Por Ana Kézia Gomes/G1 RO
Publicada em 08/09/2020 às 13h15
Rondônia teve um aumento de 29% nas áreas de desmatamento no primeiro semestre de 2020, se comparado ao mesmo período de 2019. É o que aponta um estudo do Laboratório de Geografia e Cartografia (LABCART), da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
A análise tem como base dados do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Foi contabilizado que de janeiro a julho do ano passado, Rondônia perdeu 31.993,681 hectares de floresta, sendo que 38,5% desse total foi em maio.
Já no mesmo período de 2020, foram registrados danos em 41.258,206 hectares e o mês com maior quantidade de desmate foi abril, representando 28,6% do valor total.
Nos dois anos, Porto Velho foi a cidade que mais desmatou no estado. Segundo a pesquisa, o ranking comparativo dos municípios que mais desmataram indica a "manutenção" das infrações no meio ambiente — pois acontecem mudanças nas posições, mas várias cidades permanecem encabeçando a lista, como: Candeias do Jamari, Nova Mamoré e Cujubim.
Os 10 municípios que mais desmataram no 1º semestre de 2019
Índice em hectares
10.217,610.217,62.644,92.644,92.481,12.481,12.011,52.011,51.852,61.852,61.481,51.481,51.280,41.280,4990,7990,7866,1866,1856,2856,2Porto VelhoNova MamoréCandeias do JamariCujubimVilhenaSeringueirasCosta MarquesPimenta BuenoParecisSão Francisco do Guaporé010k2,5k5k7,5k12,5k
Candeias do Jamari
2.481,1
Fonte: LABCART
Os 10 municípios que mais desmataram no 1º semestre de 2020
Índice em hectares
14.550,114.550,14.749,64.749,64.3834.3831.943,61.943,61.341,51.341,51.266,11.266,11.147,81.147,81.036,71.036,71.019,51.019,5938,9938,9Porto VelhoCandeias do JamariCujubimNova MamoréAlta Floresta D'OesteMachadinho D'OestePimenta BuenoCosta MarquesItapuã do OesteBuritis05k10k15k20k
Fonte: LABCART
No contexto da pandemia
Para os pesquisadores, um dos fatores responsável pelo aumento do índice de desmatamento é a pandemia da Covid-19.
Consulte mortes e casos em sua cidade
"Visto que as atenções estavam focadas em "conter", "combater" e "controlar" o avanço do vírus no Brasil, madeireiros, grileiros e outros (no qual denominamos de infratores), viram a oportunidade de avançar a degradação das florestas e do meio natural, com vendas de madeira ilegal, queimadas, derrubadas e etc. Todo esse aspecto conjuntural, contribui para este aumento", consta na pesquisa.
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O início do desmatamento em Rondônia
O estudo da Unir cita ainda que o processo de desmatamento no estado está intimamente atrelado ao processo de ocupação, a contar da construção da BR-364 e implantação dos projetos de assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) próximo das décadas de 1970 e 1980.
O aumento populacional devido os movimentos migratórios possibilitou a expansão da fronteira agrícola e, consequentemente, tornou-se responsável pela substituição da floresta pela: agricultura, derrubada de madeira, construção de estradas e pastagens, conforme analisado pelos pesquisadores.
A cobertura florestal retirada gera graves desequilíbrios para o meio ambiente, como a perda da biodiversidade e aumento da emissão de gases poluentes na atmosfera.