Por Notícia ao Minuto - Portugal
Publicada em 04/09/2020 às 15h49
"Opovo bielorrusso necessita da ajuda das Nações Unidas" defendeu Tikhanovskaya numa intervenção por videoconferência durante uma reunião informal do Conselho de Segurança (CS) impulsionada pela Estónia.
A opositora, exilada na Lituânia, pediu à comunidade internacional o uso de "todos os mecanismos para deter a violência, incluindo sanções aos indivíduos que cometeram violações eleitorais e crimes contra a humanidade".
Em simultâneo, apelou à ONU para "condenar o uso excessivo da força" contra os manifestantes por parte das forças de segurança e convocar uma sessão especial do Conselho de direitos humanos para discutir a crise no país na sequência das eleições presidenciais de 09 de agosto, que a oposição considera fraudulentas.
Os protestos antigovernamentais eclodiram na capital Minsk e várias cidades do país na sequência da divulgação dos resultados oficiais e que garantiram ao Presidente Alexandre Lukashenko um sexto mandato com 80% dos votos.
Lukashenko, que há 26 anos lidera em estilo autoritário a ex-república soviética de 9,5 milhões de habitantes, tem acusado os manifestantes de serem "marionetas" do ocidente.
Nos primeiros dias de protestos, a polícia deteve cerca de 7.000 pessoas e reprimiu centenas de forma musculada, suscitando protestos internacionais e ameaça de sanções.
Tikhanovskaya, 37 anos, também solicitou o envio imediato de observadores internacionais para que documentem a situação no terreno.
"Quero deixar muito claro. A colaboração com o regime do senhor Lukashenko neste momento significa apoio à violência e à violação descarada dos direitos humanos", insistiu.
Em simultâneo, a antiga professora de inglês e candidata da oposição unificada, mas com reduzida experiência política, assegurou que a sua corrente está disposta a iniciar um diálogo com todas as partes e países que respeitem a soberania e a integridade territorial da Bielorrússia.
A situação do país não está incluída na agenda oficial do CS, mas foi hoje abordada em formato informal, uma decisão muito criticada pela Rússia.
O embaixador adjunto da Rússia na ONU, Dmitri Polyanskiy, assegurou que ninguém nega que algumas das intervenções policiais contra os manifestantes na Bielorrússia tenham sido inapropriadas, mas sublinhou que a situação está a ser investigada e que ações deste género também ocorrem em numerosos países, sem que tal implique uma ameaça para a paz e segurança internacionais.
Nesse sentido, Polyanskiy questionou se as potências ocidentais estariam dispostas a que o CS discutisse as mobilizações dos "coletes amarelos" em França ou do movimento "Black Lives Matter" nos Estados Unidos, que também registaram choques violentos entre forças policiais e manifestantes.
O diplomata russo definiu a atual situação na Bielorrússia como uma "interferência descarada de poderes estrangeiros" com o objetivo de uma "alteração de regime".
Na reunião participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros de diversos países do leste e norte da Europa, que denunciaram em simultâneo com as potências ocidentais os alegados abusos contra a oposição e manifestantes pelo regime de Lukashenko.
Os EUA, União Europeia e diversos países vizinhos da Bielorrússia rejeitaram a recente vitória eleitoral de Lukashenko e condenaram a repressão policial, e em simultâneo exortaram Minsk a estabelecer um diálogo com a oposição.
A oposição bielorrussa, que nega estar por detrás dos protestos que considera "espontâneos", pede o fim da repressão, a libertação dos presos políticos e apela à comunidade internacional para reconhecer Tikhanovskaya presidente legítima do país.