Por Geovani Berno
Publicada em 10/09/2020 às 14h19
Acredito que todos nós temos nossos rituais. Ao acordar, sair de casa, chegar no trabalho, sair.... talvez muitos deles os façamos sem nem perceber.
Particularmente eu acordo, coloco a água do café para ferver e costumo sair para o pátio da casa admirar o jardim e o dia que nasce e fazer as primeiras preces de agradecimento por mais um dia que inicia.
Mas ultimamente este meu hábito prazeroso está me provocando sentimentos ruins, tanto que parei de fazer. E explico com uma pergunta. Já tentaram ver o nascer do sol nestes últimos dias? Não me refiro ao pôr do sol, mas ao nascer.
Não se consegue. Hoje ao olhar pela janela do banheiro na hora do banho matinal mal e mal se via uma bola vermelha no horizonte. Ou seja, a fumaça tomou conta de nossa paisagem, de nossa vida, das nossas casas tornando nossa vida cinza e nossos dias sem brilho.
No teatro usamos a fumaça (através de uma máquina onde usamos glicerina líquida) para “desenhar” a luz no palco. Basta olhar nas ruas, lá no skate parque (me refiro a cidade de Porto Velho onde moro) e ver a luz desenhada pela fumaça. Realmente são tempos muito difíceis estes.
Cheguei a brincar (mas usando de muita ironia) com amigos dizendo que esta fumaça vem da França, da Alemanha, pois no Brasil é proibida a queimada.
Meu Deus, meu povo! Não conseguimos fiscalizar nem nossas imensas fronteiras, nem ao menos os supermercados que remarcam preços absurdos e vamos querer controlar as queimadas neste gigantesco território amazônico e no cerrado brasileiro?
Infelizmente, e lamento muito por isso, iremos continuar a sofrer com queimadas e com sua inevitável fumaça enquanto não houver a consciência humana de que é necessário manter nossa floresta em pé. Mas enquanto a ganância humana predominar, enquanto o ganho individual for mais importante que a coletividade continuaremos todos neste sofrimento.
Nem vou aqui me delongar em números de focos de queimadas, aumento de doenças respiratórias pois todos sabemos disso. Quero apenas ter meu céu sempre azul, poder voltar a agradecer a Deus todas as manhãs sentindo o sol no rosto. Enfim, preciso me sentir humano. Vivo, neste grande bioma chamado AMA ZÔNIA.
Que venham logo as chuvas para nos abençoar e trazer de volta à vida e limpar nossos horizontes. E, claro, deixar nossos jardins mais verdes e meus rituais matinais mais prazerosos.