Por Agência Brasil
Publicada em 16/04/2020 às 09h12
O surto do novo coronavírus está chegando ao pico no Reino Unido, mas é cedo demais para suspender o isolamento porque o vírus "se alastraria" se o governo amenizasse as medidas de distanciamento social, disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, nesta quinta-feira (16).
O país tem o quinto maior número de mortes por covid-19 do mundo, atrás dos Estados Unidos, da Itália, Espanha e França, mas os dados só registram fatalidades em hospitais e o número real provavelmente é muito maior.
"Achamos que é cedo demais para fazer uma mudança", disse Hancock. "Embora tenhamos visto um achatamento no número de casos e, felizmente, um achatamento no número de mortes, isso ainda não começou a baixar."
"Se simplesmente descartássemos todas as medidas agora, o vírus voltaria a se alastrar, e não podemos deixar isso acontecer", afirmou.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, se recupera de complicações da covid-19, que quase lhe custaram a vida, em uma residência de campo, e o governo britânico deve discutir hoje uma revisão do isolamento.
O secretário das Relações Exteriores, Dominic Raab, que assumiu o lugar de Johnson, já deixou claro que não haverá nenhuma suspensão imediata das medidas de distanciamento social, anunciadas em 23 de março.
Raab presidirá uma reunião do gabinete às 10h locais, na qual o principal cientista do governo atualizará os ministros. No fim da tarde, Raab presidirá uma reunião de emergência para debater o isolamento.
Em meio a toda a desolação, no entanto, houve alguma esperança. Tom Moore, um veterano de guerra britânico de 99 anos, completou 100 voltas em seu jardim nesta quinta-feira e arrecadou mais de 12 milhões de libras esterlinas para o serviço de saúde.
"Para todos aqueles que estão tendo dificuldade no momento, o sol voltará a brilhar e as nuvens irão embora", disse Moore.
As restrições mais severas do país em tempos de paz praticamente desativaram grande parte da economia mundial, e o Reino Unido caminha para sua depressão mais profunda em três séculos.
Enquanto líderes de todo o mundo cogitam maneiras de sair do isolamento, epidemiologistas alertam que uma segunda onda do surto poderia ameaçar os mais frágeis e os idosos.