Por Agência Brasil
Publicada em 10/08/2020 às 15h52
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, disse hoje (10) que o Brasil vive um momento de esforço de guerra contra o novo coronavírus e que é preciso haver união no combate à pandemia. Para isso, segundo ele, não devem existir diferenças partidárias ou ideológicas. Ele disse que é importante contar com a participação da imprensa para fazer chegar informações corretas aos lugares de mais difícil acesso no país.
“Estamos em um esforço de guerra, lutando contra uma pandemia. O Orçamento [da União] que foi liberado é um orçamento de guerra. Quando as empresas aceitam as requisições de equipamentos e materiais isso é esforço de guerra. Quando a mídia chega conosco para, juntos, aumentarmos a capacidade do país em chegar ao mais longe rincão, levando a informação correta e necessária, estamos todos juntos nessa missão. Não existem, neste momento, diferenças partidárias ou ideológicas. Somos todos brasileiros combatendo, dia a dia, da melhor forma para que não haja mais mortos em nosso país”, disse Pazuello ao participar da cerimônia de inauguração da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19, na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na zona norte do Rio de Janeiro.
A nova unidade vai ampliar a capacidade nacional de processamento de testes moleculares para detecção da covid-19 e está equipada com plataformas automatizadas. Em pleno funcionamento, a unidade terá a capacidade de liberar até 15 mil resultados de testes moleculares por dia.
O ministro destacou que a testagem inclui o acompanhamento e compreensão das curvas de casos, uma vez que o diagnóstico já foi feito anteriormente pelo médico. Pazuello acrescentou que dessa forma vai ser possível parar o sangramento que representa as mortes diárias pela covid-19.
“Já perdemos 100 mil brasileiros com nome, identidade, família e, podem acreditar, estamos todos os dias revendo nossos protocolos, procurando o que tem de melhor, e alterando aquilo que não estava dando certo. É nesse viés que posso afiançar: diagnóstico e testagem, que se encaixam com essa inauguração de hoje, são a base do tratamento precoce.”
Atendimento
O ministro recomendou que as pessoas que tiverem sintomas da doença que não esperem a situação se agravar para buscar atendimento. Segundo ele, não está correto ficar em casa até passar mal, com sintomas de falta de ar. Esse protocolo já foi alterado pelo Ministério da Saúde, explicou. “Isso não funciona, não funcionou e deu no que deu. Nós, há dois meses, já mudamos esse protocolo.
A qualquer sintoma, procure imediatamente a unidade básica de saúde, as triagens a UPA, procure o médico, que tem poder soberano de diagnosticar de forma clínica e epidemiológica, com exame laboratorial, com exames de imagens e testes para definir o diagnóstico”, disse o ministro,
Na sua visão, com esse procedimento, o paciente não vai ter o quadro agravado e necessitar de uma UTI. “O risco de morrer aí é muito pequeno, a partir do tratamento correto, do diagnóstico precoce e da compreensão de que não é ficar em casa aguardando a piora dos sintomas”, completou.
Gestão
De acordo com Pazuello, cabe aos municípios e estados a gestão de medidas preventivas e de afastamento social. Todas têm o apoio do governo, mas precisam ser seguidas de ações para identificar o diagnóstico da população. “Nós apoiamos todas, porque quem sabe o que é necessário naquele momento precisa de apoio, e nós apoiamos."
Legado
Com o início das operações da Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19, segundo o ministro, a Fiocruz dá mais um passo em sua estrutura interna, deixando um prédio que ficará como legado, o centro de testagem. A logística nacional de testagem do Brasil não é simples por ser um país continental, explicou. “Nossos Lacens [Laboratório Central de Saúde Pública] não têm estrutura e capacidade de fazer toda a demanda de testagens, processamentos. Cabe à Fiocruz, aqui e em São Paulo, receberem a demanda para reforçar os Lacens . O Lacen não puder fazer no seu estado, faremos a logística, traremos para cá, e com isso, a gente faz o aumento da nossa capacidade de testagem”.
