Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 28/02/2020 às 15h38
De acordo com as mesmas fontes, citadas pela agência France-Presse, os combates eclodiram na quinta-feira à noite em Dhumasareb, capital da região semi-autónoma de Galmudug, e intensificaram-se hoje, opondo as forças do Governo federal e a milícia sufista Ahlu Sunna Wal Jamaa (ASWJ).
Na origem dos confrontos está a discordância sobre a eleição, pelo parlamento de Galmudug, do Presidente da região, Ahmed Abdi Kariye, antigo ministro apoiado pelo Governo federal.
A eleição foi contestada pelo chefe da ASWJ, Sheikh Mohamed Shakir, que se autoproclamou Presidente.
Um antigo Presidente de Galmudug, Ahmed Duale, reivindicou igualmente a vitória, formando o seu próprio parlamento.
"Ainda há confrontos e há vítimas dos dois lados. Recebemos informações segundo as quais pelo menos 12 pessoas morreram, incluindo civis, e mais de 20 ficaram feridas", disse um responsável local, Mohamed Moalim Adan, citado pela agência noticiosa.
"Os combates afetaram o comércio e as viagens na região, que está completamente bloqueada", acrescentou.
Um outro responsável local, Abukare Warsame, disse que a cidade se tem mantido pacífica há anos, mas que os confrontos já eram esperados por causa do contencioso eleitoral.
Segundo a mesma fonte, o líder da ASWJ ainda se encontra no interior do campo onde começaram os confrontos.
"Mais de 10 pessoas morreram, 30 outras ficaram feridas e algumas foram transferidas para Mogadíscio para receberem cuidados médicos", afirmou.
A violência alastrou à cidade vizinha de Guriceel, onde os combatentes sufistas tomaram o controlo da esquadra da polícia, que foi, entretanto, recuperada pelas forças governamentais.
O grupo sufista apelou, em comunicado, ao Governo federal para que "cesse de provocar a violência", enquanto a administração regional acusou a milícia de ter provocado tensões com o ataque de quinta-feira a um posto de segurança.
Os sufistas desempenharam um papel importante na luta contra os extremistas islâmicos do Al Shabab, apoiados pela Al-Qaida, e controlam as principais cidades da região de Galmudug nos últimos 10 anos.
Em 2017, o Sheikh Shakir concordou em juntar-se à administração regional, mas mais tarde distanciou-se dela devido a desentendimentos com o Presidente, tendo concordado com a realização de novas eleições apoiadas pelo Governo federal.
Posteriormente, numa reviravolta, acusou o Governo federal de manipular o processo para impor uma personalidade que lhe seja leal.
A Somália vive mergulhada no caos desde a queda do autocrata Mohamed Siad Barre, em 1991, e desde 2007 enfrenta os rebeldes do Al Shabab, que têm levado a cabo numerosos ataques contra alvos civis e militares.