Por Rondoniadinamica
Publicada em 20/07/2019 às 10h46
Porto Velho, RO – Estamos a mais de um ano para as eleições municipais e, aqui em Rondônia, os picaretas de “institutos de pesquisa” já estão por aí perambulando de pires na mão.
Pretensos candidatos entram no radar dos vigaristas a partir do momento em que fazem qualquer menção a ascender na vida política. E a tática é a mesma de sempre: tão velha quanto o ato de respirar.
O achaque velado é simples. Tanto quanto cachorro sem dono, esses “empresários” mantêm as orelhas abaixadas e os olhos pidões vergados ao jugo benevolente do futuro extorquido. No fundo, um jogo financeiro de sentimentos.
“Somos seus amigos. Você está no topo. É preciso reforçar essa posição. Basta uma doação e nós...”, enfim, o papo é por aí.
Esqueça técnicas de estatística. Aliás, esqueça o mínimo em termos de organização. Nem o nome dos candidatos eles acertam. O documento que expõe os rankings geralmente é esculhambado, cheio de resvalos ortográficos. Para todos os efeitos, é uma fraude que passa a cada dois anos incólume pelos olhos ditos tão vigilantes do Ministério Público Eleitoral (MPE/RO).
À percepção nua, qualquer pessoa leiga consegue identificar o amadorismo na elaboração do cotejamento: são erros bizarros, pífios, horrorosos e infantis.
Mas passam tranquilamente pelo crivo dos órgãos de fiscalização e controle, com resultados convalidados pela Justiça Eleitoral. Basta ter um número de registro e ponto: é só passar a sacolinha para receber.
A sensação que dá é: se nada der certo, seja dono de instituto de pesquisa. Afinal, se as instituições dão de ombros, quem se importará sobre o fato de esses empreendimentos seguirem ou não os critérios científicos voltados à pesquisa?
Essa gente se escora à espuriedade eleitoral porque odeia trabalhar. E os proprietários dessas empresas passam a maior parte do tempo arquitetando maneiras de angariar dinheiro fácil às custas do suor alheio. Estão sempre procurando um otário a mais para enfiar no bolso, mas, como tudo, há sempre uma mureta de contenção que delimita a gatunice.
Nesta semana, por exemplo, advogado e professor universitário Vinícius Miguel, ex-Rede e atual dirigente do Cidadania, desabafou em seu perfil no Facebook contando minúcias acerca de abordagens criminosas intentadas por representantes de institutos de pesquisa fajutos.
E deu até o valor. A “ajuda de custo” varia entre R$ 400,00 a R$ 8 mil.
É preciso, obviamente, separar o joio do trigo. Existem empresas responsáveis e corretas que cumprem o ofício a rigor de acordo tanto com as leis quanto cumprindo o regramento técnico-científico.
Logo, este editorial vale apenas para os que andam paralelamente aos ditames das normas vigentes – que fique claro.
Para identificar um mau-caráter do ramo, vale a dica apresentada na postagem de Vinícius Miguel: é natural que não saibam sequer o significado de amostragem aleatória estratificada.
Porém, mais do que identificá-los, é preciso expor e denunciar os estelionatários da pesquisa, que, além e acima da empreitada ilícita, maculam a imagem dos institutos sérios reforçando a desconfiança da população quanto ao serviço.
Por ora, as pesquisas estão à venda. Enquanto embusteiros atuam livremente sem recear punições, fica o bordão do apresentador Ciro Bottini, da TV Shoptime:
“Compre, compre, compre!”.