Por Rondoniadinamica
Publicada em 18/07/2020 às 10h17
Porto Velho, RO – Quem pensou que o Governo de Rondônia recuou na intenção de perdoar a dívida bilionária da Energisa SA errou de maneira grosseira, embora, claro, a jogada do Executivo em retirar a mensagem encaminhada à Assembleai Legislativa (ALE/RO) tenha soado como tal.
A verdade é que a gestão do Coronel Marcos Rocha, sem partido, só mudou a forma de propagandear o intento, jogando na fuça da sociedade, de novo, e usando inclusive o canal institucional do Palácio Rio Madeira para isto o afã em largar de mão R$ mais ou menos R$ 1,3 bilhão.
E aí a publicidade fica bonita, é óbvio, com o alardeio do seguinte dado: o Estado deve receber à vista, numa tacada só, R$ 800 milhões com o negócio obtuso denominado de maneira desavergonhada como “acordo”.
A concessionária que um dia já foi a pomposa estatal Centrais Elétricas de Rondônia (Ceron) – e também Eletrobras –, com seu enorme cesto de passivos acumulados anos a fio, precisa, imediatamente, descarregar essa responsabilidade financeira sobre os ombros de alguém.
Com ajuda de Marcos Rocha e sua trupe administrativa, a despeito dos esforços da Secretaria Estadual de Finanças (Sefin/RO) em tentar defender o indefensável, a fatura recairá no lombo de quem tem recebido da empresa faturas absurdas e um péssimo serviço.
Para ilustrar visceralmente o quão na contramão da vontade coletiva está o governador e estafe, o site Rondoniaovivo lançou enquete há quatro dias perguntando os internautas regionais se estes seriam eram a favor ou contra o perdão da dívida da Energisa. Dívida esta cujo valor exonerado será, relembrando, de mais de um bilhão de reais.
Com 4,6 mil votos, 95% se manifestaram no sentido contrário ao perdão da pendência exorbitante.
Mas se não fosse suficiente, o Rondônia Dinâmica entrou em contato com o deputado Alex Redano, do PRB, presidente da CPI na Energisa e mandatário seguinte da Casa de Leis já eleito para o próximo biênio.
Pego no contrapé, declarou: “Eu não entendi essa matéria. O projeto foi retirado, e a informação é que ele voltaria só ano que vem. Foi o que ouvi nos bastidores. Estou sem entender, pra falar a verdade”.
Em seguida, o parlamentar disse que a matéria seria antiga, publicada de maneira equivocada pela Superintendência Estadual de Comunicação (Secom/RO), que houve um erro e a reportagem seria retirada.
O contato feito pela redação com Redano ocorreu às 14h35 da sexta-feira (17). Agora, às 22h45, enquanto este editorial é produzido, a veiculação ainda está mantida no ar, integralmente.
O advogado Gabriel Tomasete, especialista em Direito do Consumidor, diz que em relação à Energisa não mudou nada. “A empresa deve R$ 2 bilhões, praticamente isso. E quer pagar de R$ 700 a R$ 800 milhões e ter isenção de R$ 1,3 bilhão”.
Tomasete, que acompanhou algumas reuniões da CPI da Energisa, alegou estar revoltado com a última veiculação do Palácio Rio Madeira sobre o assunto.
“Vou protocolar uma denúncia no Ministério Público Federal (MPF) e vamos barrar isso aí. O governo está chamando o povo de idiota, apenas mudando a forma de divulgar a notícia, entendeu? Só mudou a forma de trazer a notícia, mas os valores são os mesmos”, concluiu.
Trabalhando de costas para o Legislativo, vide a declaração do próximo presidente do Legislativo revelando que sequer estava ciente do assunto, e, ainda, passando por cima da expressão soberana extraída do seio social que o alçou ao poder, Rocha se distancia cada vez mais da transparência aprimorada pela democracia. Por ora, se aproxima, sorrateiramente, do totalitarismo ilustrado perfeitamente por ações sórdidas impetradas ao arrepio do desejo popular.