Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 25/06/2020 às 11h41
Em outubro de 2019, foi desencadeado um movimento de contestação popular inédito contra o conjunto da classe política libanesa, praticamente inalterada há décadas, acusada de corrupção e incompetência.
A crise económica, um dos catalisadores dos protestos, tem continuado a agravar-se, responsabilizando a população um poder afastado da realidade e preocupado com intermináveis querelas políticas.
Perto de metade da população vive sob o limiar da pobreza no Líbano, a moeda nacional afunda-se e foram impostas restrições draconianas aos levantamentos bancários, numa altura em que a dívida do Estado é de cerca de 170% do produto interno bruto.
Aoun convocou hoje uma reunião das forças políticas para o palácio presidencial, mas ela foi boicotada por vários partidos da oposição, como as Forças Libanesas e a Corrente do Futuro do ex-primeiro-ministro Saad Hariri.
Foram tomadas importantes medidas de segurança nos arredores do palácio, mas não impediram dezenas de pessoas de se manifestarem contra a reunião.
Em meados de junho, o Líbano viveu vários dias de manifestações marcadas por confrontos limitados. A oposição e o poder acusaram-se mutuamente de provocar violência e atos de "vandalismo".
"O que se passou nas ruas deve ser um aviso para todos nós. (...) Os perigos ao nível da segurança abrem caminho para as divisões sob a cobertura das reivindicações sociais", disse Aoun na reunião, onde se encontrava o primeiro-ministro, Hassan Diab.
"Nenhum resgate será possível se alguns pensarem ser fácil fazer descarrilar a segurança e a rua", indicou o presidente, um aliado do movimento xiita armado Hezbollah, que domina a vida política libanesa.
O Líbano pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI) com o objetivo de tentar conseguir um crescimento positivo a partir de 2022, mas também de fazer descer a dívida pública para menos de 100% PIB, segundo Diab.