O ministro destacou que a testagem efetiva trata de epidemiologia, acompanhamento e compreensão das curvas de casos. O diagnóstico já foi feito anteriormente pelo médico. Pazuello acrescentou que dessa forma vai ser possível parar o sangramento que representa as mortes diárias pela covid-19.
“Espero ter sido claro nessa posição, claro que estou falando para que a imprensa divulgue. Esse é o papel que espero de todos nós. Fica clara a missão: é preciso que todos compreendam o que tem que ser feito para que possamos parar o sangramento e as perdas. Todos os dias nós sofremos as perdas. Não é um número. Não 95 mil, 98 mil, 100 ou 101 que vão fazer a diferença. O que faz a diferença é cada um brasileiro que se perde. A gente precisa compreender como parar o sangramento e parar o sangramento é diagnóstico precoce, tratamento imediato, compreensão do suporte ventilatório antes da UTI”, afirmou.
Fiocruz
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, disse que a entidade tem atuado em diversas frentes no combate ao novo coronavírus, desde os testes moleculares, ações educacionais e de pesquisa, uma vez que ainda há muitas questões sem respostas, que afligem o país e o mundo. Nísia lembrou que a Fiocruz está à frente do desenvolvimento da vacina de Oxford.
A presidente agradeceu à Iniciativa Todos pela Saúde, que conta com recursos do Itaú Unibanco e participa do projeto de início da operação da Unidade de Apoio ao diagnóstico da Covid-19. Agradeceu também ao ministério da Saúde pelo apoio a esta ação fundamental no enfrentamento à pandemia, com a ampliação da capacidade de realização dos testes.
“A política e capacidade de testagem é fundamental hoje em todas as etapas, por isso, a Fiocruz nos seus 120 anos, com os importantes apoios aqui mencionados, com muito compromisso, faz ela faz essa entrega hoje. Lamentamos as perdas de vidas durante essa pandemia e reforçamos o nosso compromisso com ações de saúde pública, de ciência e tecnologia que nos permitam nosso país superar este quadro e caminhar no sentido de fortalecimento do nosso Sistema Único de Saúde e da base científica e tecnológica tão importante para isso”, disse.
Nísia Trindade disse que a inauguração é um fortalecimento de todo o sistema de vigilância no qual os Laboratórios Centrais dos estados têm papel relevante. “Nosso objetivo é somar, contribuir e em um momento tão delicado somarmos forças”, acrescentou, afirmando, que após a pandemia a Unidade de Apoio será certamente uma contribuição fundamental no campo da vigilância sanitária do país.
Recursos
A vice-presidente do Banco Itaú e representante da instituição no Comitê Gestor da Iniciativa Todos pela Saúde, Claudia Politanski, lembrou que a instituição colaborou com a construção do Hospital de Campanha de Manguinhos, estrutura permanente que pertence a Fiocruz, além do centro de testagem da Fundação o banco também destinou recursos para o centro de testagem do Ceará.
“A gente sabe a importância da testagem no combate à pandemia e no controle da gestão epidemiológica dessa doença. Temos também a oportunidade de ajudar na estruturação do projeto de vacinação a gente sabe também da importância no contexto todo”, informou, destacando que a Unidade de Apoio ao Diagnóstico permanecerá depois da pandemia e vai atender a outros desafios no âmbito da saúde pública que possam se apresentar.
O presidente da Comissão Externa do Coronavírus na Câmara Federal, Luiz Antônio Teixeira Júnior, o deputado Luizinho (PP/RJ), disse que Pazuello vai marcar a gestão dele como ministro, pelo apoio à Fiocruz, que é a mola da saúde pública brasileira.
“Sai daqui, desses cérebros, dessas equipes a possibilidade de transformação da saúde pública brasileira. Cada investimento aqui dentro é uma decisão de legado”, observou, acrescentando que está na Fiocruz a esperança de libertação dos brasileiros com o desenvolvimento da vacina contra a doença.
“Daqui vai sair a libertação do povo brasileiro nesse momento tão difícil. É daqui, dessa casa de 120 anos que vai nascer a vacina, que com certeza absoluta, vai devolver a norma.