Por Rondoniadinamica
Publicada em 20/06/2020 às 09h05
Porto Velho, RO – O servidor Maxwel Mota de Andrade já pode ser tachado como um verdadeiro procurador de problemas. Procurador do Estado, em vez de agir, perceba o (a) leitor (a), de acordo com a própria designação de seu nobríssimo ofício, rumou à estrada diversa na bifurcação que separa os conceitos de Estado e governo.
Pegou um desvio, em suma, institucionalizando a verborragia e as parvoíces que até então mantinham-se na seara vocal propalada a esmo através dos membros do Palácio Rio Madeira.
Logo, Andrade represente alguma coisa, sim, mas certamente não são os interesses do Estado – e muito menos de sua população.
O jornal eletrônico Rondônia Dinâmica divulgou no decorrer desta semana reportagem exclusiva revelando documento que comprova: o próprio Estado de Rondônia, gerido por Coronel Marcos Rocha, sem partido, tem “brigado” na Justiça de Rondônia a fim de pagar mais de R$ 3 milhões à empresa BuyerBR (monta bloqueada na conta do empreendimento pela 2ª Vara da Fazenda Pública após intervenção dos órgãos de fiscalização e controle).
O empreendimento em questão é investigado pelo Ministério Público (MP/RO) no caso da compra dos cem mil kits chineses para testes rápidos do novo Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2).
O curioso é que no amontanhado de coincidências, a última eviscera-se como a mais sintomática de todas: o procurador que já afrontou membros do Ministério Público Federal (MPF/RO) e agora avança contra a Força-Tarefa COVID-19 do Ministério Público do Estado (MP/RO) oficia na Casa Civil, organismo sob a égide de Júnior Gonçalves, braço direito de Rocha.
Gonçalves, por sua vez, já foi dono de uma empresa chamada RCC Alimentos, onde Maíres de Carli, hoje uma das investigadas no mesmo caso dos cem mil kits relacionados à BuyerBR, trabalhava na condição de vice-presidente.
Acasos atrás de acasos, eventualidades ao léu; enfim, o esboço de uma situação preocupante, que precisa, obviamente, ser analisada friamente pelo Poder Judiciário.
A redação consultou três servidores de carreira, nenhum deles quis se identificar, porém convergiram em relação ao tema: é a primeira vez que o trio vê o Estado de Rondônia agir como “advogado do Diabo [expressão usada por dois deles, lembrando que foram ouvidos separadamente]” em vez de esperar a deliberação da Justiça quando há imbróglio como esse.
Na mesma petição em que Maxwel Mota pede a liberação dos mais de R$ 3 milhões à BuyerBR, o procurador ataca ainda os membros do MP/RO, Joice Gushy Mota Azevedo e Geraldo Henrique Ramos Guimarães, ambos promotores de Justiça.
Estado age como se fosse escritório de advocacia da BuyerBR em processo movido pelo MP/RO - Reprodução
Além do mais, também é inédita a acusação do Estado sobre os “demais servidores” do MP/RO responsáveis por matéria específica veiculada no portal da instituição de fiscalização e controle. Como mencionado acima, o procurador institucionalizou a voz de Marcos Rocha, denominando, igualmente de forma inédita, o setor de Comunicação do MP/RO como organismo proliferador de notícias falsas (fake news).
Como entidades representativas do jornalismo silenciam diante dessas atrocidades, como o Sindicato dos Jornalistas de Rondônia (Sinjor), por exemplo, cabe o repúdio de cada profissional do ramo às investidas tacanhas como a empreendida pelo governo Rocha via atuação de Andrade, oficiando, lembre-se, pela Casa Civil de Gonçalves.
A desfaçatez da BuyerBR com o Estado de Rondônia foi tão grande que o próprio secretário de Saúde (Sesau/RO) Fernando Máximo, médico, deflagrou processo administrativo a fim de punir o empreendimento em decorrência da demora na entrega dos cem mil kits.
A atitude, correta, diga-se de passagem, contrasta sobremaneira ao intento patrocinado pelo procurador, que, além de pedir a liberação de recursos milionários na conta de uma empresa investigada, agindo como se fosse advogado desta, ainda volta as baterias da beligerância contra autoridades que defendem o Estado, aí sim de verdade, do arroubo perdulário de aloprados no mínimo negligentes – e isto na falta de oportunidade para sacramentar outros adjetivos.
Reitera-se, por fim, a vergonhosa resignação das entidades jornalísticas, de pretensa defesa da democracia e supostamente a favor das tais liberdades de imprensa e expressão, ora ignoradas, enquanto avançam as ofensivas contra seus representantes, especialmente em Rondônia onde a saraivada aporta às raias da comunicação institucional.
De nós, toda a solidariedade.
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