Por José Luiz Alves
Publicada em 06/04/2020 às 09h15
Em 1940, narrado por uma testemunha ocular, o jornalista, Albert Camus descreve episódios e incidentes que se abateram sobre o vilarejo de Orão na Argélia, no livro “A Peste” que serve na atualidade como complemento ao imponderável “Coronavírus” que vem deixando rastros de destruição e mortes em todos os cantos do Planeta. Tanto em “A Peste” como no “Coronavírus” revela-se outra perspectiva em que nas maiores desgraças e nos mais tristes momentos o ser humano ainda é capaz de estender a mão ao seu semelhante com gestos de generosidades.
Descrever os personagens desta obra que se passa no centro de um surto de “Peste”, em 1940, mas que na atualidade espelha de tal forma afetando a realidade sofredora entre milhares de criaturas entre pobres, ricos e agricultores revelando que nos tempos atuais, como no passado e no presente a humanidade permanece despreparada para o imponderável. O mundo está de cabeça para baixo com democratas, ditadores e tiranos ajoelhados diante do inimigo desconhecido, diante de sua história.
Tanto na obra de Albert Camus como o que vem ocorrendo hoje é algo que nos faz pensar duas vezes sobre o poder de uma epidemia, “Peste” ou Pandemia. Trocaram-se as denominações, mas o estrago continua o mesmo, tornando o ar irrespirável com a população condenada ao sofrimento muitas vezes em proporções desmedidas, confinadas em casas e apartamentos, ou mesmo nas grandes favelas tomando conhecimento dos fatos que sacodem o mundo externo pelos meios de comunicação.
O “Coronavírus” que naturalmente vem se tornando um episódio terrificante em todos os cantos do planeta, com óbitos e internações onde na maioria das vezes os poderes constituídos não são capazes de acompanhar a velocidade das contaminações, revela por outro lado uma boa lição sobre a nossa pequenez diante dos desígnios da natureza. Quem tem poder o político só sabe nos mandar lavar as mãos, com álcool gel e sabão e a permanecer confinados, pois ainda desconhecem de fato a força real de destruição deste vírus.
As obras literárias, abordando temas de ficção como a “Peste” de Albert Camus, diante da agressividade do “Coronavírus” pelo menos temporariamente perderam o sentido. Contudo, resta uma pergunta por mais indigesta que possa parecer: “O Coronavírus” não pode ser apenas, um recado do que o futuro reserva para a humanidade?”
De uma maneira ou de outra, o mundo não será o mesmo depois do “Coronavírus” e nem os nossos lugares serão iguais aos dias que antecederam a chegada dele em todos os continentes. Este com certeza é mais um, entre os tantos episódios assustadores que a história reserva e relata no momento exato.
J.L.A (o autor é jornalista em Rondônia)