Por Globoesporte.com
Publicada em 27/08/2020 às 10h43
Charles do Bronx está na bronca. Mesmo com luta marcada para o dia 3 de outubro, diante de Beneil Dariush, o brasileiro não consegue entender o fato de muitos lutadores não aceitarem enfrentá-lo. Hoje sexto colocado do ranking peso-leve (até 70kg), o paulista de 30 anos garante que muitos não aceitam o chamado do UFC para casar a luta com ele, principalmente os cinco primeiros da lista de desafiantes.
- A real é a seguinte: esses cinco estão nessa caixinha deles, e só lutam entre eles. Assim, com certeza vão continuar entre os cinco. Eles não abrem a oportunidade. Um está lesionado, outro não pode lutar, outro não quer lutar...Como pode isso? Isso não existe, você tem que lutar, e se não quiser tem que sair da frente. Se está machucado, entendo, se está com algum problema de família, entendo, se acabou de vir de uma luta, entendo. Mas Dustin Poirier lutou alguns meses atrás e agora falou que só quer lutar ano que vem para continuar amando o esporte. Não entendo. Dan Hooker lutou com o Poirier e perdeu, mas cadê? Não lutou mais. Tony Ferguson também. Justin Gaethje entendo, esperou o Khabib para lutar pelo cinturão em outubro. Conor McGregor, volta ou não volta? Eles ficam nessa caixinha deles e não lutam com ninguém - disparou Do Bronx ao Combate.
O cenário é o seguinte no peso-leve: o campeão Khabib Nurmagomedov defende o título em 24 de outubro diante de Justin Gaethje, atual campeão interino. Dustin Poirier lutou pelo título em setembro de 2019, e em junho deste ano venceu Dan Hooker por decisão unânime. Estaria esperando a chance de título já na sequência? O número 3 do ranking é Tony Ferguson, que em maio perdeu para Gaethje. O número 4 é o irlandês Conor McGregor, que anunciou aposentadoria mas segue mantido no ranking pelo UFC. Na sequência, Dan Hooker é o 5° colocado, tendo perdido em junho para Poirier.
- Me ofereceram vários nomes, e nenhum deles quis a luta. Têm caras que aparecem na mídia desafiando, falando um monte de coisas, mas na hora do "vamos ver" eles correm. Essa é a real. Tem cara que foi chamado para lutar comigo, não aceitou, e agora está com luta marcada. São coisas que não têm lógica. Não vou dar nomes, só que é o seguinte: está todo mundo em busca de um sonho, em busca de um objetivo que é o cinturão, e uma hora ou outra vamos ter que nos trombar. Se eles estão com medo de lutar comigo agora, ficarão com mais medo ainda mais na frente. A cada dia que passa, me sinto melhor, me sinto mais forte, me sinto mais pronto. Então, uma hora ou outra vamos bater de frente (...). O UFC mandou alguns nomes de cima, perguntou se eu aceitava e na hora aceitei, só que quando foi a hora da resposta (os outros lutadores) não aceitaram. Então, não tem muito o que fazer, só esperar.
Do Bronx, dono de um cartel com 29 vitórias e oito derrotas, acha que o justo seria enfrentar um rival que está à sua frente, muitos deles vindo de derrotas. Dariush é apenas o 11° colocado do ranking dos leves, cinco posições abaixo do brasileiro.
- Acho que (uma luta justa para mim) é com qualquer um dos cinco, qualquer um que esteja na minha frente. São sete vitórias seguidas, e não deixo nas mãos dos juízes, nocauteio ou finalizo. Por que sou o sexto? Dan Hooker vem de derrota, Tony Ferguson vem de derrota... Estou vindo de sete vitórias e sou o sexto! Como esses caras estão na minha frente? São coisas que não entendo, não têm lógica. "Ah, eles são melhores que você". Tudo bem, bota para lutar comigo que vou mostrar que sou melhor.
Segundo Charles, o cenário que lhe foi passado é que precisaria vencer mais duas lutas e teria a oportunidade de disputar o cinturão, ainda que seus adversários não estejam no topo da categoria. Dessa forma, ele teria nove vitórias consecutivas na organização. No último dia 1°, ele completou 10 anos de Ultimate.
- O que meu empresário passou o seguinte: tenho mais duas lutas para ser o próximo desafiante. Não importa se é um cara ranqueado ou não, são duas lutas que tenho que fazer. Só que estou num momento que quero me testar, não quero lutar com um cara que seja abaixo, quero lutar com um cara que esteja acima, esse é o meu momento, preciso disso para saber onde estou.
Passado o desabafo, Charles agora quer olhar para frente. E Dariush apresenta origens parecidas com a do brasileiro. Do Bronx faz parte da equipe Chute Boxe/Diego Lima, raiz paulista da renomada equipe de muay thai surgida em Curitiba. Já o americano integra a Kings MMA, na Califórnia, liderada por Rafael Cordeiro, também cria da Chute Boxe curitibana.
- Não era uma luta que a gente queria, como já falei milhares de vezes, mas foi a luta que veio, então vamos lutar (...). Dariush vem da mesma escola que eu, a Chute Boxe, está com o Rafael (Cordeiro), são os caras que andam para frente o tempo inteiro, tem um jiu-jítsu bom, wrestling bom... Nas últimas lutas, ele veio para o tudo ou nada, é agressivo, anda para frente batendo. Temos que tomar cuidado com isso. Mas acontece o seguinte: se ele me botar para baixo, é o que sei fazer de melhor, e se vier para trocar frente a frente, todo mundo está vendo que bato de encontro, saio, bato, me movimento... Será uma grande luta, uma grande guerra com duas grandes equipes.
Do Bronx também aproveitou para avisar que a página está virada quanto a uma possível volta ao peso-pena (até 66kg), assunto que tanto foi levantado por ele mesmo. A não ser que acontecesse por uma ocasião especial.
- Hoje estou muito mais forte do que no começo (na categoria), quando queria muito voltar (aos penas). Hoje, penso assim: se Deus abençoar e eu ganhar esse cinturão de 70kg, para fazer uma luta pelo cinturão dos 66kg, com certeza desceria, e se fosse com tempo, sabendo que daqui a três meses vou lutar - concluiu.