Por Vanessa Farias/Secom
Publicada em 09/05/2020 às 10h52
Em meio à pandemia do novo coronavírus, a luta pela vida tem se tornado ainda mais genuína para os bebês prematuros que estão internados no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro, em Porto Velho, onde um simples gesto acolhedor das mães tem feito toda a diferença no desenvolvimento dos bebês e no fortalecimento dos laços de amor: o Método Canguru.
O método é um modelo de assistência oferecida ao recém-nascido prematuro de baixo peso e sua família. Nele, o bebê fica em contato direto com a mãe, aconchegado em seu peito. Os pais também foram inseridos no processo, aproximando mais ainda o genitor de seu filho recém-nascido, mas o período exige cuidados e restrições.
“Apenas nesse momento de pandemia, teve uma redução de horários na UTI para a visitação das mães, e os pais não estão podendo entrar. As mães que estão fazendo o Método Canguru tem livre acesso 24 horas”, explica a médica neonatologista, Telma Márcia Alencar de Freitas Ferreira.
A psicóloga da unidade, Tatiana Brasil Pessoa, conta que na UTI neonatal, até esta sexta-feira (8) 28 bebês estavam internados, onde os horários estabelecidos para visitação são do leito 01 ao 08 – das 9h às 9h30, do 09 ao 16 – 10h às 10h30, e do leito 17 ao 24 – das 11h às 11h30. “A medida se faz necessária para evitar aglomeração ou disseminação do vírus”.
Na Unidade Canguru há total apoio às mães com profissionais dando assistência e orientações sobre amamentação e entrega de folder educativo. “Tivemos redução da equipe de trabalho devido à pandemia, mas temos nos ‘redobrado’ para dar essa assistência, tentando minimizar o sofrimento dessas mães que estão com os bebês internados”, explica a Tatiana.
ESTÍMULO MÚTUO
A psicóloga diz que é comum o sentimento de impotência entre as mães, por não ter saído com o bebê logo após a alta em um parto em condições normais. “E muitas chegam tristes, preocupadas, o que pode interferir na evolução do bebê. Então tentamos passar pra elas o ânimo, explicando que se não puderam ainda ir para casa, aqui é melhor lugar para eles, que tem equipe preparada para dar toda a atenção e cuidados que eles necessitam, até que ganhem peso e se recuperem para enfim receber a alta”.
O estímulo do toque, conversa com o bebê e a interação com segurança e confiança são muito importantes. “Na Unidade Canguru, há dias que elas estão extremamente cansadas, já passaram 24 horas com o bebê, estão sonolentas, querendo ir para casa. Então eu procuro fazer um trabalho para diminuir essa ansiedade, mostrando todos os pontos positivos que o bebê já atingiu desde que chegou, o valor que tem ela poder ser a protagonista de assumir os cuidados com o bebê que chegou para ela antes do tempo, e elas acabam ganhando muita segurança para cuidar desse filho até mesmo depois que forem para casa”, completa Tatiana.
DIA DAS MÃES
Com a proximidade do Dia das Mães, e lamentando não poder estar perto dos outros dois filhos, 6 e 11 anos, Jaqueline Rodrigues de Souza, 28 anos, diz ser gratificante poder cuidar do filho recém-nascido na Unidade Canguru. “Mesmo com a equipe reduzida por causa da Covid-19, eles estão se desdobrando para nos atender”.
O bebê de Jaqueline nasceu há três meses após 32 semanas de gestação, e ela diz que o contato pele a pele com o filho tem sido muito positivo para o desenvolvimento e melhoras da criança.
“Fico aqui sozinha com ele, mas está sendo uma experiência maravilhosa cuidar do meu bebê. O que torna isso mais difícil é toda essa situação de pandemia, mas a prioridade agora é ele”, conta.
Já para Wilma Macedo dos Santos Lima, 33 anos, moradora de Rolim de Moura, o Dia das Mães será ainda mais especial. Depois de 29 dias de internação, entre UTI e Unidade Canguru, com os trigêmeos nascidos com 32 semanas e cinco dias, a mulher pôde voltar para casa. “Recebemos alta na quinta-feira (7)”.
A alegria de poder juntar os trigêmeos aos outros dois filhos e ao pai, que aguardavam ansiosos pela chegada dos novos irmãozinhos, é inexplicável para Wilma. “Agora é aproveitar a família que está ainda mais bonita com os meus caçulinhas”.