Por Agência Brasil
Publicada em 08/05/2020 às 14h05
Entraram em vigor nesta sexta-feira (8), em Fortaleza e região metropolitana, as medidas que o governo do Ceará impôs para tentar restringir a circulação de pessoas e, assim, retardar a disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19.
O bloqueio total das atividades comerciais não essenciais e as ações para desestimular a ida às ruas de pessoas que não precisam sair foram decretados terça-feira (5), no mesmo dia em que o governador Camilo Santana prorrogou por 15 dias o decreto que impunha regras de isolamento social em todo o estado.
Na segunda-feira (4), ou seja, um dia antes do anúncio da decisão de endurecer as restrições na região metropolitana de Fortaleza, o Ceará registrava 11.040 casos confirmados e 712 mortes pela Covid-19. Ontem (7), os números haviam saltado para 13.888 casos confirmados e 903 óbitos. Isso significa que só as mortes aumentaram 27% em três dias. A maior parte dos registros está concentrada na capital.
Os dados do Ministério da Saúde são, no entanto, inferiores aos da Secretaria estadual de Saúde, que, até esta manhã, informava sobre 940 mortes e 11.467 pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
Na terça-feira, o governador justificou a medida afirmando que o sistema de saúde estadual estava “chegando ao limite”. De acordo com Camilo Santana, manter o isolamento social, com medidas mais rigorosas para Fortaleza, é uma forma de “salvar vidas”. Em vídeo divulgado ontem à noite, o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, endossou os argumentos do governador.
“Ao longo dos últimos dias, principalmente da última semana, presenciamos uma ascenção diária do número de óbitos e a saturação de alguns serviços de saúde, públicos e privados, que, neste momento, já estão trabalhando no limite de sua capacidade. É uma demonstração de que não basta fazer o que já estamos fazendo, ou seja, investir na construção de um sistema de saúde paralelo para atender apenas aos casos da covid-19”, disse Cláudio, afirmando que o número de casos no estado vem crescendo muito mais rapidamente que o tempo de que o Poder Público precisa para adequar os serviços de saúde.
O prefeito reassaltou que é preciso ser capaz de prevenir a doença. "Se conseguirmos controlar a disseminação, geraremos menos casos, menos casos graves que demandem internação, e ainda menos casos que exijam UTI [unidade de terapia intensiva].” Roberto Cláudio apelou às pessoas para que só saiam de casa para atividades essenciais, sempre usando máscaras e evitando aglomerações. “Se não conseguirmos conter o ritmo acelerado da disseminação, infelizmente, vamos enfrentar ainda mais dor, mais sofrimento e mais tragédia do que já estamos vivenciando.”
Medidas
Na capital e região metropolitana, o sistema conhecido como isolamento social rígido, ou lockdown, fica em vigor pelo menos até o próximo dia 20. Nesse período, as pessoas são proibidas de circular em espaços públicos como ruas, praias, praças e calçadões, salvo no caso de atividades essenciais, como compra de alimentos ou itens de primeira necessidade.
Pacientes comprovadamente infectados ou com suspeita de contágio pelo novo coronavírus têm de permanecer obrigatoriamente em casa, nas unidades hospitalares ou em outros locais determinados pelas autoridades da área de saúde.
A montagem de bloqueios em vias públicas, principalmente nos limites entre as cidades da região metropolitana, já pôde ser observada em alguns pontos, desde as primeiras horas do dia. É o caso, por exemplo, do limite entre Fortaleza e Aquiraz, onde agentes de trânsito fiscalizam se os motoristas estão se deslocando por razões consideradas essenciais, devidamente justificadas, e usando máscaras.
Para garantir o funcionamento das atividades essenciais, ônibus, táxis, mototáxis e o serviço de transporte por aplicativo foram autorizados a circular normalmente. A circulação é livre também para veículos transportadorwes de cargas ou viaturas a serviço de órgãos públicos de segurança e saúde. Essas ações levaram a congestionamentos e tráfego lento no início da manhã em alguns pontos da capital.
Em todo o estado, os estabelecimentos autorizados a funcionar são obrigados a oferecer álcool 70%, preferencialmente em gel, aos clientes e funcionários, que deverão usar máscaras de proteção e manter distância mínima de 2 metros das outras pessoas.
Nesses locais, quem faz parte de algum grupo de risco para agravamento da covid-19 deverá ser atendido primeiro. No transporte público ou privado, não deverão ser aceitas pessoas sem máscaras.