Por AFP
Publicada em 16/09/2020 às 15h01
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, pediu nesta quarta-feira (16) ao Parlamento Europeu uma cooperação mais estreita para superar a pandemia de covid-19, encontrar soluções à questão migratória e adotar medidas ambientais ainda mais ambiciosas.
Em seu primeiro discurso sobre o Estado da União Europeia, Von der Leyen também reforçou que a UE não retrocederá no acordo com o Reino Unido sobre a modalidade em que acontecerá o extraordinariamente complexo divórcio do Brexit.
Von der Leyen - ex-professora de Epidemiologia - fez uma grave advertência sobre o que chamou de "nacionalismo das vacinas" para superar a pandemia de covid-19 e destacou que o mais importante é garantir o acesso às mesmas.
"O nacionalismo das vacinas coloca vidas em perigo; a cooperação na área das vacinas as salvam", disse.
"Nenhum de nós estará seguro até que todos estejamos seguros", completou.
A resposta dos países europeus à pandemia evidenciou a necessidade de uma cooperação mais estreita, já que cada país adotou diferentes fechamentos ou aberturas de fronteiras ou mecanismos de rastreamento de casos.
Por este motivo, ela sugeriu a necessidade de construir uma "União Europeia da Saúde", justamente para alcançar um nível mais elevado de cooperação. Neste sentido, anunciou a intenção de estimular uma nova agência europeia sobre pesquisa biomédica avançada.
Von der Leyen também pediu cooperação para encontrar uma solução à situação dos imigrantes e refugiados, após as dramáticas imagens do incêndio que devastou o campo de Moria, na ilha grega de Lesbos.
"As imagens do campo de Moria nos recordam dolorosamente que a Europa deve atuar unida", disse.
"A migração é um desafio europeu e toda a Europa deve cumprir com sua parte", completou, em uma mensagem direta aos países do bloco, a respeito de um tema que divide profundamente os países europeus.
- Metas ambientais -
No plano geral para recuperar as economias europeias, Von der Leyen colocou a questão ambiental no centro das preocupações.
Ela anunciou que estimulará uma nova meta de redução das emissões de CO2, passando de 40% a pelo menos 55% até 2030, um objetivo que definiu como "ambicioso e factível".
A UE tem um projeto geral para virar o primeiro continente neutro em carbono até 2050 e, apesar de ter admitido que é um desafio enorme, Von der Leyen expressou confiança em alcançar a meta.
"Admito que este aumento de 40% a 55% é muito para alguns e insuficiente para outros", disse von der Leyen, antes de ressaltar que é "um desafio que nossa economia e nossa indústria podem enfrentar".
Neste sentido, 30% do gigantesco plano europeu de recuperação, de 750 bilhões de euros que os Estados membros anunciaram em julho para superar a crise provocada pela pandemia covid-19, será financiado com bônus verdes.
- Advertências a Londres e Ancara -
No âmbito diplomático, Von der Leyen deixou claro que UE não cederá no que já foi negociado com o Reino Unido no Acordo de Retirada do bloco europeu.
O acordo "não pode ser modificado unilateralmente", afirmou, em resposta ao projeto de lei apresentado pelo governo britânico que modifica aspectos dos acordos que envolvem a Irlanda.
"A confiança é a base de qualquer associação", insistiu.
A iniciativa britânica virou um grande obstáculo para as ilusões de uma separação amistosa e reforçou os temores de uma ruptura sem acordos.
A presidente da Comissão Europeia também reconheceu os esforços da Turquia para controlar a crise migratória, mas advertiu o país a que evite as tentativas de intimidar os vizinhos.
"Sim, a Turquia está em uma zona com problemas. E sim, abriga milhões de refugiados, pelo que os apoiamos com um financiamento considerável. Mas nada justifica as tentativas de intimidar os vizinhos", completou.