Por Sara Cicera/Secom
Publicada em 25/09/2020 às 12h40
O maior evento on-line do agronegócio da Amazônia, o Agrolab, reuniu na quarta-feira (23) todos os secretários de estado da agricultura da região Norte para participação do Fórum dos Secretários da Agricultura da Amazônia Legal, onde debateram várias propostas voltadas ao desenvolvimento do agronegócio. O Festival do Tambaqui da Amazônia também fez parte da pauta do Fórum. Em 2019, o Governo de Rondônia e parceiros levaram o festival para Brasília, onde foram assadas mais de quatro mil bandas do pescado, totalizando seis toneladas distribuídas à população brasiliense.
Cada secretário estadual teve a oportunidade de comentar sobre os temas da pauta e destacar as dificuldades e avanços de seus respectivos estados. Estiveram presentes na reunião os secretários dos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Minas Gerais, Goiás e Tocantins, além da participação do Sebrae Rondônia. O secretário de Estado da Agricultura de Rondônia (Seagri), Evandro Padovani, participante e mediador do fórum, ressaltou que essa união entre os estados deve acontecer para fortalecer o agronegócio na Amazônia. “Nós precisamos juntar forças e trabalhar em um projeto de integração regional para fortalecer as atividades do agronegócio que envolvem a região Norte”, ressaltou.
Sobre o Festival do Tambaqui da Amazônia, Padovani explicou que o intuito é incluir todos os estados da região Norte à participação dos próximos anos. “O grande desafio é fazer a conjugação de esforços para alavancar a produção pesqueira do tambaqui na macrorregião e tornar o festival não apenas nacional, mas internacional. No festival, também será uma grande oportunidade de apresentar outros produtos produzidos na Amazônia”, completou.
Neste ano, por causa da pandemia, não foi realizado o festival em Brasília. Mas o resultado de 2019 foi positivo, pois trouxe um aumento de 300% na procura pelo produto em cativeiro no Estado, gerando grande crescimento ao mercado interno e externo.
Durante o fórum, os secretários também discutiram os seguintes temas: Regularização fundiária na Amazônia; Desenvolvimento Sustentável do Agro na Amazônia (Política do Governo Federal); Queimadas na Amazônia, entre outros.
Dentro do tema de sustentabilidade, a secretária de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Ana Valentino, destacou a importância de conscientizar os proprietários a esquecer os cortes rasos para o desenvolvimento sustentável do agronegócio na Amazônia. “Os povos da Amazônia Legal podem ganhar muito mais com a floresta em pé do que com o desmatamento raso, podendo gerar mais renda aos povos da região”, disse.
O secretário de Agricultura do Amazonas, Petrúcio Magalhães, ressaltou a importância da pecuária sustentável, setor que precisa de desenvolvimento para melhoria da produção e da qualidade de vida. “O Estado do Amazonas tem 70% de sua população em estado de miséria, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse povo precisa ser atendido e ouvido para busca de alternativas sustentáveis que gerem renda”, revelou.
A regularização fundiária na Amazônia foi um dos assuntos mais questionados. Cada Estado pôde apresentar suas dificuldades e um dos pontos mais questionados foi a grande necessidade de documentar as propriedades rurais de todos os estados da região Norte. Em Rondônia, das 140 mil propriedades rurais, aproximadamente 90 mil não tem regularização fundiária, o título definitivo. “Essa realidade traz insegurança jurídica, conflito no campo, mortes e falta de acesso a crédito. Precisamos nos unir para proteger e manter as florestas em pé, dar dignidade ao povo amazônico, subsistência às famílias, dar a regularização fundiária, acesso ao crédito e assistência técnica de qualidade”, esclareceu Padovani.
O foco principal é fortalecer o agronegócio na Amazônia
O secretário Petrúcio Magalhães afirmou que a situação de regularização fundiária do Amazonas é parecida com a de Rondônia, porém, disse que estão “trabalhando para regularização de oito mil estabelecimentos no sul do Estado”. O Estado do Acre também passa pelas mesmas situações. “52% de ocupação de terra do Acre é de produtores da agricultura familiar e sem regularização fundiária não tem como desenvolver. É preciso priorizar o tema em toda a Amazônia”, expôs o secretário de Agricultura do Acre, Edivan de Azevedo. Todos os representantes também discutiram a importância de termo de cooperação técnica junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para fortalecer a equipe e auxiliar nos processos de regularização.
Todos os anos as queimadas na Amazônia é tema polêmico e de muita discussão. No fórum, os secretários discutiram ações de controle do fogo, assistência técnica, maquinário, limpeza nas rodovias e criação de calendário de queimadas também foram algumas das propostas apresentadas para combater o fogo na região Norte. O objetivo é mudar o foco para a Amazônia ser vista como produtiva sustentável e não como destruidora do bioma.
No final do Fórum, os secretários decidiram elaborar uma carta com algumas demandas da Amazônia, no qual será entregue ao Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pedindo apoio na soluções dos problemas apresentados.