Por Robson Oliveira
Publicada em 18/03/2020 às 09h00
PERPLEXIDADE
A maioria da população brasileira que se esmera para labutar por dias melhores e está preocupadíssima em não contrair o coronavírus, assistiu perplexa o presidente Jair Bolsonaro, que deveria estar em quarentena em razão de manter contato com assessores infectados pelo vírus, após uma viagem aos Estados Unidos na semana passada, apertando a mão das pessoas que foram protestar na frente do Palácio do Planalto.
INSANIDADE
O ato de Bolsonaro foi criticado por várias autoridades em todo o mundo, embora o presidente desdenhe das críticas e desmoralize seus assessores na área sanitária ao descumprir os protocolos estabelecidos pelo próprio governo. A insanidade está num grau tão doente que a atitude tresloucada é festejada por seguidores que não perceberam o tamanho do problema sanitário que o país vai enfrentar nas próximas semanas. Imagine Upas e João Paulo recebendo as vítimas da pandemia o que vão dizer os insanos...
IRONIA
Enquanto o presidente desmoralizava todas as recomendações do Ministério da Saúde para que se evite multidões, ao cumprimentar as pessoas que protestavam na capital federal, os ministros da Justiça e Saúde, Luiz Mandetta e Sérgio Moro, respectivamente, editaram uma portaria conjunta para o enfrentamento ao avanço do coronavírus. A ironia é que o conteúdo da portaria interministerial contém o uso da força policial para exigir o isolamento ou a quarentena em pessoas suspeitas de infecção e estabelecendo crimes em caso de descumprimento.
INTERDIÇÃO
A regra ministerial, em tese, é para todos. Já que Bolsonaro pode estar fazendo um quadro psicótico anormal para o cargo que ocupa, é possível que se exija outra medida de força diversa das sanções estatuídas na portaria assinada por Moro e Mandetta. Há quem aluda a sinais exteriores de abilolagem mental que afeta o juízo do mandatário toda hora que abre a boca. O alento ao povo brasileiro é que faltam no mercado as máscaras, mas camisa de força abunda!
PROGNÓSTICOS
Em todo o mundo é unânime entre os cientistas que esta pandemia exige esforços de todos, em particular dos governos. No Brasil a previsão é de que no início de abril exploda o número de pessoas contagiadas, o que vai impactar a rede pública de saúde, que já é caótica. As pessoas mais pobres e suscetíveis à sujeira por falta de serviços públicos básicos serão as mais afetadas e vão superlotar as unidades hospitalares públicas. Desdenhar a realidade não é a melhor forma de cuidar dos governados.
IMOBILISMO
O site 24.com, de Rio Branco, informou que os governadores da Amazônia Legal pediram ao presidente Jair Bolsonaro ao menos mil leitos em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), para ajudar no tratamento ao coronavírus, exceto o governador Marcos Rocha, de Rondônia. A coluna não conseguiu explicações da Sesau sobre a informação, embora tivesse requerido.
UNIVERSO
Segundo informação da Sociedade Brasileira de Infectologia (SIB), a estimativa é de que a cada 100 pessoas infectadas pelo coronavírus, cerca de cinco precisem de internação em tratamento intensivo. Um universo enorme que atingirá também a rede pública rondoniense que conta com a disponibilidade de poucas UTIs. Fernando Máximo, Secretário de Saúde, fala pelos cotovelos de olho apenas nas eleições municipais. Resultado concreto na saúde é pífio.
PROTEÇÃO
Há denúncias que deveriam ser apuradas pelos órgãos de controle de que as prefeituras não estão adquirindo o material obrigatório de proteção para que médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem possam cuidar dos infectados sem expor as próprias saúdes. Caso verdade, é um crime quase hediondo cometido pelos prefeitos porque sem as equipes de saúde sadias para atender a população doente, o sistema entra em colapso. Será o caos!
PLANTÕES
Em situação de crise sanitária é imperativo que as secretarias de saúde fiscalizem os plantões e não permitam que profissionais da saúde, em geral os médicos, fiquem de sobreaviso. É preciso estar presente nas unidades de saúde e a troca de plantões seja combatida e não seja permitida sobre qualquer justificativa. O interesse maior em tempos de crise sanitária é a saúde da população.
OPORTUNISTAS
A população está preocupada com o coronavírus e parte dela apavorada. O irritante é verificar nas mídias sociais candidatos a candidatos a cargos eletivos deste ano utilizando a pandemia para faturar eleitoralmente com o caos. São oportunistas que deveriam ser rechaçados com um pontapé nas partes anatômicas traseiras para tomarem vergonha na cara.