Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 01/06/2019 às 10h38
A cartelização do preço do leite em Rondônia é uma realidade. Infelizmente. E como sempre ocorre o maior prejudicado é o produtor que é obrigado a aceitar o preço, normalmente abaixo do mínimo razoável oferecidos pelos grandes laticínios ou muda de atividade.
O problema foi discutido há dias em audiência pública na Assembleia Legislativa (ale), porque o setor leiteiro é um dos precursores da economia de Rondônia e não pode ser explorado, negativamente pelos grandes laticínios, como ocorre atualmente.
Além da carne e grãos (café, soja, milho) a atividade leiteira responde por parte significativa da economia do Estado. Os laticínios de maior porte sufocam os pequenos e médios oferecendo num primeiro momento, um preço acima do que os menores estão pagando. Tomam a clientela, os demais “quebram”, porque ficam sem o produto e posteriormente o produtor é obrigado a receber o que os grandes laticínios querem pagar pelo litro do leite.
O presidente da Ale, deputado Laerte Gomes (PSDB/Ji-Paraná) está indignado com a cartelização dos grandes laticínios sufocando os pequenos e explorando o produtor. Ele foi objetivo quando abordou o assunto na audiência pública. Laerte lembrou que na legislatura passada a Ale criou uma CPI, para averiguar denúncia de cartelização da carne, semelhante a que ocorre com o leite e que o problema foi resolvido, pois hoje se paga um preço razoável para o produtor do gado para corte.
Laerte fez uma grave denúncia na audiência pública aproveitando o gancho da CPI da Carne citada por ele. “Na época, se questionava a cartelização e a combinação de preços, pelos frigoríficos. Nos laticínios, temos combinação de preços, temos cartel sim. E quem lidera essa combinação, esse cartel é o laticínio Italac. O representante do laticínio Toya, presente aqui nesta audiência, negou que exista cartel e combinação de preços. Mas, depois chegou a admitir que eles se reúnem para discutir preço sim. Se reúnem, esperam o Italac pagar e também mandam por fora, sonegando imposto estadual e federal. É bom a Sefin ficar de olho e multa neles", denunciou.
O representante da Secretaria de Finanças do governo do Estado, Franco Ono, que estava na audiência pública disse que colocaria uma equipe da Sefin para apurar os fatos. Vamos aguardar o resultado, não importa qual seja, mas tem que haver no mínimo um relatório, porque o Estado está perdendo, sendo sonegado e o produtor explorado negativamente.
A opção do cooperativismo, que funciona muito bem na quase totalidade do Brasil, não dá certo em Rondônia. Várias tentativas já foram feitas, em passado recente, mas nenhuma vingou, a não ser o cooperativismo de crédito, que caminha muito bem no Estado. Por que não no segmento produtivo, como ocorre no Paraná e em outros centros agrícola e pecuário como Rondônia?
Laerte Gomes foi mais enfático em sua intervenção e “deu nome aos bois”. "O Italac e o Tradição, hoje mais o Italac, tem uma estratégia de entrar numa região, pagar um preço melhor ao produtor e quebrar os pequenos, depois compra por preço de banana”.
A empresa que gerava emprego é fechada, fomentando desemprego. “Isso ocorreu na BR 429, por exemplo, como é o de conhecimento de todos. Precisamos fazer alguma coisa. Isso aqui não pode ser só mais uma audiência pública", denunciou o deputado.
Para o produtor de leite, hoje, o caminho é realmente o cooperativismo. Os produtores devem ser organizar e partir para que não discrimina quem é maior ou menor, mas procura equitatividade para que todos possam garantir o sustento familiar e produzir em quantidade e com qualidade.
A proposta de criar a CPI do Leite na Ale deve ser levada avante. Os deputados são os fiscais do povo e devem zelar pela saúde, educação, saneamento básico, dentre outras atribuições constitucionais. A CPI acabaria com a cartelização, que é crime e promoveria um equilíbrio entre os produtores que teriam preços dignos pela sua produção.
Por que o produtor recebe em média $R 0,80 pelo litro de leite e não se compra no mercado por menos de R$ 3?