Por RFI
Publicada em 02/09/2020 às 10h19
O papa Francisco dedicou uma longa mensagem ao Líbano nesta quarta-feira (2), país que, segundo o pontífice, enfrenta um "perigo extremo" e não pode ser "abandonado à própria sorte".
Em sua primeira audiência geral ao ar livre e com público desde o início da pandemia de coronavírus, o papa pediu aos fiéis do mundo inteiro que participassem de uma "jornada universal de jejum e oração pelo Líbano na próxima sexta-feira (4)", quando completará um mês das explosões no porto de Beirute, que devastaram a capital do país, matando 188 pessoas.
"Um mês depois da tragédia que castigou a cidade de Beirute, penso de novo no querido Líbano e em sua população particularmente colocada à prova", disse o papa, que segurava uma bandeira do país, entregue durante a audiência por um jovem padre maronita. "Diante dos dramas repetidos que os habitantes desta terra vivem, temos consciência do extremo perigo que ameaça a própria existência do país”, disse o pontífice.
O papa Francisco enviará ao Líbano o seu braço direito e secretário de Estado, o cardeal Pietro Parolin. "Durante 100 anos, o Líbano foi um país de esperança. Nos períodos mais sombrios de sua história, os libaneses mantiveram a sua fé em Deus e demonstraram a capacidade de fazer de sua terra um lugar de tolerância, respeito e coabitação único na região", elogiou Francisco.
"O Líbano, hoje, é mais que um Estado, é uma mensagem de liberdade e um exemplo de pluralismo tanto para o Oriente como para o Ocidente. E pelo bem do país, mas também do mundo, não podemos nos permitir perder este patrimônio", completou.
Apelo aos políticos
O papa ainda fez um apelo aos políticos libaneses e aos líderes do país para que se envolvam "com sinceridade e transparência na reconstrução, deixando de lado os interesses partidários e tendo em mente o bem comum e o futuro da nação".
Em uma mensagem à população do Líbano, Francisco afirmou: "recuperem a coragem, irmãos, não abandonem vossas casas e vossa herança".
Por fim, o papa pediu aos sacerdotes e religiosos libaneses que sejam atores de uma verdadeira "cultura do encontro" para poder "garantir a continuidade da presença cristã" e sua "contribuição inestimável ao país, ao mundo árabe e a todos da região, num espírito de fraternidade entre as tradições religiosas existentes no Líbano ”.
Formação de governo em tempo recorde
Sob pressão internacional, o novo primeiro-ministro libanês, Moustapha Adib, está realizando consultas para formar seu governo em tempo recorde. O recém empossado premiê libanês trabalha para cumprir metas estabelecidas durante a visita do presidente francês, Emmanuel Macron, que arrancou dos políticos locais o compromisso de reunir um novo gabinete em 15 dias.
A pressão internacional, particularmente da França, bem como da população libanesa, amplificada pela trágica explosão no porto de Beirute, tornou a necessidade de reformas ainda mais urgentes para tirar o país da turbulência política e de sua pior crise econômica em décadas.