Por Rondoniadinamica
Publicada em 09/02/2020 às 10h36
Porto Velho, RO — No caso da censura imposta pelo Estado -- agora retirada, é claro -- a clássicos da literatura brasileira, ficou claro que o Coronel Marcos Rocha, do PSL, não tem a mínima intenção de assumir a responsabilidade e, pior ainda, vai abraçar e proteger a tentativa nazistóide patrocinada pela Secretaria de Estado da Educação (SEDUC/RO).
Rondônia voltou às manchetes nacionais da pior maneira possível: como o lugar onde os mais colossais absurdos podem ocorrer sem ressoar nas esteiras legais. E Rocha, como todo bom político, responsabiliza tudo o que apareceu do umbigo para fora: ou seja, qualquer coisa, exceto ele próprio e sua equipe.
"Alguém avisa a Rede Globo, Folha de São Paulo, o UOL e outros veículos para corrigirem suas reportagens, dando o mesmo tempo e dedicação para a informação correta [...]", iniciou a conversa fiada quando, após mais de 48 horas de crise a respeito do assunto, resolveu tirar a cabeça do casco. Embora, claro, ainda sob a proteção do aquartelamento palaciano, de onde só sai para conceder entrevistas e dar pronunciamentos a veículos de comunicação governistas e chapas-brancas: enfim, o militar só se expõe quando se sente confortável.
Marcos Rocha é, para todos os efeitos, o Geppetto de Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, o secretário Pinóquio.
A diferença é que, em vez de figura ascendente moralmente falando, o Geppetto também é espertalhão e chegado a mentiras, como quando, por exemplo, copiou o Plano de Governo inteiro do PSDB ou, e aí é bem pior, disse em rede estadual que não prendeu corruptores porque "estava com o pé quebrado", como se fosse impossível ligar para os colegas de farda a fim de concretizar o flagrante, não?
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Agora, em outra passagem de sua desculpa esfarrapada, informa, de maneira absurdamente dissimulada, que o documento não teria a assinatura do secretário de Educação.
Aqui, refere-se ao anexo [que de fato é apócrifo], a fim de, obviamente, tentar tapar o sol com a peneira. O certo é que o memorando-circular tem, sim, a assinatura de Suamy Vivecananda Lacerda de Abreu, e foi corroborado com a rubrica digital da servidora Irany de Oliveira Lima Morais, que, de acordo com o Portal Transparência, é subolotada no Conselho Estadual de Educação (CEE).
O documento assinado por Suamy Vivecananda: Marcos Rocha, espertamente, diz que não há assinatura no anexo / Reprodução
Além de todo esse arcabouço fático, temos dois áudios veiculados exclusivamente pelo jornal eletrônico Rondônia Dinâmica onde Rosane Seitz Magalhães, nomeada como gerente de Educação Básica (GEB) por Marcos Rocha, o Geppetto, admite a ação silenciosa de recolhimento de livros.
"É um pedido do nosso secretário", teria dito a gerente de Educação Básica / Reprodução-Facebook
Em determinado trecho, Rosane Seitz deixa claro: "É um pedido do nosso secretário", referindo-se a Suamy Vivecananda, o Pinóquio.
Também é sintomática a letargia da assessoria de Imprensa da SEDUC/RO no caso. Um dos servidores contratados demorou mais de meia hora para retornar uma solicitação. Quando voltou ao contato, perguntou: "Qual é o seu nome mesmo?".
Depois que o tema entrou em ebulição, alcançando todos os rincões tupiniquins, a pasta convocou uma coletiva mandrake, onde, mais uma vez, a gestão deixou de fora a imprensa independente evitando questionamentos mais enfáticos, especialmente sobre as mentiras propaladas no início do imbróglio.
Ao Rondônia Dinâmica, Vivecananda mentiu categoricamente ao dizer que ambos os documentos eram falsos: a declaração está sendo acobertada por Marcos Rocha, que, após pensar por dois dias no assunto, conseguiu desenvolver a justificativa estapúrdia veiculada em sua página no Facebook.
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Secretário diz que é 'fake' informação sobre recolhimento de livros na rede estadual de educação em Rondônia
A fórmula é o mais do mesmo: a responsabilidade, de acordo com o chefe do Executivo estadual, é do UOL, da Folha de São Paulo, da Globo e da esquerda brasileira.
Além disso tudo, o episódio trouxe outro questionamento que precisa ser averiguado pelos órgãos de fiscalização e controle.
Quando a redação tentou comprovar a existência do documento usando o código verificador e os números do CRC encartados ao rodapé do memorando-circular, a pesquisa na seção "Conferência de Autenticidade de Documentos" retornou com a seguinte mensagem: "Código Verificador Inválido".
Quem é responsável por dizer à sociedade que o sistema virtual de verificação de autenticidade de documentos públicos não funciona ou, na pior das hipóteses, não está imune a manipulações de usuários credenciados?
Rodapé do memorando apresenta os códigos para o usuário conferir autenticidade do documento / Reprodução
Entretanto, a seção de conferência traz informação falsa quando o usuário tentar conferir a autenticidade do documento / Reprodução
A despeito de ter tramitado em caráter restrito, como o cidadão, em posse de determinado expediente relacionado ao Governo de Rondônia -- e não importando como este teve acesso --, poderá confiar em sua autenticidade se o próprio sistema traz de volta uma informação falsa?
Ministério Público Federal (MPF/RO), Ministério Público de Rondônia (MP/RO), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RO) e Tribunal de Contas (TCE/RO), está na hora de verificar a possibilidade de o governo estar usando falhas no sistema para tramitar documentos "fantasmas" como ocorreu no caso no memorando-circular censor e cessar a ilegalidade.
Por fim, é importante lembrar que não há nada no memorando-circular da censura que justifique sua tramitação em modo restrito, porquanto não se ajusta às normas insculpidas na Lei de Acesso à Informação (LAI), especialmente nos artigos 23 e 24.
"A madeira com a qual Pinóquio foi esculpido é a própria humanidade" — de Benedetto Croce, filósofo italiano (1866/1952).
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MARCOS ROCHA ESTÁ SE SENTINDO CONFIANTE, POIS "A CULPA É DA GLOBO, DA FOLHA DE SÃO PAULO E DO UOL":