Por Waldir Costa / Rondônia Dinâmica
Publicada em 04/01/2020 às 10h15
A situação da BR 364, a mais importante rodovia federal em Rondônia, mensalmente é motivo de comentários aqui no Rondônia Dinâmica, na coluna Opinião. O foco é sempre a precariedade da estrada, que em todo final de inverno amazônico (chuvas) é tomada por buracos provocando inúmeros acidentes fatais e comprometendo as viagens, sejam elas a passeio ou dos cerca de 2,5 mil veículos de carga (carretas, bitrens e treminhões) que levam as safras de grãos (soja, milho, café), além da carne para exportação, através do porto graneleiro de Porto Velho.
Apesar da sua importância para a economia regional e à segurança das pessoas, que por ela transitam, a BR 364 tem sinalização precária, fiscalização deficiente, pista esburacada, acostamento estreito e, ainda, há os abusos dos maus motoristas, principalmente de veículos pesados dos cerca de 2,5 que retornam vazios imprimindo velocidades elevadas e praticando ultrapassagens em locais proibidos, tudo constatado, através de inúmeros vídeos que são publicados em redes sociais, diariamente.
A nossa bancada federal (oito deputados e três senadores) não consegue sensibilizar o governo federal de a necessidade de restaurar a BR 364, pelo menos no trecho de maior movimento, que são os 700 km de Porto Velho a Vilhena. O rendoso –e dispendioso– serviço de tapa-buracos, que anualmente enche os bolsos de empresários e políticos corruptos não resolve o problema da 364, uma rodovia da década de 80 e sem condições de atender o volume de trânsito e o peso dos veículos de carga atuais.
A BR 364 precisa ser totalmente restaurada e duplicada, porque a tendência é nos próximos anos, Rondônia, que comemora hoje (4) 38 anos de instalação do Estado em curto espaço de tempo ocupar os primeiros postos na produção de grãos do Brasil. É necessário se preparar para isso, pois a rodovia há tempo não tem condições de suportar a demanda de veículos.
O acidente com um ônibus de turismo e uma carreta no último dia 28, que matou seis pessoas enlutou o Estado e demonstrou, mais uma vez a necessidade de adequar a BR 364 à realidade do tráfego atual, além de se constatar abusos dos motoristas. Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) constataram que o tacógrafo da carreta registrava 120 km/h no momento do acidente. Segundo a PRF o limite é 100 km/h, mas na realidade o da BR 364 é de 80 km/h em toda a sua extensão em Rondônia, pois é isso o que as poucas placas indicam.
O choque entre a carreta e o ônibus, pela sua violência, velocidade elevada e, ainda, chovia com intensidade no momento pode ser considerado como um milagre matar seis pessoas, pois o ônibus estava lotado. Qualquer um outro acidente nas mesmas proporções teria ceifado a vida de muito mais gente.
Após o acidente o presidente da Câmara Municipal de Vilhena, vereador Ronildo Macedo (PV) ocupou a tribuna para criticar, parte da bancada federal, que pouco ou nada faz para restaurar, sinalizar e duplicar a BR 364. Mas é preciso muito mais: que o vereador e seus colegas e dos demais parlamentos mirins do Estado, mais a Assembleia Legislativa com apoio do governo do Estado, pressionem o governo federal, para que a 364 seja adequada à realidade econômica, social e política de Rondônia.
Vamos acabar com o tapa-buracos, uma indústria permanente, que enche os bolsos de empreiteiros, políticos e também técnicos do Dnit, que nada fazem para que a BR 364 seja restaurada, posteriormente duplicada e se limitam a dar apoio a quem busca, apenas o vil metal sem se preocupar com a segurança das pessoas, no caso, das que trafegam na rodovia federal.
É necessário que os políticos revertam a condição de inércia de hoje, na luta pela 364 segura, com sinalização eficiente, piso de qualidade e adequado à realidade do tráfego; fiscalização e orientação eficientes e punição aos maus motoristas, que contribuem para os acidentes imprimindo velocidades muito acima do limite e as ultrapassagens em locais proibidos.
Até o humorista de renome nacional, Marcus Cirilo, que esteve em Rondônia em agosto de 2019 se apresentando em vários municípios, inclusive em Rolim de Moura, satiriza o Estado devido as suas estradas ruins, incluindo as rodovias estaduais, que estão a cada dia mais intransitáveis nas suas aparições. Bom seria se tudo ficasse, apenas na sátira, mas é a realidade, infelizmente. O elevado número de acidentes, mais de 35 no período de Natal e Ano Novo constatam a triste realidade de uma rodovia há tempo denominada de “Corredor da Morte” ou “Matadouro Humano”.