Por France Presse
Publicada em 12/06/2020 às 15h26
Promotores italianos interrogaram o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, nesta sexta-feira (12) sobre a gestão governamental da epidemia de coronavírus que causou mais de 34 mil mortes no país, em uma investigação para avaliar as decisões tomadas em fevereiro no início do surto.
O chefe de Governo prestou declaração por três horas na sede do governo em Roma, o Palazzo Chigi, como parte da investigação aberta sobre a demora na declaração dos municípios de Nembro e Alzano Lombardo "zona vermelha", em março, em plena expansão da pandemia, que causou mais de 34 mil mortes em todo o país.
A equipe de magistrados, liderada pela promotora Maria Cristina Rota, ouviu o primeiro-ministro "como uma pessoa informada dos fatos", sem atribuir nenhum crime a ele.
A Promotoria também ouviu o testemunho na mesma sede da ministra do Interior, Luciana Lamorgese, e do ministro da Saúde, Roberto Speranza.
O objetivo é estabelecer tecnicamente quem foi responsável por declarar as "zonas vermelhas" durante o início da epidemia, colocando o governo central contra as autoridades da região da Lombardia.
A disputa entre o governo central, formado pelo Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrata (PD, centro-esquerda), e as autoridades da região da Lombardia, das quais depende Bergamo e onde a Liga de direita governa, pela administração da epidemia tem sido constante durante a crise.
Conte, que afirmou na quarta-feira passada que tomou todas as decisões "com consciência", garantiu em várias ocasiões que a região da Lombardia "tinha todos os instrumentos" para agir, como outras regiões.
Tanto a associação de parentes das vítimas do coronavírus, quanto alguns partidos e sindicatos, atribuem o atraso aos interesses econômicos, por se tratar de uma área industrial próspera, com mais de 400 fábricas e milhares de trabalhadores.
Uma investigação complexa
O magistrado de Bérgamo já ouviu os depoimentos de vários políticos, incluindo o governador da Lombardia, Attilio Fontana, e seu conselheiro de saúde, Giulio Gallera, que foram recebidos na cidade com insultos e gritos de "assassinos".
De acordo com Gallera, era evidente desde 23 de fevereiro que havia muitos casos em Nembro e Alzano e afirma que o governo não quis agir.
Por sua vez, o comitê científico que assessora o governo e o Instituto Nacional de Saúde informou no início de março que essas cidades estavam fechadas.
Segundo a mídia local, o exército e as forças de ordem foram implantadas nessas cidades por três dias para aplicar o fechamento, mas foram embora porque a ordem nunca chegou.
A justiça deve reconstruir os dias difíceis e complicados nos quais o número de mortos aumentava dia após dia, os hospitais estavam em colapso e o país se tornou o foco da epidemia na Europa.