Por G1
Publicada em 20/02/2020 às 14h39
Diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus pediu que só sejam levadas em conta evidências trazidas pelos especialistas 'certos'. Na quarta-feira (19), um representante da organização afirmou que vírus não é uma arma biológica; declaração conjunta feita por 27 pesquisadores também desconsiderou a hipótese.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, voltou a alertar, nesta quinta-feira (19), contra informações falsas sobre o novo coronavírus, que causa a Covid-19. O vírus já matou mais de 2 mil pessoas só na China.
"Sobre a fonte do vírus, há muitas especulações. Mas a OMS realmente evita isso. Nos acreditamos em nos ater à ciência e à evidência", declarou.
"Mas uma coisa que eu gostaria de dizer, e que eu já disse antes: há muita informação errada, teoria da conspiração, e temos que ser cautelosos", alertou. "Não deveríamos acreditar em nada até que esteja provado pela ciência e por evidências, até termos isso dos especialistas certos".
Na quarta-feira (19), o diretor regional de emergências da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Richard Brennan, disse em uma coletiva de imprensa no Cairo que a entidade não acredita que o vírus seja uma arma biológica. No mesmo dia, 27 cientistas publicaram um comunicado em que também descartam essa possibilidade.
"Nós acreditamos que é uma zoonose; não acreditamos que esteja sendo fabricado em nenhum laboratório, em lugar nenhum. Esse é um dos rumores que precisamos desmentir muito, muito cedo", declarou Brennan.
Ele também afirmou ter havido um "progresso notável" no combate à doença causada pelo coronavírus, e lembrou que a quantidade de casos confirmados fora da província de Hubei, na China, onde começou o surto, vinha caindo por 15 dias seguidos até a quarta-feira.
"Mesmo assim, a epidemia não atingiu seu ponto de virada e não podemos ser complacentes", disse Brennan, acrescentando que, como a epidemia foi causada por um novo vírus, a situação está mudando rapidamente.
No dia 7 de fevereiro, a OMS já havia pedido cautela com a notícia da diminuição na quantidade de novos infectados pelo vírus.
Desde os primeiros registros, no dia 31 de dezembro, de Covid-19 – como foi batizada a doença causada pelo novo coronavírus –, começaram a aparecer sugestões de que o vírus poderia ser uma arma biológica construída em laboratório.
Essa hipótese ganhou força com a publicação de uma pesquisa feita por cientistas de três universidades chinesas. De acordo com o resumo do estudo, o vírus teria surgido em laboratórios que fazem pesquisas sobre o coronavírus em morcegos; um deles fica a "apenas 280 metros" do mercado de frutos do mar em que o novo coronavírus apareceu pela primeira vez, diz o texto.
A íntegra do artigo, que foi publicado no site "ResearchGate", parece ter sido retirada do ar desde então.
Uma declaração conjunta de 27 cientistas ao redor do mundo, publicada na revista "The Lancet" na quarta (19), refutou a possibilidade de uma arma biológica, e afirmou que essa possibilidade era uma teoria da conspiração.
"O compartilhamento rápido, aberto e transparente de dados sobre esse surto agora está sendo ameaçado por rumores e informações erradas sobre suas origens. Estamos unidos para condenar fortemente as teorias da conspiração sugerindo que o Covid-19 não tem uma origem natural", escreveram os especialistas.
"Cientistas de vários países publicaram e analisaram genomas do agente causador, o coronavírus 2 (da síndrome respiratória aguda grave, Sars) e concluíram de forma robusta que esse coronavírus se originou na vida selvagem", continuou o comunicado.