Por Vinícius Miguel / Assessoria
Publicada em 10/09/2020 às 15h14
Setembro, desde 2015, por meio de uma ação conjunta do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ficou marcado como o mês de campanha de conscientização e prevenção ao Suicídio: a campanha Setembro Amarelo tem como referência de luta a história do jovem Mike Emme, que foi encontrado em 1994 sem vida no seu carro. Mike morreu por suicídio, o que o tornou símbolo desta iniciativa.
É neste mês que se organizam movimentos e discussões sobre saúde mental, em que se aborda abertamente temas como depressão, ansiedade, dentre outros transtornos psicológicos e aspectos sociais que envolvem o suicídio, a ideação e a tentativa. Observa-se que parte da população demonstra receio quanto a essa discussão, seja por achar que seria uma “bobagem”, “frescura” ou por acreditar que o adoecimento mental pode ser uma tristeza leve ou algo passageiro.
Importante ressaltar, e isso deve ser dito, que o tema em questão precisa ser ampliado e discutido, a fim de que essas pessoas possam ser acolhidas e, de fato, sofram influência positiva em sua qualidade de vida. O suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens, e uma das grandes causas de mortalidade entre pessoas com mais de 70 anos. Neste cenário, temos quase um milhão de pessoas morrendo por suicídio no mundo, a cada ano. É como se duas cidades de Porto Velho por ano deixassem de existir, ficando para trás famílias e entes sem estrutura emocional nenhuma pela dor da partida. Contudo, com os devidos cuidados e com a atenção necessária, poderíamos apresentar uma outra realidade, tanto para as pessoas em adoecimento quanto para as famílias (que também adoecem).
Porém, observa-se o pouco preparo ofertado pelo poder público aos/às profissionais de algumas áreas da saúde, principalmente aos profissionais considerados como “porta de entrada” em que se faz necessário acolhimento, atendimento humanizado e empático. Uma política de saúde (mental também, embora não exclusivamente) precisa contemplar a formação continuada de equipes multidisciplinares, conjugando serviços de enfermagem, psicologia e serviço social.
Reconhecer a necessidade de se estabelecer um olhar do ente público, como um programa complexo, que contemple a saúde mental e qualidade de vida dos servidores públicos, com foco naquelas áreas submetidas a uma maior sobrecarga, é essencial para assegurar o cuidado com os cuidadores/as. No âmbito educacional e da infância e juventude, é urgente que seja implementada nos municípios a legislação que determina a presença de profissionais da psicologia nas escolas, identificando de forma mais célere agravos na saúde mental de nossas crianças. Devemos, também, ampliar esse universo de forma a comtemplar os servidores da área de segurança pública que, em grande parte dos casos, são acionados para fazer a primeira intervenção junto à pessoa adoecida.
O Setembro Amarelo (e o dia 10 de setembro) recorda-nos que a saúde mental é coisa muito séria! Nunca estivemos tão conectados às outras pessoas mas, ao mesmo tempo, tão distantes. Isso ficou ainda mais evidente nesses tempos de quarentena, com o distanciamento e isolamento se tornando mais comuns. Nunca nos sentimos tão sós, ou desesperados, ou desamparados.
Se você ou alguém que você conheça tem apresentado comportamentos e/ou ideias suicidas, ou se você sentir que algo não vai bem, converse com essa pessoa e o aconselhe a procurar um Centro de Valorização da Vida (o telefone é 188). Você pode, inclusive, acompanhá-lo até uma Unidade Básica de Saúde, ou a uma unidade do CAPS – ou ligue para o SAMU, a fim de ser orientado. É fundamental a ajuda profissional, da psiquiatria e psicologia. Aqui em Porto Velho contamos, ainda, com a Clínica de Psicologia da UNIR (069-2182-2025) e clínicas escolas em instituições privadas (todas em formatos gratuitos).
Para saber mais: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio
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Vinicius Valentin Raduan Miguel (não é profissional de saúde; o texto não configura qualquer forma de prescrição ou recomendação nessa área).