Por RFI
Publicada em 21/04/2020 às 10h06
A Coreia do Sul minimizou, nesta terça-feira (21) relatos de que o líder norte-coreano Kim Jong Un havia sido operado recentemente e necessitaria de cuidados especiais, enquanto alguns observadores questionam sua ausência durante as celebrações em Pyongyang na semana passada.
A Coreia do Norte comemorou o 108º aniversário do nascimento do fundador do regime, Kim Il Sung, que é o avô do atual líder, em 15 de abril. Esta data é de longe a mais importante no calendário político do Norte. Mas Kim Jong-un não foi visto em nenhuma das fotografias divulgadas pela imprensa oficial.
O Daily NK, um meio de comunicação on-line administrado principalmente por norte-coreanos desertados, afirmou que o líder norte-coreano havia sido operado neste mês de abril por problemas cardiovasculares e que estava se recuperando em uma casa na província Phyongan do Norte.
"O motivo do urgente tratamento cardiovascular de Kim foi o fumo excessivo, a obesidade e a fadiga", disse o Daily NK, citando uma fonte norte-coreana não identificada. Esta informação não foi confirmada, mas provocou uma avalanche de especulações.
Citando uma autoridade americana, a CNN, por sua vez, relata que Washington "está estudando informações", segundo a qual Kim Jong-un está "em sério perigo após uma operação cirúrgica", sem dizer se essa "informação" é de fato o artigo do Daily NK.
Segundo um funcionário do governo americano entrevistado pela CNN, as informações de que o líder norte-coreano está em perigo estão "sendo monitoradas" nos Estados Unidos. De acordo com outro membro do governo americano citado pela Bloomberg, a Casa Branca foi informada do agravamento do estado de saúde de Kim após a operação.
No entanto, duas autoridades sul-coreanas negaram as informações da CNN sem confirmar que ele havia sido submetido intervenção cirúrgica. A Presidência sul-coreana declarou que nenhum sinal incomum foi detectado na Coreia do Norte
"Não temos nada a confirmar e nenhum movimento específico foi detectado na Coreia do Norte", disse em comunicado um porta-voz da Casa Azul, residência oficial da presidência sul-coreana. Algumas autoridades sul-coreanas, no entanto, expressaram dúvidas sobre a credibilidade dos relatórios do Daily NK.
Segredo bem guardado
A cobertura das notícias norte-coreanas é particularmente complicada, principalmente no que diz respeito à vida privada de Kim, que é um dos segredos mais bem guardados do regime.
O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, que gerencia questões intercoreanas, e o Ministério da Defesa se recusaram a comentar.
Moon Chung-in, consultor de segurança do presidente sul-coreano Moon Jae-in, disse à AFP que não ouviu nada de especial sobre a saúde de Kim.
A última vez que a mídia norte-coreana noticiou as atividades de Kim foi em 12 de abril. E não é a primeira vez que sua "ausência" alimenta todo tipo de especulação.
Alguns especialistas pediram, portanto, a máxima cautela. "Não há confirmação nesta fase e é muito cedo para tirar conclusões sobre seu estado de saúde", disse Ahn Chan-il, um desertor do Norte que se tornou pesquisador em Seul.
Ele observou que uma operação cardíaca envolvia equipamentos médicos de última geração, "encontrados apenas em estabelecimentos de Pyongyang". Seria "irracional" transportá-lo para outro lugar para a operação, segundo Ahn Chan-il.