Por Blog do Painel
Publicada em 22/08/2020 às 10h17
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Rondônia Maurão de Carvalho é atualmente uma das maiores lideranças políticas, apesar de estar fora do mandato desde 2018, quando perdeu a eleição para governo. Não fosse o “fator Bolsonaro” que o tirou da disputa no segundo turno, ele teria grandes chances de vencer o então favorito Expedito Júnior.
Mas, até conseguir ser o candidato do MDB, partido o qual ingressou em 2016, após ter rompido com o PP, foi uma longa estrada, com cinco mandatos consecutivos de deputado estadual após ter sido eleito o primeiro prefeito de Ministro Andreazza em 1992 pelo PTB.
Ao longo desse período, Maurão sofreu duas traições pesadas, relacionadas a seu sonho de ser governador. A primeira foi em 2014, sua primeira investida. Na época, Maurão era filiado ao PP, de Ivo Cassol, e desde 2013 que Maurão dizia que seria candidato da legenda ao governo. Cassol, então senador, desconversava. Percorria o Estado concedendo entrevistas, e sempre que era questionado sobre a candidatura de Maurão, mudava de assunto ou respondia com dubiedades.
Em 2014, na convenção do partido onde seria definido um nome para a disputa ao governo, Maurão contava com dezenas de apoiadores que estavam presentes ao auditório da Ulbra, em Porto Velho. Mas isso não foi suficiente para convencer o ex-senador Ivo Cassol, que preferiu lançar sua irmã, Jaqueline como candidata do grupo.
Nesse dia, Maurão concedeu uma coletiva onde fez uma série de revelações sobre o episódio, que ele considerou uma traição. PAINEL POLÍTICO estava lá, confira abaixo a fala de Maurão na época.
Apesar das palavras duras de Maurão, Cassol manteve-o como candidato da legenda a deputado estadual, e ele mais uma vez foi eleito. E em fevereiro de 2015 ele assumiria a presidência da Assembleia Legislativa.
Com perfil conciliador e sem envolver-se em polêmicas, Maurão conseguiu administrar a relação com o governo de Confúcio Moura, que estava em seu segundo mandato. E seria Confúcio o segundo a lhe trair. Mesmo avisado, Maurão ignorou todos os sinais, e só teve clareza da rasteira no dia da convenção do MDB, que teve tumulto provocado por gente ligada a Confúcio Moura e até tapa na cara.
Confúcio não queria Maurão como candidato da legenda. Achava que o presidente da Assembleia era fraco, e não teria “estatura” para lhe suceder. Fez de tudo para sabotar a candidatura de Maurão e quando percebeu que poderia ficar até mesmo sem vaga para disputar o Senado, partiu para o ‘tudo ou nada’ contra Maurão e seu grupo, capitaneado pelo ex-senador Valdir Raupp.
Passado o tumulto da convenção, Maurão conseguiu ser o candidato da legenda, não fosse a crise política que abala o país desde 2016, teria grandes chances de ver concretizado seu sonho de governar o Estado. Não fosse o ‘acidente’ de percurso Marcos Rocha, Maurão disputaria em pé de igualdade com Expedito Júnior.
Mas, havia uma pesada espada sobre Maurão, um processo referente a Operação Dominó, deflagrada em 2006 pela Polícia Federal em Rondônia que indiciou 23 dos 24 deputados por crimes de corrupção, e Maurão estava entre eles. Após o período eleitoral, ele foi condenado e recorre ao Superior Tribunal de Justiça e, segundo seus advogados, com chances reais de ser absolvido em todas as acusações. O processo foi trancado por determinação da Corte superior.
Covid-19 e o recomeço
Em junho deste ano Maurão foi contaminado pelo coronavírus e ficou internado mais de uma semana. Após sua recuperação, ele passou a visitar lideranças e rever amigos por todo o Estado, com agenda própria e sem um projeto político claro. E a recepção tem sido boa. Maurão tem baixa rejeição e com perfil agregador, vai construindo uma nova base política.
Desta vez, sem a pressão do mandato, ele tem tido tempo para se dedicar a família e dar atenção aos netos. Também tem cuidado de alguns negócios empresariais em Porto Velho e no interior.
Quando o assunto é voltar à vida pública, Maurão fica pensativo, e não confirma nem nega. Para ele o mais importante agora está sendo rever os amigos. Ele também não confirmou sobre sua permanência no MDB, que atualmente está sob o controle do grupo de Confúcio Moura.