Por Rondoniadinamica
Publicada em 25/04/2020 às 10h02
Porto Velho, RO — Os deputados e senadores de Rondônia, em sua maioria, basicamente saíram pela tangente ou sequer se posicionaram sobre a saída do ex-juiz Sérgio Moro da pasta de Justiça na gestão Jair Bolsonaro.
Quando comentaram o assunto, limitaram-se a elogiar os serviços prestados pelo hoje desempregado e, pisando em ovos, mantiveram o aceno de apoio ao governo federal a despeito da troca mútua de acusações. Acusações pesadíssimas, inclusive, onde a comprovação da narrativa de um no futuro será, certamente, a danação do outro: disto, não há como escapar.
Marcos Rogério diz que não é hora para debate político / Divulgação-Facebook
Coronel Chrisóstomo (ex-PSL), Dr. Mauro Nazif (PSB), Expedito Netto (PSD), Jaqueline Cassol (PP), Léo Moraes (Podemos), Lúcio Mosquini (MDB), Mariana Carvalho (PSDB) e Sílvia Cristina (PDT), além dos senadores Confúcio Moura (MDB), Acir Gurgacz (PDT) e Marcos Rogério (DEM) resolveram basicamente ignorar os acontecimentos da data de 24 de abril de 2020.
Rogério, por exemplo, aliado de Rodrigo Maia e David Alcolumbre, presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente, gravou vídeo bajulando Moro e adulando o presidente ao mesmo tempo. Em seu pronunciamento de um minuto e pouco, o congressista chega a dizer que não é momento para debate político, mesmo exaltando a biogragia do ex-juiz; em seguida, menciona a confiança no mandatário do Alvorada para tomar decisões corretas "na condução desse momento tão espinhoso". Resumidamente, alega que é preciso escolher um lado, mas ele próprio não consegue se posicionar.
Certamente a demissão de Moro, ao vivo, via coletiva, resolveu abalar as estruturas da República; quando o mandatário do Alvorada mandou tirar do cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF), o delegado Maurício Valeixo, o antigo comandado optou pela debandada.
Não se sabe ainda se a mudança, que é natural, diga-se de passagem, trará reflexos positivos ou negativos a Rondônia. A questão é: a situação desencadeada ontem eviscerou a letargia de boa parte entre os representantes regionais quanto o assunto é corrupção, vez que muitos deles fizeram questão de se postar ao lado do ex-ministro à época da fama absorvida pelos serviços desempenhados frente à 13ª Vara Federal de Curitiba.
O posicionamento mais enfático em defesa de Moro saiu de Léo Moraes, que também não comentou as denúncias do ex-ministro / Reprodução-Facebook
Sobre o termo corrupção, leve-se em consideração que não importa se patrocinada por Bolsonaro ou Moro; fato é que ela ocorreu bancada por um ou outro, e o silêncio é sintomático porquanto a posição confortabilíssima em cima do muro não representa a magnitude da incumbência que é ocupar uma das cadeiras no centro do Poder em Brasília.
"Essas trocas de ministérios são naturais em qualquer governo, entretanto o ministro Sérgio Moro tinha projeção nacional porque conduziu a Lava Jato, pessoa excepcional, de caráter ilibado, não era um ministro comum, era um quase popstar do governo Bolsonaro. E de certa forma o governo Bolsonaro se escorava um pouco no prestígio que o ministro Sérgio Moro tem junto à sociedade. Fez um bom trabalho, mas não podemos endeusar, seja presidente ou ministro. [...] Não podemos fazer disso uma tempestade", destacou o deputado Lúcio Mosquini à redação.
O adeus tímido de quem um dia foi uma das deputadas mais influentes do Brasil / Divulgação-Twitter
Mariana Carvalho, por outro lado, chegou a ocupar a 2ª Secretaria na Mesa Diretora da Câmara Federal na legislatura passada, e hoje, sem expressão, fora dos grandes debates nacionais, limita-se a carregar elogios simplórios a Moro sem arriscar-se a comentar o conteúdo das acusações lançadas contra o presidente.
Coronel Chrisóstomo compartilhou a live do presidente comentando que está com ele para o que der e vier, em suma, repelindo as declarações do ex-titular da pasta de Justiça.
Chrisóstomo deixou claro que está ao lado do presidente / Divulgação-Facebook
Entre opiniões e silêncio, é melancólico constatar que tirando uns três ou quatro, boa parte dos deputados e senadores não quer se comprometer com temas de ordem polêmica e que podem render maus dividendos políticos. A covardia se resume ao aquartelamento retórico em momentos de crise, e, por conta disso, a sociedade não sente os reflexos dos inúmeros discursos entoados durante a passagem das eleições.
Não importa a visão, o entediamento, a compreensão: posicionamentos sobre os assuntos relevantes advindos da República são necessários à manutenção plena da democracia e também aos desdobramentos dessa verve acentuada relacionada às prosas anticorrupção.