Por Governo de Rondônia
Publicada em 08/09/2020 às 09h31
No dia 1º de setembro enalteci os valores pátrios, falei da vontade que tenho em voltar a ver nossas escolas ensinando civismo e demonstrando aos seus alunos que o amor ao Brasil é igual ao amor de mãe. É um amor que não mais de pode adiar, não se pode prescindir, porque é um amor com A maiúsculo.
Hoje, Dia da Pátria, é mais do que nunca, Dia de Gratidão.
Quero manifestar a gratidão deste Governo à multidão de anônimos que integram os nossos postos, clínicas e hospitais; e também aos bravos soldados de nossas Forças Armadas, que até sangue doaram durante a fase aguda do contágio dessa doença.
Em 1903, o ilustre Ruy Barbosa disse que a Pátria é a família amplificada, é a família, divinamente constituída. Tem por elementos orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o sacrifício.
Multiplicai a família e tereis Pátria, dizia Ruy, um brasileiro notável.
Ele disse mais: que os que servem à Pátria não se acovardam, mas resistem, esforçam, pacificam, discutem, praticam a justiça, a admiração e o entusiasmo.
Neste momento em que tenho a elevada honra de abrir solenemente a Semana da Pátria vejo que, neste Governo de Rondônia, muitos envergaram a bandeira dos que praticam o entusiasmo e a boa fé.
De março até agora, não faltou entusiasmo entre os integrantes de tão nobres equipes da saúde pública. Os informes diários a respeito dos recuperados da Covid-19 confirmam o que estou dizendo.
Profissionais médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e auxiliares diversos, especialmente os de limpeza, os motoristas de ambulâncias, abraçaram a dor dos doentes em Rondônia, como se abraçassem a dor comum de um ente da própria família.
E foi essa prática de justiça, a dedicação, a perseverança e o entusiasmo que resultaram na salvação de milhares de vidas.
Isso pode – e deve – muito bem ser chamado de amor à Pátria.
Esses servidores da saúde deram o máximo de si, muitas vezes deixaram de dormir ou de descansar, para que a nossa estatística não nos entristecesse ainda mais.
Eles amaram Rondônia e à Pátria Brasileira durante cinco meses, derramando lágrimas de sentimento pela perda de algum colega de trabalho, de parentes ou de conhecidos.
Na linha de frente, eles agiram assim, se doando da melhor forma possível em prol do semelhante, deixando muitas vezes a própria família em isolamento social, para salvar nas UTIs hospitalares pacientes da Capital e também aqueles vindos das mais diferentes regiões do estado.
Salvaram também pessoas vindas do Acre, do Amazonas e de Mato Grosso.
Nestes tempos difíceis, mas de irmandade, eles foram os primeiros a serem expostos, porque estão vocacionados a atuar nas fronteiras, lá onde a vida está ameaçada e os rostos humanos expressam medo e dor.
É diante desse olhar sofrido do outro que ouvem o apelo mais profundo da humanidade, na sua hora mais verdadeira porque mais frágil.
É ali, na sua vulnerabilidade, que essas pessoas vivenciam aquilo que Emanuel Lévinas definiu como a epifania do rosto: “a verdadeira essência do homem apresenta-se no rosto” e é por meio dessa manifestação que recordamos as nossas obrigações diante dos outros.
É diante do enigma ético do rosto de seus pacientes, isolados e sozinhos em um leito, que tais profissionais realizam a sua vocação para o cuidado.
Cuidar é responsabilizar-se pelos outros, cumprindo a faculdade, a disposição e a preocupação com o outro, desse ofício apurado nas casas da dor e nos fundos do silêncio, lá onde há choro e ranger de dentes, e onde poucos de nós gostaríamos ou teríamos coragem de estar.
Por isso, as ciências da saúde, dão oportunidade para o exercício da responsabilidade: na manifestação do rosto, somos responsáveis por outrem sem esperar a recíproca, ainda que isso viesse a custar a vida.
No dicionário da ética, o nome disso é bondade.
A bondade é de Deus.
A esses servidores da saúde e militares dedicados ao combate à Covid-19, nossa eterna gratidão, hoje e sempre.
CORONEL MARCOS ROCHA
Governador do Estado de Rondônia