Por Vanessa Moura/Assessoria
Publicada em 04/06/2020 às 12h47
O governo de Rondônia reúne esforços para ampliar leitos aos pacientes com Covid-19, e conta com o trabalho da classe empresarial e parlamentares para isso. Na manhã desta quarta-feira (3), o secretário de Estado da Saúde (Sesau), Fernando Máximo, verificou in loco a estrutura montada no Hospital de Amor da Amazônia, em Porto Velho, através de recurso da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE), para atender casos da doença.
A iniciativa vai permitir que a partir desta quarta-feira, mais 12 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estejam disponíveis no Estado. Outros 49 leitos clínicos devem ser entregues na sexta-feira (5). ‘‘É do conhecimento de todos que os leitos de UTI em Rondônia estão no limite, tanto da rede pública quanto da rede privada, há pouquíssimos leitos disponíveis, então esses leitos são extremamente importantes neste momento’’, disse o secretário.
Fernando Máximo destacou ainda a estrutura de excelência que foi preparada para atender a população na unidade, e ainda agradeceu em nome do governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, à Assembleia Legislativa pelo aporte financeiro que vai permitir salvar vidas.
‘‘Deliberamos com os nossos deputados e os 24 aprovaram a proposta. Foi encaminhada à Sesau e o governador determinou para que se fizesse todo o processo legal. Esse recurso é resultado de uma economia que fizemos e o nosso papel é ser solidário às famílias que estão sofrendo com essa doença’’, afirma o presidente da ALE-RO, Laerte Gomes.
A regulação do Estado passará a transferir pacientes da rede pública estadual de saúde para o Hospital de Amor, conforme a necessidade. O diretor executivo do Hospital de Amor de Porto Velho, Jean Negreiros, esclareceu que a ala para pacientes com Covid-19 fica no 2º andar da unidade e é isolada das demais, para garantir a segurança dos pacientes oncológicos.
‘‘O Hospital primou pela preservação da segurança do tratamento dos pacientes oncológicos. Há um acesso próprio para a ala que atende os pacientes com Covid-19, isolada das demais, no segundo andar, totalmente independente’’, assegura o diretor. Os profissionais que atenderão os casos na unidade passam por treinamento para garantir excelência de assistência aos pacientes.
A médica intensivista e coordenadora da Santa Casa de Barretos, vinculada à Fundação Pio XII, Amanda Ribas, explicou que antes do primeiro plantão os profissionais são treinados para ter mais segurança no atendimento aos pacientes. ‘‘O que vai desde medidas básicas como higienização das mãos, paramentação e desparamentamento, conhecer material de trabalho, que é diferente de um hospital para outro, e entender todo o processo de trabalho’’, conta. Além disso, mais uma médica virá reforçar a equipe, para que o treinamento aconteça regularmente.
Novos leitos são essenciais neste momento que o índice de ocupação é crítico
DESAFIO
Apesar dos esforços em ampliar os leitos, em coletiva nesta quarta-feira (3), o secretário de Saúde alertou a população que não pode haver um relaxamento do cumprimento das medidas de proteção contra o contágio pelo coronavírus.
Fernando Máximo falou da vontade do governo, de mesmo realizando um trabalho intenso, conseguir fazer muito mais do que está sendo feito, mas esclareceu que montar novos leitos é algo complexo, pois os equipamentos estão caros e raros.
O diretor executivo do Hospital de Amor de Porto Velho também reforça o desafio para estruturar leitos para os pacientes com a Covid-19. ‘‘Foi uma iniciativa ousada assumir esse compromisso, mas nós temos uma fundação mantenedora em Barretos, que atende várias unidades no Brasil, e mobilizou equipe para nos atender na compra de insumos e equipamentos’’.
Mesmo assim, foi preciso superar dificuldades. ‘‘É um desafio, porque está todo mundo atrás de ventilador, monitor, esses insumos, e os preços encareceram muito. Mesmo comprando os itens à vista, nós tivemos dificuldade de entrega. As compras foram canceladas, e depois restabelecidas de uma nova forma. Não é fácil. E o maior desafio de todos: contratação de profissionais. Apesar de sermos uma entidade privada, com mais facilidade de contratar, tivemos a dificuldade de ter profissionais que pudessem atender a complexidade dessa demanda, mesmo assim conseguimos 127 profissionais de melhor excelência que podemos ter nesse momento’, esclareceu o diretor.
”O mundo inteiro está buscando os mesmos produtos ao mesmo tempo, e temos dificuldade para comprar os equipamentos, mesmo tendo o dinheiro”, explicou o secretário de saúde. Mesmo assim há esforço conjunto para ampliar leitos diante dos desafios gerados pela pandemia, somado ao histórico déficit de leitos.
”Nós assumimos a secretaria com um deficit enorme de leitos, esperava-se que Rondônia fosse o primeiro a entrar em colapso na região Norte pelo histórico e não foi assim, conseguimos criar novos leitos”, disse o secretário, destacando que esses esforços precisam ser acompanhados da colaboração da população em evitar contaminação.
A gerente técnica de Vigilância Epidemiológica da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Arlete Baldez, reforçou o pedido para que a população colabore, para que não haja uma demanda intensa por leitos. ‘‘Sabemos do esforço do Estado de ampliar a rede assistencial, mesmo assim, a população precisa ter consciência que estamos nos aproximando de um ponto que, por mais que tenha dinheiro, não terá para onde levar o familiar doente, devido lotação dos leitos, tanto públicos quanto privados, então pedimos que todos se previnam do risco de contágio, pois o poder público sozinho não resolve”, afirma.
Ela ressaltou ainda a complexidade de aumentar o número de leitos. ”A rede de assistência não se aumenta em estralar de dedos, pois não precisa só de leitos, é acompanhada de profissionais, equipamentos, medicamentos, uma série de exames, tudo feito com responsabilidade”.
Arlete Baldez alertou ainda que a curva da pandemia em Rondônia está em franca aceleração. ”A única saída é o isolamento social. Temos notícia de pessoas que mesmo tendo familiar com Covid-19, estão circulando, isso não pode, pois quando uma pessoa testa positivo, toda família deve ficar de quarentena para evitar transmissão. Toda a população deve manter o distanciamento e uso de máscaras é fundamental. Estamos nos aproximando do colapso, e só podemos evitar isso se cada um fizer sua parte”, concluiu.