Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 08/09/2020 às 09h46
"Acreditamos que não vai acontecer nada em 20 de setembro, exceto a continuação de uma coerção ilegítima e fracassada (dos EUA contra o Irão) e, por isso, um maior isolamento dos próprios Estados Unidos", afirmou o porta-voz, em conferência de imprensa hoje realizada.
Segundo Rabií, a pressão que Washington fez no Conselho de Segurança das Nações Unidas para serem restabelecidas as sanções internacionais "não tem base legal" e é "um esforço totalmente inútil, ridículo e ineficaz".
O porta-voz do Governo iraniano defendeu que não é só o seu país que tem essa perceção [de ilegalidade por parte dos EUA] e garantiu que os restantes membros do Conselho de Segurança também consideraram ilegítima a posição opinião norte-americana.
Washington lançou um procedimento perante a ONU para restabelecer as sanções internacionais contra Teerão, suspensas quando foi assinado o acordo nuclear de 2015, argumentando que o Governo iraniano violou as suas obrigações relativas ao acordo.
No entanto, a maioria dos países com assento no Conselho de Segurança - incluindo os que têm direito de veto - alegou que os Estados Unidos não tinham o direito de usar esse mecanismo, já que abandonaram o pacto em 2018.
Apesar disso, os EUA consideram que as sanções voltarão a ser impostas no dia 20 de setembro, já que a cláusula ativada permite o seu restabelecimento automático caso o Conselho de Segurança não aprove, no prazo de 30 dias, uma resolução que mantenha a suspensão das medidas de pressão.
"Não vemos nenhum sinal do mundo de que está alinhado com os Estados Unidos e os membros do Conselho de Segurança disseram publicamente que os EUA não têm o direito de restabelecer as sanções", acrescentou o porta-voz do Governo iraniano.
Sublinhando que a rejeição da ação de Washington é "unânime", Rabií adiantou que o Irão "continuará a ter relações de respeito e boa vontade com todos os países e organizações internacionais face a esta ameaça sem precedentes".
O acordo nuclear, assinado em 2015 entre o Irão e seis grandes potências -- EUA, China, Rússia, Alemanha, França e Reino Unido - para limitar o programa nuclear iraniano em troca do levantamento de algumas das sanções internacionais, foi abandonado unilateralmente pelos Estados Unidos em 2018.
Em resposta à decisão norte-americana e ao fracasso dos outros signatários em oporem-se a sanções unilaterais dos Estados Unidos, o Irão foi gradualmente deixando de cumprir o acordo, incluindo o limite que tinha ao enriquecimento de urânio.