Por Agência Brasil
Publicada em 09/06/2020 às 15h59
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu hoje (9) ao ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, mais transparência na divulgação dos dados relativos à pandemia do novo coronavírus (covid-19) no país. Ele disse que houve um "claro problema de comunicação do governo a respeito da mudança na divulgação dos dados da pandemia.
Maia se referiu a uma declaração do empresário Carlos Wizard, indicado secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, que disse que o ministério iria rever os dados estatísticos sobre a pandemia, considerados pelo empresário de “fantasiosos e manipulados”.
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, pediu transparência na divulgação de dados sobre a pandemia - Najara Araújo/Câmara dos Deputados
"Estamos aqui por conta de um problema claro de comunicação do governo com a sociedade, com os governadores, os prefeitos e o Parlamento. O que vivemos nos últimos dias, inclusive com a entrevista do ex-secretário foi lastimável", disse Maia ao ministro interino, na reunião da Comissão Externa da Câmara que trata de medida de combate ao coronavírus. Pazuello presta esclarecimentos sobre a mudança nos registros de dados.
De acordo com Maia, faltou ao governo construir um ambiente de diálogo com o Parlamento, governadores e prefeitos a respeito de mudanças na divulgação dos dados. O deputado cobrou a manutenção da plataforma antiga para a divulgação dos dados para dar "transparência" nas informações relacionadas ao avanço da doença.
"Nós chegamos ao momento de hoje, com o Parlamento trabalhando para organizar os dados, o TCU [Tribunal de Contas da União] trabalhando para organizar os dados, com o Supremo Tribunal Federal dando liminar para que o senhor reproduza o banco de dados que vinha sendo feito”, afirmou.
"O que nós queremos é que todos os brasileiros tenham transparência na divulgação desses dados. O que ocorreu nos últimos dias foi exatamente o contrário, pelo menos do ponto de vista do diálogo do governo com o Parlamento e a sociedade", acrescentou.
Durante sua apresentação, o ministro interino defendeu a mudança na plataforma de divulgação, alegando que era uma "proposta", afirmando que os dados não podem ser escondidos. Pazuello apresentou um novo sistema desenvolvido pela pasta, que apresenta os dados de óbitos pela data em que ocorreram, em vez de quando foram notificadas, como até então.
"O modelo anterior nunca me agradou, os dados somados puros não eram dados que eu achava suficiente para os gestores", argumentou Pazuello.
Ao ser questionado por parlamentares, Pazuello disse que vai disponibilizar também outras informações, como casos suspeitos, sob investigação, entre outros, e que elas estarão disponíveis em até 48 horas.
Coronavírus
Na avaliação do ministro Pazuello, o impacto da doença, até o momento, se concentrou na regiões Norte e Nordeste, e que o impacto nas regiões metropolitanas "já aconteceu".
Segundo ele, os casos nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro são pontos fora da curva. Pazuello disse ainda esperar um impacto menor da pandemia nos estados do Centro-Sul do país.
O ministro disse que a maior preocupação no momento é o aumento de casos de covid-19 em municípios do interior do país. Ele disse que o governo vai trabalhar para deslocar as estruturas de atendimento ociosas nas regiões metropolitanas.
A estratégia é utilizar as estruturas ociosas ou que estão ficando ociosas nas capitais para atender o interior. Distribuir respiradores de transporte, recursos para a contratação de UTIs, às vezes aérea, às vezes terrestres, disse.
Cloroquina
O ministro falou ainda sobre as diretrizes do ministério relacionadas ao uso da cloroquina no tratamento do coronavírus. Segundo Pazuello, a intenção do ministério foi passar a orientação mais "suave" para profissionais de saúde e pacientes.
"A nossa orientação foi a mais suave possível para cobrir duas linhas, o SUS [Sistema Único de Saúde], que já usava [o medicamento] e não tinha nenhuma orientação sobre isso, e o outro lado era o próprio vulnerável que quisesse ou optasse por usar e não tivesse essa possibilidade. A orientação apenas dá a liberdade para o médico fazer o diagnóstico e a prescrição, não é um protocolo, nem uma determinação", esclareceu.