Por G1
Publicada em 24/06/2020 às 14h42
Reportagem do jornal britânico The Guardian nesta quarta-feira (24) denuncia um esquema de comercialização do plasma do sangue de pacientes curados da Covid-19 no Paquistão. Com o colapso do sistema de saúde do país, o material estaria sendo vendido por ate R$ 25 mil para pacientes que buscam a cura.
O plasma é a parte líquida do sangue, na qual estão anticorpos produzidos pelo organismo para combater o vírus. Essa substância, retirada de pacientes recuperados, pode ser aplicada em alguém que tenha um quadro grave da Covid-19. Essa forma de tratamento está em teste, mas não tem eficácia comprovada.
Segundo o jornal, médicos testemunharam a transação entre famílias de pacientes e intermediários nos hospitais. Eles alegam que as instituições não estão envolvidas, mas que viram o negócio acontecer na frente deles.
"Geralmente, um familiar de um paciente aborda alguém que se recuperou pedindo para doar sangue. Quando uma certa quantia é acordada como pagamento, geralmente entre 200.000 e 800.000 rúpias (R$ 6 mil a 25 mil), eles vão para um laboratório privado e extraem o plasma, que é então 'doado' aos pacientes."
Ele acrescenta: “Conheço uma família de cinco pessoas contaminadas com a Covid-19 que gastou 3,5 milhões de rúpias (R$ 240 mil) em plasma sanguíneo no mercado negro. Eles acreditam que é uma cura milagrosa."
Segundo o jornal, fontes da agência federal de investigação confirmaram que estavam cientes das vendas não regulamentadas do mercado negro de plasma sanguíneo, mas que cabia à polícia investigar os casos individuais.
O Paquistão está com uma das taxas de infecção mais rápidas do mundo, com 185 mil casos confirmados e mais de 5 mil novas infecções por dia. A quarentena foi suspensa pela Suprema Corte do país em 18 de maio ao dizer que o vírus "não era uma pandemia no Paquistão" e questionando porque o combate à doença estava "gastando tanto dinheiro".
Além disso, o país sofre com falta de medicamentos para o tratamento da Covid-19, com o roubo de cilindros de oxigênio – que são vendidos por 25 vezes o seu valor no mercado negro – e com o atraso no salário de médicos de hospitais públicos.