que cobre lisura dos seus representantes; que exija explicações claras sobre os motivos para criticar – e não aplaudir de pé – alguém que economizou mais de 20 milhões de reais dos cofres públicos. Que a opinião pública não se deixe enganar por meias verdades e por interesses que precisam ser muito bem explicados, para serem aceitos. Claro que o governo de Hildon Chaves ainda está devendo bastante, principalmente em áreas como saúde e combate às alagações, mas seria cegueira absurda não se valorizar o que melhorou. Nas melhorias, destacam-se, sem dúvida, importantes avanços no controle de gastos e a economia de dinheiro que era jogado no lixo em negociações que, no mínimo, eram duvidosas e que, mais dia menos dia, precisam ser investigadas a fundo.

Fica, Valéria!

A VISÃO DE PALITOT

Nem tudo são flores, contudo. Há, sim, alguns exageros no extremo controle feito por Valéria e sua equipe. Na área da saúde, por exemplo, a lentidão das licitações para compras acaba prejudicando o atendimento nos postos de saúde. Quem diz isso é o vereador Aleks Palitot, que não tem nenhum interesse contrariado na Prefeitura, porque não indicou ninguém e nem tem negócios com o município. Do alto da sua especialização em gestão pública, ele alertou ao prefeito Hildon Chaves que o sistema deveria ser implantado em etapas, para que não houvesse uma concentração exagerada  nas mãos da Secretaria de Gestão, que pudesse prejudicar a atendimento à população. Citou como exemplo o caso em que visitou um posto de saúde onde estavam faltando 32 medicamentos, entre eles muitos básicos, de consumo no dia a dia. Palitot, contudo, não contesta as modificações e elogia a economia, mas sublinha que tudo sempre tem que ser feito com bom senso e equilíbrio.

O SILÊNCIO DE CONFÚCIO

Nem um pio! O governador Confúcio Moura retornou de uma viagem a Brasília e ao Rio de Janeiro um dia antes do planejado. Chegou a haver uma forte expectativa de que o Chefe do Governo convocasse a imprensa para falar na crise da sucessão, no relacionamento com o vice, Daniel Pereira e, principalmente, sua controvertida decisão de manter-se no governo e não disputar uma cadeira ao Senado, onde já aparecia nas pesquisas como um dos favoritos.  Contudo, depois de várias reuniões com secretários e toda a equipe mais próxima a ele, o Governador voou para Ariquemes, onde passa o final de semana, sem falar nada, ao menos publicamente. Zero. A única coisa que se ouviu sobre a situação é de que ele estaria sofrendo uma enorme pressão da família, para que concluísse seu mandato, não concorresse mais e fosse conviver com seu pessoal, de quem acabou ficando distante nestes tempos em que dedicou 24 horas por dia para tocar Rondônia para a frente. Ainda não se sabe se  Confúcio vai falar com a mídia em sua cidade, se falará na sua volta ao Palácio Rio Madeira/CPA ou se manterá o silêncio, como o fez desde que a crise estourou. A expectativa é enorme.

DANIEL VOLTA A FALAR

Ao contrário do Governador, que não deu qualquer declaração, o vice, Daniel Pereira, que estava prestes a assumir o poder, caso Confúcio saísse para disputar o Senado, fez vários comentários sobre o assunto, negando qualquer rompimento com Confúcio, mas criticando assessores mais próximo a ele. Na noite desta quinta, ele foi entrevistado por Paulo Andreoli, do site Rondoniaovivo e voltou a contar toda a história, negando com veemência que tenha havido qualquer discussão com o Governador. Perguntado pelo entrevistador o que aconteceu para haver o rompimento, Daniel ironizou: “eu também gostaria muito de saber”! Daniel, que antes estava se mobilizando e até preparando algumas mudanças localizadas na estrutura governamental, segundo ele, sempre em comum acordo com o Governador, disse a Andreoli que havia resistência na área da segurança, para acatar as decisões de trocar os responsáveis, tanto na Sesdec quanto na PM, mas que não imagina que isso poderia ter causado algum dano, já que as  nomeações dos substitutos foram feitas por Confúcio. Então, o que vai acontecer até 5 de abril, é daqueles mistérios que só quando o calendário andar é que se saberá o desfecho. Há quem ache que Confúcio vai voltar atrás e que a decisão anunciada seria apenas para diminuir a pressão de companheiros de partidos e de todos que estão envolvidos na briga pela sucessão. Os mais próximos, contudo, acham que governar até o fim é uma decisão irreversível. Ainda mais agora, com toda a pressão da família!

