Por G1
Publicada em 24/09/2020 às 14h40
A comissária da Saúde da União Europeia, Stella Kyriakides, fez um apelo nesta quinta-feira (24) para que os países do bloco reforcem imediatamente as medidas de controle e proteção para frear um novo aumento no número de infecções pelo novo coronavírus.
"Todos os Estados membros devem reforçar as medidas imediatamente e diante do primeiro sinal de potenciais novos focos", afirmou a comissária.
Em várias regiões do bloco "a situação agora é pior que no pico da pandemia, em março, e isto é realmente preocupante", ressaltou.
Para Kyriakides, essa "talvez seja a última chance de evitar a repetição da situação da primavera passada [no hemisfério norte]”.
Na sua análise, a flexibilização das medidas de controle no verão levou a "um aumento no número de casos".
"Não podemos baixar a guarda. Esta crise não foi superada", insistiu.
Kyriakides ainda lembrou que o inverno, que começará em breve na Europa, é o período do ano em que se tem mais doenças respiratórias.
Por isso, ela pediu aos governos que incentivem as pessoas a tomar vacinas contra a gripe sazonal e adotem medidas de distanciamento social.
Diante desse cenário, Kyriakides disse que é "absolutamente necessário enviar uma mensagem clara e forte" a todos os países do bloco.
Situação preocupante em sete países
Nesta quinta, o Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) afirmou que sete países do bloco registraram uma evolução preocupante da doença: Espanha, Romênia, Bulgária, Croácia, Hungria, República Tcheca e Malta.
Esses países mostram uma "proporção mais elevada de casos graves ou de hospitalizações", com uma alta da mortalidade que já foi constatada ou que "pode acontecer em breve".
No total, a Europa superou a marca de cinco milhões de contágios de Covid-19 e a pandemia matou quase 228 mil pessoas no continente.
Novas restrições em vigor
Alguns países já impuseram novas restrições por causa do aumento nos índices de contágio após as férias de verão, que aconteceram em julho e agosto no continente europeu.
Na quarta-feira (23), o governo francês anunciou novas medidas para tentar conter a transmissão da doença. O país foi divido em várias zonas de alerta, com diferentes níveis de restrições para a população. A partir de sábado (26), nas áreas consideradas mais críticas, como Paris, grupos de mais de 10 pessoas serão proibidos nas ruas e os bares fecharão suas portas antes das 22h.
A França registrou 13 mil novos casos nas últimas 24 horas e os hospitais começam a entrar em uma situação preocupante.
Desde segunda-feira (21), mais de 850 mil moradores de Madri, na Espanha, e de sua região metropolitana não podem deixar seus bairros a não ser por motivos essenciais como trabalhar, ir ao médico ou levar filhos à escola por causa da pandemia.
América Latina
Na quarta-feira (23), a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou que a transmissão do novo coronavírus segue muito elevada mesmo em países onde se observa atualmente uma tendência de redução nos casos, como o Brasil e o México. Por isso, o ressurgimento de novos surtos não está descartado.
“Os países da Europa, de novo, estão nos ensinando bem que é possível. Temos que estar preparados [mesmo] nos locais onde a transmissão já está controlada”, afirmou Jarbas Barbosa, subdiretor da Opas.