Por Globoesporte.com
Publicada em 29/04/2020 às 10h38
Bruno Arrabal, camisa 50 do Burgan — Foto: Kazma/AssCom
Bruno Arrabal, jogador rondoniense que aceitou o desafio de morar no Kuwait, país que fica no continente asiático, voltou ao Brasil e já em Rondônia, contou ao comentarista esportivo, Juan Rodrigues, em entrevista realizada via internet, quais foram os desafios de passar parte da quarentena longe da família.
- Para mim, a coisa mais difícil foi ficar dias trancado dentro do quarto. Só saia para comprar coisas para comer. Tive dificuldade para dormir, o horário não facilitava para falar com a minha família. Por ser um país fechado, eles se fecharam ainda mais durante esse período - disse Bruno.
SEM COMUNICAÇÃO
Bruno, que anteriormente já havia revelado certa preocupação com sua permanência na Ásia, disse que a comunicação com a seus parentes de Rondônia ficou prejudicada durante a quarentena e revelou que passou por momentos difíceis enquanto estava trancando no Kuwait.
- Meu último jogo foi dia 22 de fevereiro, depois disso foram três amistosos. Eu devo ter ficado em casa uns 50 dias. Eles viram a situação e se fecharam mesmo. Então imagina você esse tempo todo em casa, sem conseguir se adaptar ao espaço e falar com os familiares. O dia, a noite, as horas passando, o fuso, tudo isso não ajudava, era indiferente. Todo dia acordava e queria passar informações para minha mulher mais não havia nada. Quem não veio nessa leva, ficou lá, inclusive vai conseguir sair apenas no dia 31 de maio. É uma situação muito complicada para o profissional do futebol - contou.
FUTURO INDEFINIDO
O time de Bruno vinha de uma vitória de 3 a 1 sobre o Khaitan, pela Emir Cup. O jogo aconteceu no dia 22 de fevereiro e foi a última partida oficial do clube. Com a vitória, o time conseguiu se classificar às quartas de final e agora irá enfrentar o Al-Arabi, mas, como a pandemia do novo coronavírus parou as competições de futebol no Kuwait, ainda não se sabe quando os jogos retornarão.
- A liga ficou indefinida. Uns dizem que vai virar uma só, outros dizem que o campeonato vai continuar no fim do primeiro para o segundo semestre e para o time [Burgan] foi ruim parar, porque estávamos em ascensão e próximos de um feito que era garantir vaga na Premier League ou para uma espécie de Liga dos Campeões da Ásia. Não há previsão ainda de como isso tudo vai acabar. Ainda há muita incertezas. Foi paralizada a competição no meio, então tudo pode acontecer - explicou Bruno.
DE VOLTA PARA CASA
O jogador, que atuou pela última vez vestindo a camisa do Burgan no dia 22 de fevereiro, encontrou muitas dificuldades para conseguir retornar ao seu país de origem. Para chegar ao Brasil, Bruno teve que encarar um voo de mais de 12 horas e estar munido de máscara, luvas e roupas que cobrissem todo o corpo.
- Foi puxado voltar para o Brasil, teve mais de 12 horas no avião. Em cada fileira de cadeiras, haviam das quatro, duas cadeiras ocupadas, ou seja, dava um espaço bem interessante. Não houve aquele jantar que normalmente tem em um voo desse tipo, apenas uma garrafa de água de dois litros e mais algumas poucas coisas foram dadas no avião. Passamos pela Alemanha antes de chegar ao país. Foi cansativo. Além disso, ainda teve a parte do ônibus até Ouro Preto. Mas a melhor parte foi poder chegar e ver a família de perto - disse Bruno.
CONFIANÇA NO TALENTO
Mesmo com o futebol parado no mundo, Bruno acredita que a sua atuação no Burgan trará bons frutos e que ainda terá boas oportunidades para continuar jogando bola. Logo no início da temporada, o jogador teve que se recuperar de uma lesão, mas, quando voltou a atuar, conquistou a titularidade no Burgan e conseguiu deixar sua marca no futebol do Kuwait.
- Classifico a temporada como boa. Eu tive uma lesão e tive que parar para passar pelo período de recuperação, mas quando voltei, voltei com tudo. Consegui ir muito bem nas competições que disputamos. Infelizmente houve essa parada ai, mas creio como necessária, até porque era questão de saúde. Posso classificar que fui muito bem. O clube inclusive me procurou para conversar mas não tem nada definido ainda. O futebol está indefinido nesse momento, por isso digo sempre que o jogador tem buscar rendimentos a mais além de só depender de um clube. Não se sabe quando tudo irá voltar. Ficou algo muito incerto. O grande x é quando vai voltar ao normal? Ninguém sabe. Tenho certeza que essa boa temporada vai render bons frutos quanto tudo retornar. Deixei uma boa impressão na Ásia e foi uma boa experiência - falou.