Por G1
Publicada em 02/03/2020 às 15h56
Dois dias após a assinatura de um acordo histórico com os Estados Unidos, o Talibã anunciou nesta segunda-feira (2) o fim da trégua parcial de nove dias e a retomada dos ataques às forças de segurança afegãs.
O porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, declarou que trégua, estabelecida em 22 de fevereiro, terminou e que as operações do grupo “voltarão ao normal”, de acordo com a agência France Presse.
"Nossos combatentes não atacarão as forças estrangeiras, mas nossas operações contra as forças do governo de Cabul continuarão", declarou o porta-voz.
Pouco tempo depois do anúncio, a polícia afegã anunciou a morte de três pessoas na explosão de uma bomba em um campo de futebol no leste do país. Não está claro quem é o responsável pela ação.
No domingo (1º), o presidente afegão, Ashraf Ghani, havia anunciado o prolongamento da trégua parcial pelo menos até o início das discussões entre o governo e os rebeldes afegãos, agendadas para 10 de março, com o objetivo de "alcançar um cessar-fogo completo".
Nesta segunda-feira, os talibãs declararam que não irão negociar com o governo afegão até que 5 mil prisioneiros sejam libertados. "Se nossos 5 mil prisioneiros não forem libertados, não haverá conversações intra-afegãs", disse Mujahid à Reuters.
Em resposta, o porta-voz da presidência afegã, Sediq Sediqqi, afirmou que o governo de Ashraf Ghani não se comprometeu a libertar os prisioneiros do Talibã e ressaltou que essa questão "não pode ser um requisito para negociações" e, ao contrário, deve fazer parte das negociações.
No entanto, o acordo de Doha prevê que um eventual cessar-fogo é apenas um "elemento" das discussões que estão por vir e não uma obrigação para que elas ocorram, como Ashraf Ghani deseja.
Acordo com os EUA
No sábado (29) em Doha, no Catar, os Estados Unidos e o Talibã assinaram um acordo que prevê a retirada completa, em 14 meses, das tropas americanas e da Otan do Afeganistão. Os EUA e o grupo islâmico estão em guerra, dentro do território afegão, desde 2001.
Os EUA e a coalizão internacional se comprometem a retirar, nos próximos quatro meses e meio (135 dias), soldados de 5 bases militares. Isso reduziria a força americana no Afeganistão de 13 mil para 8,6 mil soldados.
Esse acordo permitirá que o presidente americano, Donald Trump, cumpra uma promessa de campanha e leve para casa os soldados antes das eleições presidenciais nos EUA, que acontecem em novembro.
Estados Unidos e talibãs também se comprometeram a trabalhar pela libertação de combatentes e presos políticos.
Inicialmente, a Reuters informou que, até 10 de março, os americanos e o governo do Afeganistão iriam libertar até 5 mil prisioneiros e o Talibã, até mil. Porém, o conselheiro nacional de segurança afegão, Hamdullah Mohib, declarou mais tarde que o governo do país não tinha se comprometido em liberar os prisioneiros.