Por Rondoniadinamica
Publicada em 18/04/2020 às 10h07
Porto Velho, RO — A turma governamental gerida pelo Coronel Marcos Rocha, hoje sem partido, está descobrindo, pela primeira vez, o sabor amargo do ônus relacionado ao poder. Sem muitas cobranças até aqui, a crise do Coronavírus caiu no colo do militar assim como fora sua eleição ao cargo máximo do Executivo estadual quando puxado pela força popular do bolsonarismo em seu ápice, isto lá em 2018.
Faz parte.
O que não faz parte, ou pelo menos não deveria fazer, é a imperícia administrativa e/ou a negligência complacente extraídas das hostes do primeiro escalão nomeado pelo mandatário-mor do Palácio Rio Madeira.
Esses péssimos predicados são as razões pelas quais a Assembleia Legislativa (ALE/RO) praticamente inteira, à exceção do líder do governo, o deputado Eyder Brasil, tem bradado contra as ações tanto ativas quanto omissivas exercidas pelo secretário popstar Fernando Máximo, o titular da Secretaria de Saúde (Sesau/RO).
Se o chefão Marcos Rocha é uma autoridade mofina, aquartelada, e receia questionamentos de toda a ordem, Máximo demonstrou características contrárias: trata-se, sobretudo, de um sujeito embebecido pela fama efêmera conservada exclusivamente pela função assumida por ora.
Com a veia política pulsando, o assédio interno para que ele próprio seja o candidato do governo à Prefeitura de Porto Velho [se as eleições municipais de 2020 forem mantidas] ganhou ainda mais força. E isto a despeito de a ideia ter sido desacreditada por células da imprensa e pelo próprio estafe.
Desde o "Votem no Pitta! E se ele não for um grande prefeito, nunca mais votem em mim" de Paulo Maluf durante a campanha de 1996 em São Paulo, é impossível acreditar em promessas políticas. Para reforçar a concepção, nunca é demais recordar a memorável frase do imortal Magalhães Pinto: "Política é como nuvem. Você olha, e ela está de um jeito. Olha de novo, e ela já mudou".
O que não se pode aceitar é a possível postulação de Máximo servir de subterfúgio ao titular da Saúde para eximir-se da responsabilidade de prestar contas à sociedade.
Os casos de COVID-19/SARS-CoV-2, de acordo com o último Boletim Oficial da própria secretaria, já chegaram aos cento e dez. E são três mortos por ora. Compras e mais compras são realizadas ao arrepio dos olhos dos órgãos de fiscalização e controle e longe da inspeção saudável procedida costumeiramente pelo Legislativo.
Em tempos de Decreto de Calamidade Pública, onde a permissividade financeira cria situações absurdamente suspeitas, passíveis, claro, de verificação por todas as entidades competentes, é inadmissível, por exemplo, que a Sesau/RO deixe de responder aos documentos exarados pela Comissão Temporária instituída pela Casa do Povo.
A imprudência gerencial é reforçada pela absoluta falta de transparência nos dados públicos, traduzida pelas restrições ilegais ainda deixadas pela equipe de Rocha no Sistema Eletrônico de Informações (SEI!), tema a ser esmiuçado em outra oportunidade por novo editoral veiculado através do jornal eletrônico Rondônia Dinâmica.
Por enquanto, Fernando Máximo recebe toda a atenção que deseja; resta saber se, adiante, esse desejo exagerado em querer tornar-se celebridade lhe trará bons ou maus holofotes.
Tudo dependerá de como ele irá atuar neste horroroso filme real onde o roteiro mistura contendas mesquinhas nos bastidores, rinhas de vaidade e um dos mais graves problemas sanitários de todos os tempos.