Por Agência Brasil
Publicada em 03/08/2020 às 14h46
Segunda maior cidade da Austrália, Melbourne, já sob toque de recolher à noite, anunciou novas restrições a alguns setores, como varejo e construção, nesta segunda-feira (3), em uma tentativa de conter o ressurgimento do novo coronavírus.
A partir da noite de quarta-feira (5), Melbourne, capital do estado de Victoria, fechará varejos, algumas manufaturas e negócios administrativos, como parte de um isolamento de seis semanas.
As novas medidas devem dobrar o número de empregos afetados pelas restrições impostas por causa do novo coronavírus para aproximadamente 500 mil e, junto com aqueles que trabalham de casa, impedirá que 1 milhão de pessoas se desloquem, afirmou o primeiro-ministro de Victoria, Daniel Andrews.
Depois de ter imposto restrições rígidas de movimento, Victoria declarou “estado de desastre” nesse domingo.
A Austrália está melhor que muitos países, com 18.361 casos de coronavírus e 221 mortes, em uma população de 25 milhões, mas o surto em transmissões entre a comunidade em Victoria gerou medo de que a taxa de infecção saísse do controle.
“Por mais que parta o coração fechar postos de trabalho, é o que precisamos fazer para parar a disseminação desse vírus descontroladamente infeccioso”, afirmou Andrews, entrevista coletiva. “Caso contrário, não serão seis semanas de restrições, mas seis meses.”
As últimas medidas em Victoria cortarão a produção de frigoríficos em um terço, causarão o recuo em atividades de construção e de funcionários em centros de distribuição e todas as escolas voltarão ao ensino a distância.
Os supermercados permanecerão abertos, junto com entregas de restaurantes, mas outros estabelecimentos de varejo serão fechados.
O surto em Victoria, que representa um quarto da economia nacional, acabou com as esperanças de uma rápida recuperação da primeira recessão da Austrália em quase três décadas.
Andrews anunciou pagamentos de US$ 5 mil australianos (US$ 3.570) a negócios afetados e sinalizou mais anúncios sobre punições, aplicações e educação para esta terça-feira.
O governo nacional também anunciou pagamentos, por causa da pandemia, para pessoas que ficaram sem licença médica e precisam ficar em isolamento por 14 dias, para garantir que pessoas com sintomas de covid-19 parem de ir ao trabalho.
“Estamos lidando com um desastre”, afirmou o primeiro-ministro Scott Morrison, em entrevista. As restrições anunciadas no domingo incluem toque de recolher entre 20h e 5h durante seis semanas, impedindo que as quase 5 milhões de pessoas da cidade saiam de suas casas, exceto para trabalho e para fornecer ou receber tratamentos.
“A ideia de que, neste país, viveríamos em uma época com toque de recolher noturno em uma cidade inteira do tamanho de Melbourne era impensável”, disse Morrison.
Victoria relatou 429 novos casos na segunda-feira, uma queda em relação às 671 novas infecções registradas no domingo, mas teve 13 mortes, o segundo maior total diário de óbitos.
Medo de disseminação
Estados que fazem fronteira com Victoria também tomaram medidas de precaução.
Nova Gales do Sul, que teve 13 novas infecções, recomendou com veemência o uso de máscaras em todos os espaços fechados, enquanto a Austrália do Sul, com dois novos casos, reduziu a permissão de reuniões em casa para um máximo de dez pessoas, de 50 anteriormente, e disse que álcool pode ser servido apenas a quem estiver sentado.
O surto de novos casos significa que viagens entre Austrália e Nova Zelândia serão adiadas indefinidamente, afirmou a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, porque o critério para viagem sem necessidade de quarentena exigia que os locais não tivessem transmissão entre a comunidade por 28 dias.
“Isso demorará muito tempo para a Austrália, então ficará em banho-maria por um tempo”, disse à emissora neozelandesa Three.
Os dois países esperavam que viagens entre eles pudessem retornar em setembro.