Por Rondoniadinamica
Publicada em 23/05/2020 às 10h07
Porto Velho, RO – É lamentável que o Estado de Rondônia seja comandado por um governador escravo das aparências, despido de qualquer personalidade política própria, longe da dignidade ímpar dos gestores públicos avessos à conveniência.
Mas é preciso reconhecer: o militar se rende à sombra do presidente da República porque é exatamente isso o que representa, a penumbra no percalço dos passos trôpegos encampados pelo mandatário-mor no Alvorada.
Foi eleito usurpando o sobrenome dele, portanto, sinceramente, como esperar qualquer ação eivada de DNA exclusivo, uno, singularíssimo?
A única, porque sempre há exceção, foi tratar a pandemia do novo Coronavírus com um pouco mais de seriedade do que o alvo primordial de sua resignação e subserviência narrativa.
Por sorte, Rocha eviscera suas características mais servis no campo da retórica, isto, claro, enquanto algumas de suas atitudes correm de maneira diametralmente opostas às falas e veiculações saídas de suas redes sociais.
A despeito de fingir que não é com ele, o vídeo da reunião ministerial transmitido ontem para o Brasil inteiro também depõe contra o chefe do Executivo estadual. Oras, se governadores e prefeitos são ditadores, cerceadores da liberdade, protetores do viés comunista, antidemocratas, agressores objetivos do direito de ir e vir, Rocha, que não veste a carapuça, também faz parte do rol obsceno.
Ele não se inclui, porém, e é aí que reside o problema – problema relacionado à prosa do governador, no caso –, todos os indicativos conversados naquela mesa em Brasília apontam para comportamentos administrativos deflagrados pela atual gestão ocupante do Palácio Rio Madeira.
Se um cidadão de Porto Velho tentar caminhar ou fazer qualquer outro exercício no Espaço Alternativo será admoestado por autoridades sanitárias da Capital ou pela própria Polícia Militar (PM/RO), esta última sob comando de Rocha e que mantém viaturas obstruindo entrada e saída na trajetória no entorno do Aeroporto Jorge Teixeira. Se dependesse de Damares, estaria entre os presos por causa da "maior violação aos direitos humanos de todos os tempos".
Na cabeça do presidente, a liberdade é mais importante do que a vida: e vale até mesmo pegar em armas para defendê-la, ou seja, qualquer pessoa deveria valer-se do expediente para confrontar decisões regionais como a do próprio Marcos Rocha ao fechar o Espaço Alternativo, ainda que a medida seja correta. Medida correta, e, diga-se de passagem, tomada com fito exclusivo de evitar aglomerações desnecessárias em meio à pandemia, especialmente agora, com a evolução ligeira do número de casos.
Mesmo assim, Marcos Rocha acredita ser possível conservar a imagem de subalterno de Messias ao mesmo tempo em que as ações do Palácio Rio Madeira contrariam a retórica bajuladora.
O atual governador, diante das grandes decisões, se apequena ao tentar esconder-se a todo custo debaixo da própria insignificância, aquartelando-se, sempre que pode, sob a saia do presidente da República, imaginando que as pessoas sejam tolas, inaptas, ignorantes, idiotas, imbecis, enfim, não tenham condições de analisar a direção das palavras e o caminho das ações.
Se João Doria, Wilson Witzel e Arthur Virgílio Neto são sinônimos de excremento na visão dos supostos heróis da Pátria por tomarem medidas com objetivo claro de evitar a proliferação do vírus, Rocha, que fez o mesmo, acertadamente, reforce-se, já pode se unir à patota dos dejetos: só falta esgoto para que possa escoar.