Por Globoesporte.com
Publicada em 26/03/2020 às 09h50
Marcinho, atacante de 26 anos, estreou no futebol profissional em 2020 vestindo a camisa o Genus no Campeonato Rondoniense. No último jogo da competição - antes da paralisação -, o time recebeu o Porto Velho e mesmo perdendo, o jogador foi um dos destaques do Aurigrená. Sua trajetória com a bola começou quando ele tinha apenas 11 anos, em Espigão do Oeste, interior de Rondônia.
- Eu comecei com 11 anos, em Espigão. Eu perdi o meu pai quando eu ainda tinha 8 anos de idade. Morava em Cuiabá e quando ele morreu, a gente foi para Espigão. Lá, eu recebi o convite de uma escolinha chamada Nova Esperança e comecei lá. Na época, eu comecei como lateral direito - conta Marcinho.
Dois anos depois, Marcinho e sua família vieram para Porto Velho. Na capital, foram morar na zona leste, no bairro Jardim Santana. Competições amadoras levaram o atacante até a base de grandes times de Rondônia e no sub-20, sua história com o Genus começou.
- Eu morei dois anos lá e vim para Porto Velho. Quando eu cheguei aqui, vim direto morar no bairro Jardim Santana e comecei na escolinha recreativa, com o professor que hoje trabalha na base do Genus. Aí fui campeão pelo Shallon em 2009 no sub-17 e joguei o sub-20 pelo Genus - disse o jogador.
CRIA DA VÁRZEA
Antes de estrear no profissional, Marcinho jogou nas competições de várzea de Rondônia com a camisa do 100% Santana, time amador do bairro onde reside até hoje. No time, Marcinho levantou diversos títulos, mas, o coração sabia que o momento do profissional iria chegar.
- Depois do sub-20, eu fui parar na várzea e como eu constitui família muito cedo, eu nunca liguei para o profissional, mas, eu já tinha isso no meu coração, de que antes de parar com o futebol, eu iria jogar em um time profissional, pelo menos em Rondônia - revelou o jogador.
E o momento chegou: Marcinho recebeu o convite para atuar no Genus, time que fez sua 25º participação consecutiva no Campeonato Rondoniense e soma um título Estadual, mas, para a surpresa do jogador, ele iria ter que encarar o desafio de viver com o elenco em Humaitá, interior do Amazonas, já que o estádio Aluízio Ferreira, em Porto Velho, estaria fechado para reformas e além disso, ter que lidar com a incerteza do retorno financeiro.
- Até eu receber o convite para jogar no Genus, eu ainda jogava na várzea. O convite veio através do Evaldo, junto com o Luciano de Humaitá. Eu fiquei com o pé atrás, porque a gente já tem a situação financeira dificil dentro de casa e aí eu tinha que largar tudo aqui e ir para Humaitá trabalhar com futebol profissional, sem ter a certeza que vai receber, porque essa é a nossa realidade no futebol ronodniense, mas, em concordância com a minha esposa, eu resolvi encarar.
A esposa e o filho acompanham Marcinho em todos os jogos, mesmo tendo que percorrer cerca de 200 km para assistir as partidas. Mas, o espírito familiar o acompanhou até longe de casa, já que para o jogador, o elenco do Genus se transformou em uma família.
- Eu já estou acostumado com as dificuldades e com os desafios. Quando eu saí da várzea e fui para o profissonal, vi que é uma realidade totalmente diferente. Graças a Deus eu me adaptei bem. Eu sou um cara que gosta de trabalhar, treinar, e lá em humaitá, a gente conseguiu impor uma metodologia de trabalho muito boa e como o pessoal fala, aquilo era uma família.