SAUDANDO O INIMIGO

Na entrevista de sexta, Daniel Pereira criticou o presidente Maurão de Carvalho, que será um dos seus adversários, caso ele concorra ao Governo; bateu duro no deputado Jesuíno Boabaid, a quem acusou de ter feito declarações não republicanas e tentativa de chantagem contra o Governador, mas fez um grande elogio ao deputado Hermínio Coelho, seu ex companheiro de partido, quando ambos eram do PT.  Destacou que Hermínio é brigão, mas que sua atuação como parlamentar merece ser elogiada. Como o parlamentar, hoje no PDT, é o principal adversário de Confúcio não só na Assembleia, como pessoalmente, já que ambos são inimigos, os elogios de Daniel, que certamente já foram levados ao Governador pela turma palaciana, não ajudaram em nada numa reaproximação entre Confúcio e seu vice. O momento é de pisar em ovos, falar o mínimo possível e esperar que a poeira baixe, para tentar ainda resolver o imbróglio. Mas o estilo de Daniel Pereira é ser o mais transparente possível. Na política, como ela o é, nem sempre isso resolve as coisas. Então, vamos ver no que vai dar toda essa confusão.

O CRIME E A POESIA DE SOCIÓLOGOS

“O Brasil não vive uma crise econômica; o Brasil vive uma crise criminal. Não há respeito pela vida e pela propriedade, pressupostas para o desenvolvimento econômico. Nossa realidade é assim: o produtor despacha sua mercadoria, torcendo para que o caminhão não seja saqueada pelo caminho. Pra não ser roubado, o lojista investe mais em segurança do que em vendas. O fazendeiro investe na produção e ao invés de rezar pra não chove, reza para que o MST não apareça pra arrebentar tudo. O casal tem medo de construir uma casa que não seja em condomínio, para não ser invadida por assaltantes. Os filhos têm que estudar em escolas longe e caras, porque a escola ao lado de casa é tomada por moleques violentos”. E mais adiante: “é preciso  reconhecer: o Brasil é um país dominado pelos criminosos. Ao governo, resta fazer duas coisas para devolver o país a quem presta. Intervir com força bruta, como ameaça fazer no Rio de Janeiro e devolver ao cidadão de bem o direito de portar uma arma e defender sua família dos vagabundos. É isso! O resto é poesia de sociólogo, a mesma que nos condenou a esse inferno que estamos vivendo”! O trecho, que resume bem o momento no Brasil, é de um editorial do SBT do Paraná. Exige, ao menos, profunda reflexão!

A DECISÃO VOLTA PARA O TSE     

Passou quase em branco, na correria do noticiário da violência, da corrupção, de uma série de más notícias, uma delas, que deveria merecer a comemoração de todos os brasileiros, que querem um país melhor. O Supremo decidiu que, a partir de agora, decisão do TSE determina realização de novas eleições, nos casos de anulação de diploma, cassação de mandato ou mesmo rejeição do  registro de uma candidatura. Isso significa que aquele enorme tempo entre a cassação de algum eleito e as novas eleições vai acabar. Pela legislação, até agora, a nova eleição só poderia acontecer depois que fosse transitado em julgado, ou seja, que fosse cumprida toda aquela catilinária que se conhece, demorando às vezes muitos meses, quando não anos, para que os corruptos sejam substituídos em pouco tempo. Em resumo, o processo de cassação poderia demorar longos anos e a realização de anova eleição também. Agora, tão logo o TSE constate crime na eleição, o eleito é afastado e as novas eleições são marcadas rapidamente. Sem qualquer interferência do STF.

PERGUNTINHA

Você, que pede caras novas na política, o que achou a decisão do  DEM em lançar o presidente da Câmara,  Rodrigo Maia, à Presidência?

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Autor / Fonte: Sérgio Pires

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